Predador do topo da cadeia alimentar, uma onça-parda não resistiu ao ataque de uma sucuri e foi engolida pelo animal, em um caso inédito registrado em todo o mundo, segundo informações do Zoológico Municipal de Bauru. Foi o Zoo, inclusive, quem realizou a necropsia do réptil e confirmou que, em seu estômago, estavam os restos mortais do felino.
A sucuri, de 4,2 metros e 92 quilos, também morreu em decorrência do intenso embate travado com a onça. O caso foi registrado em outubro do ano passado, na região de Promissão, mas foi oficialmente relatado nesta semana em artigo divulgado pela Cat News, publicação do Grupo de Especialistas em Felinos do Comitê de Sobrevivência das Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN/SSC).
“Já tivemos relatos de que ela come jacarés, capivaras, mas é o primeiro relato que se tem de uma sucuri predando uma onça-parda adulta. É difícil imaginar como um felino deste porte pode ter sucumbido nesta luta e isso nos traz uma nova visão sobre a vida destes grandes predadores”, comenta o zootecnista Luiz Pires, diretor do Zoo. De acordo com ele, a notícia foi recebida com surpresa pelos cientistas e profissionais que estudam e lidam com a vida selvagem.
Pires explica que o caso foi descoberto porque a onça era monitorada por meio de um rádio-colar, em um trabalho realizado pelo Instituto Pró-Carnívoros, em parceria com a AES Tietê. Em sua última pesagem, em julho de 2015, o animal, uma fêmea de 4 ou 5 anos de idade, tinha 42 quilos.
No estômago
Em outubro, os pesquisadores detectaram que o sinal do colar estava imóvel há cerca de uma semana. Ao saírem em busca da onça, encontraram a sucuri agonizando em um brejo. “Ela não se mexia, estava muito ferida, com infecções e perda quase total dos dentes, resultado da briga muito intensa entre os dois animais. Ela acabou morrendo, mas o rádio-colar continuou funcionando em seu estômago”, comenta Pires.
O Zoo de Bauru foi acionado para avaliar o caso e, durante a necropsia, o colar, o brinco de identificação e os ossos da onça foram localizados. Justamente pelo ineditismo do fato, o diretor do Zoo diz que não é possível precisar quais circunstâncias levaram um predador como a onça-parda a perder a vida após um ataque de cobra.
“Ela pode, por exemplo, ter se descuidado ao beber água e, neste momento, a sucuri, que também tinha porte grande, ter conseguido dar o bote. A onça resistiu enquanto pôde e, por isso, também acabou provocando a morte do réptil”, analisa.
Fonte: Jcnet
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