Dos 152 presos foragidos do CPP 3 de Bauru (o antigo IPA) durante rebelião registrada no dia 24 de janeiro, 25 ainda estão nas ruas, segundo balanço divulgado pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) nesta terça. Três deles são naturais de Bauru e o restante de outras cidades do Estado (veja quadro ao lado).
O motim iniciado após apreensão de um celular mudou a rotina do município e deixou os bauruenses em pânico. Menos de uma semana depois da rebelião, dois fugitivos foram presos enquanto praticavam roubos: um deles rendeu família em condomínio na zona sul e outro levou mais de R$ 3 mil de estabelecimento comercial no Jardim Redentor.
Mesmo com estes episódios naquela ocasião, as polícias Militar e Civil consideram que, hoje, 57 dias depois da rebelião, os detentos foragidos não estejam mais em Bauru. “Grande parte é de fora e já foi embora”, salienta o tenente-coronel Flávio Jun Kitazume, comandante da PM em Bauru.
Ele ressalta que a corporação possui um cadastro contendo a relação de foragidos das unidades prisionais da cidade, com fotografia de cada detento, crimes que eles praticaram, modo de operação e parceiros nas ações criminosas.
O método, segundo Kitazume, auxilia a PM nas abordagens. “Também existe um rol de quem realizou visitas nos presídios, com os quais os presos possam ter algum vínculo na cidade. Tudo isso é checado com objetivo de recapturar os foragidos”, destaca.
DENÚNCIAS CAÍRAM
Ainda de acordo com o comandante, as denúncias sobre paradeiro de foragidos do CPP 3 caíram. “Logo após a fuga, recebemos diversas informações apontando o possível paradeiro deles. Hoje, são denúncias mais espaçadas e nem sempre precisas”, relata.
Kitazume diz ainda que não há lógica em atribuir a maioria dos crimes da cidade aos foragidos da rebelião de janeiro. “São cinco ‘saidinhas’ por ano e muitos deles não retornam para. Isso também deve ser levado em consideração”.
Delegado seccional de Bauru, Ricardo Martines também não enxerga que Bauru tenha registrado um aumento de crimes em razão da rebelião e fuga em massa. “Acredito que todos já estão fora da cidade. Entretanto, as informações que chegam até nós são checadas”.
A destruição
152 reeducandos dos 1.430 internos do CPP 3 fugiram após iniciarem uma rebelião no dia 24 de janeiro. Dois prédios da unidade foram incendiados. Não houve reféns e nem mortes.
A versão oficial da SAP é que o caso não teve qualquer ligação com a crise carcerária que abalou o Brasil. O órgão afirma que o motivo do motim foi a apreensão de um celular, o que teria desagradado alguns reeducandos.
Contudo, familiares de detentos e pessoas de dentro da unidade não descartam a ligação de facções criminosas como a causa da “virada” do antigo IPA.
A reconstrução
O corregedor-geral da Justiça do Estado de São Paulo, o desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças, defendeu que o prédio do CPP-3 deveria ser reformado com a mão de obra dos próprios detentos. Com isso, os reeducandos poderão ter o abatimento da pena em função do trabalho prestado.
Quando ocorreu a rebelião, o CPP-3 abrigava 1.430 pessoas. Após a destruição parcial do local, muitos foram transferidos e, hoje, 407 seguem recolhidos na unidade.
“Eu acho viável a possibilidade de os próprios detentos trabalharem na reconstrução daquilo que foi destruído por eles, com objetivo de restaurar o percentual de vagas na unidade”, declarou Calças, após visitar a unidade.
PROJETO EM ELABORAÇÃO
Em nota enviada ontem, a SAP confirma que engenheiros da pasta estão elaborando o projeto básico para a reforma da unidade, bem como a avaliação dos custos. Disse ainda que, após esse processo, o assunto será submetido ao secretário da administração penitenciária.
“Ressalvamos que a Secretaria determinou a utilização da mão de obra dos reeducandos na reforma da unidade, quando haverá remição de pena, ou seja, para cada três dias trabalhados, é descontando um dia da pena, como previsto em Lei”, finaliza.
Fonte: JCNET
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