Família de dona de casa de 35 anos que precisa de tratamento com custo de quase R$ 150 mil vê mobilização dos moradores de Itatinga (SP) se espalhar pelo Brasil. Redes sociais fizeram a campanha crescer e doações chegaram até do exterior.
Uma família de Itatinga (SP), cidade com cerca de 21 mil habitantes, encontrou na solidariedade e no carinho de seus conterrâneos um dos poucos motivos para comemorar desde janeiro do ano passado, data em que a dona de casa Camila Ramos da Silva, de 35 anos, recebeu o diagnóstico de um câncer no estômago.
A notícia que abalou a família ainda conseguiu ficar pior no fim do ano passado depois que exames precisaram ser feitos para descobrir por que o tumor, já em metástase no fígado, não reagia às sessões de quimioterapia.
Os novos exames indicaram que Camila tinha um tipo raro e agressivo de câncer, que só costuma atingir pessoas com mais de 65 anos, segundo os médicos.
Além disso, seria necessário um tratamento de medicina nuclear à base de Lutécio-177, cujo custo é estimado em quase R$ 150 mil – e não coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quando soubemos que ia custar tudo isso, entramos em desespero, pois até mesmo para fazer o exame de R$ 8 mil que fechou o diagnóstico precisamos fazer uma rifa às pressas com os amigos, agora imagina quase R$ 150 mil”, disse o mecânico Everton Souza de Oliveira, 37 anos, marido de Camila.
Para isso, criou uma espécie de “combo” que incluía pedido de doações, organização de rifas, ações pontuais e lançamento de vaquinhas virtuais na internet.
O esforço da família, que conta ainda com os filhos do casal, Manuela, de 11 anos, e Théo, de cinco, sensibilizou a comunidade de Itatinga e, em pouco tempo, pessoas desconhecidas começaram a contribuir e a espalhar a notícia.
A hashtag #todospelavidadacamila começou a se espalhar pela internet e por lojas e estabelecimentos da cidade, que criaram suas rifas próprias com arrecadação destinada para a família de Camila. Recentemente, a própria Associação Comercial de Itatinga organizou uma grande rifa, com cerca de 70 itens.
A mobilização, que também se estendeu às redes sociais, fez a campanha romper as fronteiras de Itatinga e doações começaram a surgir de vários pontos do país e até do exterior. Uma moradora de Sorocaba (SP), por exemplo, está organizando uma feijoada beneficente com toda renda a revertida para o tratamento de Camila.
“A cidade abraçou nossa causa, as pessoas começaram a bater na porta de casa para ajudar, começaram a surgir plaquinhas de rifas em tudo que era loja de Itatinga. A Camila está emocionada e firme desde o começo”, disse o mecânico.
O resultado desta mobilização é que, em cerca de 20 dias, Everton já conseguiu aproximadamente 70% da meta de arrecadação para bancar o tratamento com o Lutécio-177.
“Até assustei quando vi o valor na conta. Tinha muitas doações de desconhecidos e até algumas de fora, do México, dos Estados Unidos e da Espanha. A Camila está feliz, claro, mas está meio aérea e a ficha ainda não caiu de que estamos conseguindo. Ela tem muita fé de que vai conseguir se curar”, disse Everton.
Até agora, estão garantidas três das pelo menos quatro aplicações de Lutécio-177 previstas no tratamento. Cada aplicação custa cerca de R$ 35 mil, entre a compra do produto e o pagamento das equipes médicas. Há também custos de deslocamento e hospedagem na capital paulista, onde será feito o tratamento.