Foto: Éder Azevedo/JC Imagens
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú traça um perfil do setor calçadista da cidade e mostra que para alavancar vendas a alternativa é buscar o mercado externo, ainda não muito explorado. Quase 80% das empresas não exportam. Das cerca de 150 empresas produtoras de calçados femininos, 53 responderam um questionário, ou seja, um terço delas. O perfil vai permitir que o setor que hoje representa 4.700 empregos diretos estude e implante políticas públicas ou privadas que possam alavancar o polo. O trabalho mais recente que compilou dados sobre os fabricantes data de 2007 e não tinha a abrangência do atual que terminou em 2015.
Alguns dos itens pesquisados mostram a participação das mulheres no setor, enfatiza o professor e pesquisador da Fatec Marcos Antônio Bonifácio. “Conseguimos obter dados que mostram que o empresário do setor é em sua maioria, 73% do sexo masculino. Cerca de 10% das empresas estão sob o controle exclusivo de mulheres. A presença feminina no setor calçadista é cada vez maior. O que pode ser verificado a partir desses dados, de acordo com o pesquisador, é se as mulheres têm uma tendência diferente de lidar com o negócio de calçados femininos.
Outra descoberta é que os jovens estão entrando no mercado. “Cerca de 20% dos empresários calçadistas de Jaú têm menos de 30 anos. A principal fatia está entre 40 e 50 anos. Cerca de 20% têm menos de 20 anos. Isso é muito bom. Dá a certeza da continuidade.
Outro dado coletado que pode servir para futuros projetos é que 64% dos empresários do setor tiveram origem no próprio calçado.”
Ou seja, o atual empresário começou ainda menino passando cola ou fazendo pequenos serviços no chão de fábrica. “Foi trabalhando e acabou passando por outros setores.
Aprendeu a fazer o calçado e num determinado momento vislumbrou a possibilidade de se tornar empresário. Essa é a proposta do polo, ter pequenas empresas que a componham.”
Porém, esse jovem que se tornou um profissional do calçado feminino pode ser um ótimo técnico, mas somente isso não basta para que o negócio vingue. “Ele sabe fazer o calçado.
Só que no momento que ele abre um negócio tem que saber mais que isso. Precisa ser um bom gestor. Saber comprar, vender, negociar. Nesse item, os dados são favoráveis, 42%, quase a metade deles, têm nível superior. Em diversas áreas. E essa visão da graduação abre essa perspectiva, porque para ele ter êxito ele precisa algo mais do que fazer um sapato.”
Na opinião do pesquisador, os perfis foram muito bons porque dão uma visão diferenciada do setor após quase oito anos. “Os últimos dados são do Ministério do Desenvolvimento, feito há oito anos. Notamos algumas mudanças de tendência, como a utilização do couro. Hoje só 30% usam somente couro, um material mais nobre e mais caro. É mais difícil de trabalhar, com aproveitamento menor. Em contrapartida o que está se usando é o sintéticos. Materiais que têm performance semelhante.”
O professor explica que com os dados compilados será feito um relatório final para ser apresentado aos principais interessados no setor como sindicato dos produtores, dos trabalhadores, Sesi, Senai, Sebrae, prefeitura. “Posteriormente, a pesquisa será apresentada aos empresários. Esse trabalho será fechado neste semestre. Dou continuidade para cruzar os dados e observar as tendências que estão presentes no estudo. Ao cruzar, vamos buscar as correlações, os pontos fora da curva.”
Fonte: JCNet
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