Prefeito Rafael Agostini (PSB) informou que abriu uma sindicância para cobrar explicações da Secretaria Municipal da Educação a respeito do caso
Jaú (47 quilômetros de Bauru) foi citada em pelo menos três trechos de interceptações telefônicas da Operação Alba Branca, que apura suposta fraude na compra de alimentos da merenda escolar por prefeituras paulistas. O nome da cidade também aparece em depoimento prestado à Polícia Civil por vendedor de cooperativa apontada como carro-chefe do esquema. O prefeito Rafael Agostini (PSB) instaurou sindicância com pedido de explicações à pasta da Educação.
As gravações ocorreram em dezembro do ano passado e mostram movimentação da quadrilha para ampliar clientes. Num dos trechos, lobista Marcel Ferreira Júlio conta que vai se encontrar com três pessoas “pra passar o assunto de Jaú”. No segundo trecho, ele cita a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e diz que o prefeito de Jaú participou de sessão de posse na Secretaria de Desenvolvimento.
Na terceira conversa, gravada em 29 de dezembro, Marcel afirma que membro do grupo lhe telefonou e “disse que esteve com o cara” e que iriam “acertar o total” em Jaú. “Vão fazer laranja com acerola”. A declaração reforça o depoimento do vendedor da Coaf César Augusto Lopes Bertholino prestado à Polícia Civil em janeiro. No termo de declarações, ele fala que se reuniu com titular da Secretaria de Educação de Jaú.
No encontro, segundo Bertholino, ele teria sugerido à prefeitura que abrisse licitação para a compra de suco de laranja com acerola com objetivo de dificultar a participação de empresa concorrente, que também estaria interessada no certame, mas só forneceria suco de laranja. O vendedor disse ainda que não houve tempo hábil para a publicação do edital e que não sabe qual foi a decisão tomada pelo município de Jaú.
Outro lado
Agostini informou que não recebeu funcionário ou qualquer pessoa ligada à Coaf. “Não conheço e não tenho contato com ninguém ligado a essa empresa e jamais autorizei qualquer pessoa a usar meu nome”, diz. Ele revelou ainda que a prefeitura não tem contrato com a cooperativa e nem edital de licitação aberto para compra de itens da merenda escolar.
O chefe do Executivo informou também que assinou circular interna proibindo o ordenador de despesas do município, que é o secretário de Finanças, de realizar qualquer contratação ou aquisição de produtos relacionados à Coaf. “Determinamos a abertura de procedimento interno para que a Secretaria de Educação se explique a respeito do tema”, declara.
Operação Alba Branca
A operação Alba Branca, deflagrada em 19 de janeiro, apura suposto esquema de pagamento de propinas a prefeitos e servidores públicos – o valor repassado atingia entre 10% e até 20% do contrato. Pelo menos 22 administrações municipais estão sob suspeita.
A Coaf é apontada como carro-chefe da quadrilha, que fraudava merenda escolar a partir da inclusão de produtos agrícolas e suco de laranja superfaturados. O nome da operação é uma referência à trufa cara existente na região de Alba, norte da Itália.
(Fonte: JC Net)
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