Cerca de 1.600 peças, entre artefatos em pedra e fragmentos cerâmicos, foram encontradas durante estudo para loteamento
Um sítio arqueológico foi descoberto na região do rio do Engenho, afluente do rio Lençóis, em Lençóis Paulista (43 quilômetros de Bauru), durante os estudo para implantação de um novo loteamento residencial na cidade. No total, foram encontradas aproximadamente 1.600 peças, entre artefatos em pedra e fragmentos cerâmicos, vestígios de povos antigos que viveram na região e se estabeleceram em aldeias por longo período. O material foi enviado a um laboratório para análise mais aprofundada.
Segundo Ana Cristina Chagas dos Anjos, educadora responsável pelo Programa Integrado de Educação Patrimonial do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA), desenvolvido pela empresa de consultoria “A Lasca Arqueologia”, em uma primeira análise, as características das peças e sua disposição no solo permitem afirmar que a população que se estabeleceu nessa encosta de rio era horticultora-ceramista e confeccionava potes cerâmicos para conter água e alimentos.
Ela aponta que os antigos moradores viviam da agricultura, coleta de raízes, frutos e mel e produziam ferramentas em pedra, como raspadores, furadores, lâminas de machado, e pontas de flechas e de lanças, para caça e pesca, entre outras funções. Uma análise laboratorial vai ajudar a determinar a idade desses artefatos, mas ela estima que a ocupação seja anterior à chegada dos europeus ao continente (povos pré-coloniais).
De acordo com a Prefeitura de Lençóis Paulista, a gestão do patrimônio arqueológico é uma das exigências para licenças requeridas para empreendimentos imobiliários. Os artefatos, agora, passam a integrar o Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA), de acordo com instrução normativa e portaria autorizativa dos estudos arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Ações
O PGPA prevê também a execução de ações educativas e culturais sobre seus resultados e sobre o patrimônio cultural em geral, em parceria com os protagonistas e atores socioculturais locais: escolas públicas, instituições culturais e sociais e aparelhos públicos da região.
Por meio do Programa, também foi disponibilizada uma mostra virtual com os achados e o processo de trabalho dos arqueólogos que pode ser visitada pelo link: http://arqueologiabrasil.net. Posteriormente, uma coleção de referência pode ser viabilizada permanentemente no município para visitação.
“Iremos solicitar uma mostra no município, pois essas evidências palpáveis de antigos povoados mudam a percepção sobre as origens de Lençóis Paulista no que tange à ocupação do solo. Oportunamente, além dos nossos cidadãos, vamos levar os nossos alunos a essa exposição que jogará luz sobre a nossa própria história”, ressalta o prefeito Anderson Prado (DEM).
Quando um artefato é encontrado, são desenhadas quadras arqueológicas (unidades de escavação), pois é possível que existam mais vestígios próximos daquele artefato. A área analisada em Lençóis Paulista tem aproximadamente 20 hectares. Além das quadras arqueológicas, os arqueólogos também utilizam como método a abertura de trincheiras.
Com o uso de peneiras e ferramentas, como trenas, cavadeiras e enxadas, são realizadas novas buscas. O aprofundamento das quadras e trincheiras permite saber não só como as peças estão distribuídas no solo, como reconstituir aspectos de ocupação desses antigos povos. Em Lençóis, como trata-se de sítio de pouca profundidade, os artefatos foram resgatados para análise e a obra poderá seguir normalmente.
Fonte: JCNet
Compartilhe esta notícia