Amigas moram em Lençóis Paulista e trabalham no mesmo setor. Emocionada com a história de Eliene, Edvania decidiu ajudar na alfabetização da amiga.
Moradoras da região centro-oeste paulista, Eliene Maria da Conceição e Edvania de Oliveira têm muitas coisas em comum. As duas mulheres moram em Lençóis Paulista e trabalham juntas na área de limpeza da unidade do Poupatempo da cidade.
A identificação entre elas veio logo que se conheceram, mas foi uma ferida carregada pela Eliene que fortaleceu a amizade. Aos 48 anos, ela não sabia ler nem escrever.
“Eu falei para ela: ‘amiga, eu não sei ler na hora de usar os produtos de limpeza’. Então pedi para ela ficar com essa parte dos produtos porque sabia ler”, conta.
A história tocou o coração da Edvania e o ato nobre de se colocar no lugar do outro mudou a vida das duas.
“Chegou o dia que a Eliene chegou aqui muito triste, passou por um momento que uma pessoa humilhou ela porque ela não sabia ler. Ela conversou comigo e chorou. Eu senti a dor dela.”
Foi então que Edvania decidiu ajudar a amiga a ensinando a ler e escrever. As aulas são no horário do almoço, todos os dias. A Edvania ensina o que aprendeu quando ajudou um dos filhos que tinha dificuldades na escola. A dedicação da amiga é motivo de orgulho.
“Eu tenho muito orgulho dela, porque ela tem muita vontade. A gente sabe que não é fácil, que tem uma barreira, mas ela está todo dia aqui perseverando, fazendo as ‘tarefinhas’, aprendendo, estudando em casa antes de dormir”, afirma.
A atitude tem o incentivo dos colegas e o primeiro caderno foi presente da coordenadora. “A minha chefe me deu um caderninho, lápis, estojo, e fiquei emocionada, porque vi com aquilo que eu ia aprender mesmo”, se emociona Eliene ao se lembra do presente.
“Fiquei emocionada com a atitude e fui na papelaria aqui perto e já comprei um kit de presente para ela com tudo que ela ia usar para aprender, tiramos foto. Foi emocionante”, completa Lívia Barreto, coordenadora do Poupatempo.
O resultado de tanto esforço logo apareceu: o coração da Eliene se encheu de alegria quando conseguiu escrever no celular a primeira mensagem para o filho.
“Chorei de felicidade quando ele respondeu: ‘que lindo mãe, está certinho’. Fiquei muito emocionada.”
As amigas, aluna e professora, são a prova de que sonhos não têm idade nem prazo para serem realizados. “Uma coisa mudou em mim também. Eu acho que é hora de buscar mais conhecimento também”, afirma Edvania.
“Você consegue, é só ter coragem e força de vontade. Eu vou conseguir ler, eu já consegui”, completa Eliene.
Fonte: G1