A mais tradicional festa do Divino Espírito Santo do Estado de Anhembi, na região de Botucatu, atrai milhares de visitantes ao município. O momento mais aguardado é o Encontro das Canoas nas águas do Rio Tietê, a partir das 16h, deste sábado (19) e depois ocorre a missa campal defronte à Igreja Matriz.
Realizada há mais de 150 anos, a Irmandade do Divino refaz todos os anos a penitência de viajar de casa em casa levando a bandeira do Divino e cantando músicas tradicionais. As rotinas da peregrinação são mantidas desde os primórdios desta manifestação cultural, onde a Irmandade do Divino viaja durante 9 dias e pernoitam nas casas que os acolhem, chamada de pousos do divino.
Como no início foram usados barcos para atravessar o Rio Tietê, hoje se mantém a tradição de usar dois batelões para as viagens nos pousos. Neste ano, cerca de 150 pessoas embarcaram na missão de fé no último dia 5 de maio para visitar mais de 18 famílias. Rezando, cantando e pedindo que o Divino Espírito Santo abençoe a todos. O grupo cumpriu essa programação na segunda-feira (14).
A festa tem missa neste sábado e procissão à tarde, quando centenas de fiéis vão acompanhar a cerimônia do Encontro das Canoas, o ápice da festa. A roupa branca utilizada pelos membros da irmandade simboliza que a missão foi cumprida. Às margens do Rio Tietê se transformam em uma verdadeira plateia. Quem chega atrasado não consegue assistir a este momento que inspira e emociona a todos. Os fogos de artifício no céu simbolizam o Pentecostes, a vinda do Espírito Santo. Os remos movem as águas impulsionando as canoas com a mesma força que batem os corações dos fiéis.
Cerca de 120 integrantes da Irmandade Divino desembarcam das canoas e seguem para o cortejo dos Amortalhados. Devotos se deitam no chão, cobertos com lençol branco, e os irmãos pulam, um a um, pedindo que o Divino abençoe.
Deitar-se aos pés do Divino simboliza um ato de fé e devoção. Neste momento de entrega é possível ver mães com seus filhos no peito, famílias se abraçando, idosos e até crianças, que envoltos pelo pano branco se emocionam, choram, rezam, e agradecem pelas graças alcançadas.
A capela da ponte, como era chamada a cidade de Anhembi, tem sua tradição de fé que ainda se mantém viva, informa o jornalista Gabriel Campos, assessor de imprensa da Prefeitura de Anhembi.
A festa remonta à primeira metade do século 19, quando pestes dizimavam populações ribeirinhas. A fé no Divino Espírito Santo teria protegido das doenças as famílias devotas, dando início à celebração que resultou na criação da Irmandade do Divino.
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