Nesta quinta-feira a Secretaria Municipal de Saúde apontou que Botucatu já conta com 229 casos de pessoas infectadas pela dengue, sendo 40 casos importados (pacientes que adquiriram a doença fora de Botucatu) e 189 autóctones pacientes que adquiriram a doença na cidade).
São 78 casos a mais em relação ao último boletim emitido no último dia 18, ou seja, período de uma semana. Ainda são aguardados os exames laboratoriais de outros 186 casos suspeitos e o número de infectados poderá ultrapassar aos 400 casos. As regiões Leste e Norte continuam a liderar o número de casos identificados.
Segundo Rodrigo Iais da Silva, diretor de Departamento em Planejamento em Serviços de Saúde, nesta semana ruas do entorno do Ginásio Municipal e do bairro Jardim Peabiru receberam ações de nebulização (aplicação de inseticida). Mas ele lembra que o bloqueio de avanço da doença depende da união de esforços.
“Em nossas atividades ainda estamos enfrentando muita recusa dos moradores e encontrando muitos imóveis fechados. Mas percebemos que o principal problema persiste, ou seja, o alto número de criadouros do mosquito da dengue. Um de nossos agentes chegou a encontrar larva dentro de um violão exposto à chuva numa residência. Isso mostra que muitos ainda acham que o problema está no vizinho ou que deve ser combatido apenas pelo Poder Público, sendo que todos devem estar atentos à sua própria casa”, argumenta.
Água parada
A preocupação com o avanço da dengue é relevante visto não apenas o atual período de chuvas, mas também pelo número elevado de materiais que acumulam água e continuam a ser encontrados pelos agentes de saúde pública em residências e terrenos baldios do Município.
Pratos e vasos de plantas, calhas e ralos entupidos, bebedouros para animais de estimação, piscinas, bromélias ou qualquer objeto exposto à chuva e que acumule o mínimo de água pode ser um potencial criadouro. Até uma simples casca de ovo ou uma imperfeição no piso pode ser um canal para a proliferação do mosquito.
A Avaliação de Densidade Larvária (ADL) realizada em janeiro deste ano apontava índice de 5,5. Isso representa que a cada 100 imóveis pesquisados na Cidade, uma média de cinco a seis imóveis tem focos com larvas do mosquito transmissor da dengue. O preconizado como satisfatório pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 1. Ou seja, o risco de surto de dengue é real.
Nas últimas semanas, a Secretaria Municipal da Saúde tem articulado reuniões com outras secretarias do Poder Público e entidades parceiras para pontuar estratégias de combate ao avanço da doença no Município. Entre as ações estão a realização de um “Dia D” de combate à dengue, formação de um comitê gestor, distribuição de novos materiais de campanha, a abertura de um espaço de hidratação para tratamento e acompanhamento dos pacientes infectados com o vírus, além da abertura de processo seletivo para a contratação de mais 20 agentes de saúde ambiental.
Para se ter ideia, um ovo de um mosquito da dengue consegue ficar mais de um ano grudado em um recipiente. Se essa superfície não for lavada adequadamente, com água e sabão, uma simples chuva pode fazer o ovo eclodir e surgir novos insetos em menos de dez dias. O Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas.
Sintomas da dengue
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda que pode ter manifestações assintomáticas até quadros graves e fatais. Ela é causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), ocorrendo principalmente nos países tropicais, onde as condições são favoráveis à proliferação do seu vetor: o Aedes aegypti.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos: Denv 1, Denv 2, Denv 3 e Denv 4. Estes quatro sorotipos já circulam no Brasil. Desde 1990, quando se estabeleceu a transmissão de dengue no Estado de São Paulo, o padrão epidemiológico da doença tem apresentado períodos de baixa transmissão intercalada com a ocorrência de epidemias, estas geralmente associadas à introdução de novo sorotipo ou à alteração do sorotipo predominante.
Muitos também costumam confundir sintomas da dengue com as de gripes e resfriados. No caso das doenças respiratórias, febre e dores de cabeça e muscular costumam ser de baixa e média intensidade, além de virem acompanhadas por dor de garganta, tosse, secreção nasal e espirros, o que não ocorre na dengue.
Os sintomas característicos da dengue são: febre alta [acima de 38°C], dores intensas de cabeça, no fundo dos olhos, e por todo corpo, onde também podem aparecer manchas vermelhas. Ao identificar esses sinais clássicos de dengue, a pessoa deve procurar atendimento médico imediatamente e ficar em repouso permanente de 10 a 15 dias. Neste período, a Secretaria Municipal da Saúde, através da VAS, iniciará todas as atividades necessárias para evitar a transmissão da doença no Município.
Combate ao mosquito
– Manter a caixa d’água sempre fechada e vedada adequadamente
– Limpar periodicamente as calhas da casa
– Não deixar acumular água sobre lajes, imperfeições do piso e recipientes
– Lavar, com escova e sabão, a parte interna e borda de recipientes que possam acumular água (ex: bebedouros de animais)
– Não expor recipientes à chuva, deixando eles sempre em lugares cobertos e de cabeça para baixo
– Jogar desinfetante, detergente ou sabão em pó em ralos pouco utilizados
– Não deixar acumular água nos pratos dos vasos de plantas
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