Dois acidentes graves com animais peçonhentos foram registrados nos últimos dias em Botucatu. Um na zona rural e outro dentro da cidade. Na noite desta segunda-feira, 26, por volta das 22h30m, uma jovem de 20 anos caminhava no gramado de uma casa rural, nas proximidades do pedágio de Botucatu, às margens da rodovia Marechal Rondon, quando sentiu um ardor no pé direito e percebeu uma cobra, fugindo e se escondendo em um buraco perto da casa.
O namorado da vítima conseguiu capturar a serpente. Tratava-se de uma jararaca, considerada uma das mais venenosas cobras do Brasil. “Como o namorado da paciente fotografou o animal, facilitou o atendimento, já que pudemos identificar a espécie e aplicar o soro correto”, disse o médico Alexandre Naime Barbosa, infectologista que realizou o atendimento no Hospital das Clínicas de Botucatu.
“Ela chegou para ser atendida 40 minutos depois da picada, se queixando de dores muito fortes no pé e dormência, mas em um quadro estável, sem nenhuma alteração neurológica. A paciente recebeu o soro específico, que é o antídoto do veneno e permaneceu em observação, mas deve ter alta rapidamente”, explicou o médico.
Aranha Marrom
Já na última sexta-feira, dia 23, o acidente foi com uma aranha-marrom, na região da Avenida Deputado Dante Delmanto. Esse tipo de aranha é bem comum em áreas urbanas. Como é um bicho muito pequeno, a vítima, uma jovem de 21 anos, não percebeu que havia sido picada. Horas mais tarde, o braço esquerdo começou a apresentar manchas e uma lesão bem no meio da parte vermelha.
“Nesse caso a paciente chegou se queixando de dor e formigamento. Durante a manhã, ela notou essa mancha central, além de sudorese, náuseas, boca seca e urina amarronzada”, disse Dr. Alexandre. “Como a picada da aranha-marrom é indolor, a vítima só vai perceber mais tarde mesmo”.
A jovem recebeu o soro específico para este tipo de picada. As manchas desapareceram a os sintomas melhoraram. Ela já teve alta do hospital.
Calor aumenta em 80% incidência de animais peçonhentos
O especialista alerta que com o calor, o metabolismo de animais, como répteis e insetos, aumenta e eles saem mais dos seus esconderijos à procura de alimento e para reprodução. Serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas e outros animais peçonhentos seguem esse padrão.
Além disso, o comportamento das pessoas também muda. “Com o calor, mais pessoas vão às regiões rurais, silvestres ou à áreas verdes à procura de lazer. Isso coloca o ser humano e os animais peçonhentos no mesmo cenário. As férias escolares são no verão, e mais pessoas então saem à procura de lazer. Por fim, cada vez mais a especulação imobiliária e da agricultura invade áreas naturais onde esses animais vivem e as pessoas ficam expostas a eles”, detalhou o médico.
O que fazer?
Em caso de acidentes, a pessoa deve ser encaminhada o mais rápido possível para o hospital. Durante o socorro, ela deve se mover o mínimo possível. O local da picada deve ser lavado apenas com água e sabão.
“Nunca colocar outras substâncias como urina, cachaça, borra de café, em nenhum tipo de acidente por animal peçonhento, pois esta prática pode ocasionar complicações como infecção. O torniquete (amarrar algo no membro para evitar a circulação do veneno) é proibido, porque na verdade aumenta a concentração do veneno no local, e piora a lesão. Chupar o local da picada para retirar o veneno também não deve ser feito, porque aumenta o risco de infecção e é técnica não tem efeito algum”, alerta Naime Barbosa.
Todo cuidado é pouco
O cuidado é necessário com locais próximos à vegetação e entulhos onde é possível encontrar diferentes espécies de animais peçonhentos, e esses bichos atacam quando se sentem ameaçados. Por isso, proteja-se ao trabalhar ou passear no habitat natural desses animais. Use um calçado que cubra bem os pés, os tornozelos e a parte inferior das pernas.
Ao adentrar em matas ou plantações, seja a trabalho ou lazer, carregue um galho ou uma vareta para fazer movimentos no mato antes de seguir em frente. Dependendo da atividade, use luvas de couro. Se não estiver com a proteção adequada, evite pegar galhos no chão, colocar a mão em buracos e mexer em pilhas de madeira e troncos apodrecidos, pois esses bichos podem estar escondidos nesses locais.
Apesar da maior prevalência em ambientes rurais, os acidentes com serpentes podem acontecer também em área urbana. Fazendo a limpeza de um terreno baldio, por exemplo, a pessoa pode encontrar uma serpente, por isso é importante se vestir adequadamente ao realizar esse tipo de trabalho.
Nas áreas de maior prevalência de escorpiões, a orientação é manter o quintal limpo, evitar entulhos, lacrar caixas de gordura e bueiros. Dentro de casa também é importante ficar alerta. Bata a roupa de cama antes de deitar, afaste camas e berços da parede, bata os calçados antes de usá-los e não coloque as mãos em locais escuros ou com pouca visibilidade.
Acidentes com escorpiões na cidade são mais frequentes por causa da concentração de pessoas e, consequentemente, da maior produção e armazenamento de lixo em locais inadequados. É que entulho e lixo acumulado servem de esconderijo para os escorpiões, além de atraírem baratas e outros insetos, que são alimento para esses animais.
Acontece Botucatu
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