Município do interior de São Paulo envia cerca de 150 toneladas de resíduos sólidos urbanos por mês ao aterro sanitário; ações envolvem a coleta seletiva dos resíduos recicláveis e tratamento dos resíduos da construção civil
O Instituto Jatobás e a Prefeitura de Pardinho caminham para a conclusão da primeira fase de um projeto ambicioso: buscar soluções sustentáveis e definitivas para a destinação adequada dos resíduos sólidos na cidade, considerada o berço do projeto de desenvolvimento sustentável do Instituto.
A iniciativa, chamada de Projeto Lixo Mínimo, teve início em novembro de 2019, após reuniões entre a prefeitura municipal, representada pela Coordenadoria de Meio Ambiente, e o instituto, conforme a coordenadora de Desenvolvimento Local do Instituto Jatobás, Madalena Carneiro.
A demanda do projeto surgiu devido ao grande volume de resíduos gerados no município que são enviados ao aterro sanitário, além do descarte incorreto em diversos pontos da cidade, uma grande problemática ambiental.
Projeto Lixo Mínimo
Atualmente, o município envia ao aterro de Botucatu, em média, 150 toneladas por mês de resíduos sólidos urbanos, gerando um custo de mais de R$ 200 mil por ano. Estima-se que menos da metade dos domicílios e empresas realizem a separação dos resíduos recicláveis.
“Atualmente, 72% do território municipal é Área de Proteção Ambiental (APA), em função da característica do município de ser um grande produtor de águas, com elevado número de nascentes, detentora do título de Interesse Turístico. Por isso, cada vez mais se torna necessário trabalhar também nas ações de educação ambiental para sensibilizar e conscientizar a população, bem como para os visitantes e turistas. Um projeto importante que tem muitos desafios e objetivos a serem vencidos”, salienta Madalena.
Coleta seletiva
Nesta primeira etapa do projeto, que engloba a criação de ferramentas para a separação na fonte, coleta e encaminhamento dos resíduos recicláveis domiciliares e de empresas para a reciclagem, a Prefeitura de Pardinho pretende investir cerca de R$ 130 mil.
O valor será destinado à construção de um barracão, localizado em uma área pública, e compra de equipamentos como esteiras, silos e baias para triagem e beneficiamento do material reciclável.
Já o Instituto Jatobás pretende disponibilizar cerca de R$ 50 mil para ações de capacitação dos agentes da cooperativa de catadores de materiais recicláveis envolvida no projeto, além da comunicação e educação da população sobre o descarte e separação dos resíduos recicláveis, assim como para o gerenciamento do projeto.
Cooperativa de catadores
O trabalho contará com a participação da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da cidade. O grupo, que já atua no município há quase 20 anos, está em fase de regularização para formalizar a criação da cooperativa, que atualmente é denominada como associação.
No atual modelo, a cooperativa poderá, além da coleta, realizar a separação, processamento e comercialização de materiais recicláveis, oferecer serviços de mão de obra terceirizada de coletores de rua; limpeza de terrenos, podas e coleta de resíduos orgânicos, mão de obra de limpeza bruta para empresas e poder público e operar um sistema de logística reversa de outros tipos de resíduos.
“Apoiar na implementação da política de resíduos recicláveis, por meio de articulação e estruturação de uma cooperativa, capacitação dos agentes para a implementação, gerenciamento na reorganização do local de trabalho, estruturação do trabalho e disponibilização de ferramentas de gestão para que a cooperativa possa ter sustentabilidade ao processo, são alguns dos objetivos do projeto”, conta Madalena.
Resíduos da construção civil
Paralelo ao programa de coleta seletiva, o Projeto Lixo Mínimo também incluirá o processamento de resíduos da construção civil. Estima-se que são geradas por mês mais de 600 toneladas de entulhos e restos de construção em Pardinho.
O gestor do projeto, Geraldo Júnior, afirma que a iniciativa privada ficará encarregada de fazer a transformação do entulho. A expectativa é que o resíduo oriundo das construções, como telhas, tijolos, concreto, cimento e madeira sejam transformados em novos materiais para reutilização.
“Teremos uma britadeira com capacidade de moer 1.200 toneladas de resíduos da construção civil por mês. Assim, poderemos ter materiais para utilizar no asfaltamento de estradas rurais e até um ‘tijolo ecológico’. Já a madeira poderá ser triturada e utilizada em caldeiras ou até como adubo”, diz.
Ele relata que poucas empresas do setor realizam o descarte e processamento deste resíduo de maneira correta. “Tudo que se recolhe na construção civil é enterrado, 90% das empresas fazem isso, ou seja, amontoam tudo e enterram”, desabafa.
Início das atividades
As atividades, tanto do barracão da coleta seletiva como da empresa que irá realizar o tratamento dos resíduos da construção civil, devem começar antes de dezembro. A previsão é que o sistema esteja em plena atividade a partir do início do ano.
Porém, antes disso, ações de educação e conscientização devem acontecer ainda em setembro. Inicialmente, campanhas sobre a separação correta dos resíduos recicláveis e sobre a coleta seletiva serão realizadas porta a porta em domicílios, igrejas, associações de bairro, empresas, repartições públicas, comércios, etc.
Ainda está prevista outra etapa, desta vez com o foco nos resíduos e rejeitos retirados de ruas, calçadas e nos mutirões de limpeza que acontecem todo início de mês.
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