A greve nos hospitais de Bauru geridos pela Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp) chega, hoje, ao 22.º dia e sem previsão de chegar ao fim. O movimento atinge os hospitais de Base (HB) e Estadual (HE), bem como a Maternidade Santa Isabel e o Ambulatório Médico de Especialidades (AME). Em meio a esse contexto complexo, uma decisão judicial ainda obriga a fundação a disponibilizar leitos nos hospitais a todos que estão à espera de vagas (leia mais na página 4).
Segundo último balanço apresentado pela Famesp, na última quinta-feira, ao menos 508 cirurgias haviam sido desmarcadas, mais de 100 leitos estariam bloqueados entre os hospitais de Base e Estadual. E outros e 4,5 mil exames teriam sido cancelados nos últimos dias. Tudo por conta da paralisação.
O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Bauru e Região (SindSaúde), que representa os funcionários, porém, contesta os números e diz que a defasagem é um problema crônico.
A entidade alega que parte dos cancelamentos dos atendimentos ocorreria mesmo sem a paralisação. O sindicato, entretanto, não estima qual é o impacto, considerado por eles, “real” do movimento. O processo judicial relativo à greve tramita no Tribunal Regional de Trabalho (TRT-15) de Campinas e, agora, está em fase de instrução.
QUEDA DE BRAÇO
“Com ou sem a greve, o atendimento já é precário. Nos últimos dois anos, a demanda de atendimentos nos hospitais só aumentou e a Famesp não se preparou para isso, há falta de funcionários em vários setores”, critica Evandro Garcia, que é advogado do SindSaúde.
A fundação, por sua vez, defende que os números são resultados diretos do prejuízo causado pelo movimento e afirma que a negociação econômica tem interferido na assistência. O presidente da Famesp, Antônio Rugolo Júnior, diz que os hospitais têm priorizado casos de urgência e emergência para internação, conforme critérios técnicos.
“Em algumas áreas não temos problemas. Mas, hoje (anteontem), por exemplo, nem 50% dos funcionários escalados entraram para o trabalho no setor de oncologia do HE”, afirma Rugolo.
Reivindicação
O movimento segue, segundo o SindSaúde, com 350 grevistas. A categoria reivindica 9,49% de reajuste. A Famesp oferece um aumento de 3% no salário-base, retroativo à janeiro, e 18,58% no vale-alimentação.
“Não conseguimos dar este aumento pedido, não temos de onde tirar. Em Tupã e em Botucatu, os funcionários aceitaram o índice e já estão recebendo os retroativos”, frisa o presidente da Famesp, Antônio Rugolo Júnior.
“Desde abril do ano passado, a Famesp não fala em reajuste. É um direito. Não estamos pedindo mais do que a reposição da inflação”, rebate o advogado Evandro Garcia, do sindicato.
Vale lembrar que, no dia 11 de abril, a fundação iniciou o desconto dos dias não cumpridos aos empregados escalados que não comparecem ao trabalho.
100% voltam à ativa na urgência e emergência
Sobre a manutenção dos serviços, o advogado do SindSaúde Evandro Garcia explica que a entidade mantém 50% de funcionários na ativa nos hospitais. Já o índice de cobertura nos setores de urgência e emergência era de, ao menos, 70%. Contudo, após uma audiência chamada pelo promotor Henrique Varonez, na última quinta-feira, com o SindSaúde e a Famesp, esse índice nas áreas de risco aumentou.
Foi determinado a volta ao trabalho de 100% dos funcionários nos setores de urgência e emergência, como UTI e hemodiálise, por exemplo. “Todos os funcionários escalados em setores de risco deverão trabalhar, mas ainda faremos uma reunião para ver como aplicar isso”, detalha Evandro.
Fonte: Jcnet Bauru
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