Em razão da superlotação os presos da Cadeia Pública de São Manuel, que fica em região central da cidade, tentaram mais uma tentativa de fuga na tarde desta terça-feira. Esta foi a segunda tentativa de fuga naquela cadeia em menos de uma semana. Na tarde desta terça-feira, 30 homens reclusos em uma das celas (X-1) foram impedidos pelos policiais de escapar por um buraco que estavam abrindo na laje do banheiro. O motivo da tentativa é a mesma: superlotação. A cadeia que tem capacidade para abrigar 40 detentos estava com 207 homens, distribuídos em seis celas.
A movimentação dos presos foi detectada pela carceragem que ouviram um barulho vindo da cela e acionaram o delegado José Mário Toniato. A cela foi evacuada e os presos remanejados, depois de abrir um buraco de, aproximadamente, 30 centímetros. A ferramenta usada foi um ferro retirado de uma panela.
Segundo averiguação do delegado responsável por aquele presídio, os presos já tinham aberto a segunda camada no concreto, que é uma proteção de metal e alcançaram a terceira camada, também feita de concreto. Se nossa equipe não tivesse ouvido a movimentação dos presos eles, em menos de meia hora, poderiam concluir a abertura do buraco para a fuga, que seria feita ? noite, previu Toniato, alertando que não está descartada a possibilidade de que os presos voltem a tentar a fuga, por problema de superlotação. Cada cela conta com, aproximadamente, 30 presos cada uma, num espaço de apenas 12 metros quadrados.
O agravante é que a Cadeia Pública de São Manuel recebe presos vindos de outras regiões e isso contribui decisivamente para a superlotação. Não bastasse isso, uma das celas é reservada para acolher menores infratores que aguardam vagas para serem transferidos para uma das unidades da Fundação Casa.
De acordo com o delegado seccional de polícia de Botucatu Antonio Soares da Costa Neto, a situação dos presos só será minimizada quando a região tiver um Centro de Detenção Provisória (CDP) para acomodar seus detentos. Em Botucatu a situação está mais tranquila em razão da cadeia estar interditada por determinação da juíza corregedora Adriana Toyano Fanton Furukawa e não pode acomodar mais do que 120 presos distribuídos em dez celas, ou seja, 12 detentos por cela, o que já é um número considerável, pois a cadeia foi feita para abrigar apenas seis detentos por cela.
As nossas cadeias já não comportam a demanda de presos. A (cadeia) de Botucatu, como está parcialmente interditada está mantendo uma rotatividade de 120 presos. É um número razoável, mas não o ideal. Sempre defendi e continuo defendendo que somente com a instalação de um CDP poderemos desafogar nossas cadeias, frisou o delegado seccional.
Ele lembra que o CDP construído pelo Estado é modelo e feito para alojar até 700 presos e isso é bem mais do que a demanda da região. Acredito que somente com o CDP o problema da superlotação será sanado. Por isso é necessário que nossas autoridades constituídas venham a debater esse assunto, pois o CDP é necessário. Enquanto isso, os presos vão continuar buscando alternativas para tentar ganhar a liberdade e a polícia tem que estar atentar para impedir, concluiu Soares Neto.
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