Segundo a família, Larah Milano, de 8 anos, e a cachorrinha Lilica, de 6 anos, viviam ‘grudadas’
É com gratidão e saudade que a família se refere à pequena Lilica, uma shih-tzu, de 6 anos, que morreu no início da tarde desta segunda-feira (17), por conta dos ferimentos que sofreu quando foi atacada por um cão da raça pitbull. O fato ocorreu na tarde deste domingo (16), no Núcleo Gasparini, em Bauru. Segundo a psicóloga Thaynara Milano de Souza, de 26 anos, a cachorra entrou na frente do animal para proteger a pequena Larah Milano, de 8 anos: “ela salvou a vida da minha filha”.
Para a família, era mais um domingo comum, em que a criança brincava na calçada com os dois cachorros, Lilica e Bola, de patinete e na amarelinha desenhada no chão pela avó. “Até que vimos o pitbull do vizinho fugindo de casa e indo na direção da Larah. Nessa hora, a Lilica entrou na frente e o cachorro pegou ela pelo pescoço. E o Bola, que é filho da Lilica, começou a avançar no pitbull para ele soltar. Eu entrei em desespero. Não sabia se gritava por ajuda, se gritava para o pitbull soltar a Lilica ou se colocava o Bola para dentro, com medo de ele ser atacado também”, narra Thaynara.
Por conta dos gritos, ao menos 40 vizinhos saíram para ajudar. “Tentaram de tudo para fazer o pitbull soltar. Jogaram água, objetos… ele chegou a correr carregando a Lilica por duas quadras, até que um homem passou de carro e falou para agarrar o pescoço, que ele soltaria. E um outro homem, muito corajoso, conseguiu se aproximar e fazer isso. Então, o pitbull soltou a Lilica e correu de volta para a casa dele”, conta a psicóloga.
Ela pontua que o proprietário do animal não estava em casa no momento do ocorrido.
‘ELA PARECIA BEM’
Em seguida, um outro vizinho pesquisou uma clínica veterinária para levarem a shih-tzu, que estava com diversos cortes e perfurações pelo corpo. “A veterinária disse que ela estava em estado de choque e, por isso, não conseguiam estabilizar a saturação e a temperatura dela, para aplicar anestesia e realizar as suturas. Depois de um tempo, eles conseguiram, e hoje (ontem) de manhã, minha mãe e irmã foram visitá-la. Ela parecia bem, estava respondendo. Mas, por volta das 12h, teve uma parada cardíaca”, detalha Thaynara.
A dona da Lilica, Fátima Milano de Souza, de 52 anos, mãe de Thaynara e avó de Larah, ainda estava muito abalada por toda a situação, mas lembrou, com carinho, do momento que a cachorrinha ficou feliz quando foi chamada pelo nome, ainda na clínica veterinária. “Ela levantou a cabecinha para nos olhar e parecia que ficaria bem. Mas, não resistiu. Ela era carinhosa, brincalhona, companheira e parceira. A dor é muito grande. Nós perdemos um membro da família. Muita saudade”, diz.
Apesar da tristeza pela perda da Lilica, a família lembra dela com muita gratidão pelo ato heroico. “Se não fosse por ela, o pitbull poderia ter pego a Larah. Ela salvou a vida da minha filha. Se ele tivesse pego minha filha, não sei o que eu teria feito. Não sei se eu estaria viva para contar essa história. Minha filha assistiu a tudo e está muito abalada, se culpando, achando que foi porque ela pediu para brincar na rua que tudo aconteceu”, declara Thaynara.
Por outro lado, a psicóloga alega que esta já seria a terceira vez que o mesmo pitbull ataca outro cachorro na rua, mas é a primeira em que o animal atacado morre. “Os donos dessas raças mais agressivas devem se conscientizar, cuidar e ter responsabilidade. Basta muito pouco para acontecer uma tragédia como a de ontem (domingo)”, complementa, mencionando que um boletim de ocorrência (BO) foi registrado para responsabilizar o tutor do pitbull.
Thaynara e Fátima finalizam agradecendo toda a ajuda que receberam de vizinhos e pessoas que passavam na rua no momento do ataque.
O advogado Ricardo Henrique da Silva, que representa o tutor do pitbull (a identidade dele será preservada pois o inquérito policial ainda não foi instaurado e por questões de segurança), afirma que o caso foi uma fatalidade e que esta foi a primeira vez que o cachorro atacou outro animal, ao contrário do que relata a família.
“Assim que meu cliente soube da situação, foi imediatamente até o local e se colocou à disposição para arcar com todos os custos veterinários. Além disso, ele está verificando porque o portão abriu, já que ele tinha trancado quando saiu para trabalhar”, aponta.
Omissão de cautela de animal
Ao avaliar preliminarmente a descrição sobre o que ocorreu neste domingo (16), Dinair José da Silva, delegado da Polícia Civil que atua há anos na área de crimes ambientais em Bauru, afirma que o tutor do pitbull poderia responder por omissão de cautela de animal.
“E ainda poderia ser enquadrado na Lei Sansão, por maus-tratos, por não manter o animal em segurança em casa, com a qualificação da morte de um outro animal”, explica.
Contudo, o caso precisa ser investigado pela Polícia Civil para apurar todas as circunstâncias.
Fonte: JCNet
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