Eleição será em 06 de outubro deste ano. Cenário começa a se desenhar para a sucessão de Mário Pardini
Ainda falta um bom tempo, mas segundo apurou o Acontece Botucatu, há muitas conversas, no campo da especulação, sobre os possíveis nomes que poderiam despontar como candidatos a prefeito de Botucatu nas eleições de 2024. Vários nomes são ventilados, alguns frutos de vontades pessoais, outros por objetivos ou projetos coletivos.
Ao contrário do que ocorreu em 2020, quando Mário Pardini foi reeleito com mais de 85% dos votos, a eleição em Botucatu deve ser mais disputada este ano. Aliás, essa disputa será intensa mesmo antes do período eleitoral.
Reeleito em 2020 no pleito municipal com 58. 341 votos, Pardini se tornou o recordista no município, porém, não pode disputar o cargo e deverá retornar, em um primeiro momento, para a Sabesp.
A escolha não será fácil e um verdadeiro quebra-cabeça começa a ser montado, especialmente com o provável nome que surgirá como candidato com apoio do atual Prefeito. Até agosto, mês em que as siglas realizam suas convenções, outros nomes aqui não citados podem surgir.
Vejamos alguns nomes que despontam como prováveis pré-candidatos.
João Cury
João Cury Neto é sempre um nome muito forte. Foi Prefeito de Botucatu duas vezes (2009 a 2012/2013 a 2016) e com sucesso fez o dever de casa ao escolher e eleger seu sucessor, justamente Mário Pardini. O atual Prefeito de Botucatu foi uma escolha de Cury e por isso, apesar de algumas rusgas nos últimos anos, ainda há um respeito mútuo.
Em 2022 Cury foi para as urnas novamente após 10 anos. Para Deputado Federal teve mais de 80 mil votos, sendo primeiro suplente do PMDB.
Ocorre que em Botucatu, sua base eleitoral, João Cury não teve uma votação expressiva, somando 25.085 votos. Mesmo sendo eleições distintas (federal e estadual), Cury teve quase 20 mil votos a menos que André Spadaro (nome que veremos abaixo) na cidade.
Cury saiu de Botucatu muito grande politicamente, mas não podemos negar que encolheu nos anos sequentes. Em 2018, após presidir a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), ele assumiu a Secretaria de Educação do Estado, atingindo um patamar que nenhum outro político nascido aqui conseguiu alcançar. Mesmo que o preço fosse abrir mão de ser candidato a Deputado Federal surfando boas ondas, como na oportunidade.
Com a derrota de Márcio França para João Doria em 2018, viu-se uma ladeira política. João Cury foi ser então Secretário de Educação no município de São Paulo. Ocorreu que em junho de 2019, seis meses após assumir a pasta, foi exonerado do cargo pelo Prefeito Bruno Covas, muito pressionado pelo então correligionário João Doria.
Atualmente João Cury é Presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo. Artigo da Folha de São Paulo diz que pessoas próximas o aconselham a deixar a Cohab e se dedicar a pavimentar sua candidatura em Botucatu.
Recentemente João Cury conseguiu eliminar todas as condenações que o acompanharam nos últimos anos e que lhe deixaram inelegível. Em 2022 concorreu para deputado Federal enfrentando essa batalha jurídica. Hoje é primeiro suplente do PMDB.
Nos bastidores políticos da capital paulista João Cury também é cotado para coordenar a campanha de Ricardo Nunes para reeleição em São Paulo. Ele também poderia assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados em Brasília durante esse processo, já que é o primeiro suplente do PMDB.
Fábio Leite
O atual Secretário de Governo também foi peça chave durante a pandemia em Botucatu. Só não apareceu como o então colega Spadaro.
Austero com o ‘lápis e a calculadora’ nas mãos, conduziu as contas do município durante os últimos anos, especialmente para a Prefeitura ter fôlego para lidar com a destruição das chuvas em fevereiro de 2020 e os gastos da pandemia.
Foi figura central na organização da vacinação em massa de Botucatu em 2021. Habilidoso, Fábio Leite não parou um minuto, sendo uma espécie de iminência parda da administração Pardini.
No jargão do futebol, seria chamado de o jogador tático, ou seja, fundamental para o time e de pouca exposição para a torcida. Muitos defendem que já passou da hora de mudar isso, especialmente pelo fato de aceitar ser um nome a substituir Pardini.
Extremamente técnico e pouco político, Fábio é defendido por aquelas pessoas que querem uma sequência na administração, ou algo bem parecido, especialmente com o primeiro mandato de Pardini.
É um nome que nasce dentro do ninho de Mário Pardini, mas não é o único. Por esse mesmo motivo, pode alçar voos solos para eleição deste ano.
É um nome defendido por importantes empresário e empregadores do município. Há quem diga que será o nome pedido pelo comando do PSD estado, atual sigla de Mário Pardini. Com o cerco tão fechado assim, o atual Prefeito teria dificuldade de indicar outro nome que não fosse Fábio, dizem vozes de bastidores.
Até por isso, não são poucos que o consideram o sucessor ideal dentro desse grupo para ser candidato em outubro. O perfil é o mesmo do seu atual “chefe”, ou seja, do gestor que trouxe conhecimento da iniciativa privada para o poder público, mas principalmente, por não ser político.
André Spadaro
É inconteste. Na pandemia quem mais ganhou notoriedade e importância em Botucatu foi o então Secretário Municipal de Saúde André Spadaro. Disparado, diga-se de passagem.
O Boletim Coronavírus colocou a figura do filho do ex-Prefeito Joel Spadaro dentro dos lares botucatuenses, ou melhor, dentro dos smatphones de Botucatu e região. Ganhou a simpatia e confiança do público e é uma imagem seguramente fácil de vender.
Tamanha exposição se transformou em capital político para a eleição de 2022, ou melhor, houve uma tentativa de transformação e até hoje se discute se ela foi ou não bem sucedida após a eleição para Deputado Estadual. Há quem diga que ele esperava mais e antes do pleito foi persuadido a mudar a trajetória partidária, fato que custou sua eleição.
Spadaro, então candidato recomendado pelo Prefeito Mário Pardini, obteve uma expressiva votação, colhendo apenas em Botucatu 34 mil votos. Ocorre que o trabalho não teve o mesmo efeito extramuros botucatuenses, totalizando em sua candidatura pelo PSDB pouco mais de 44 mil votos em todo estado.
Quem acompanha os bastidores da política sabe que houve um distanciamento entre Pardini e keko após o pleito de 2022. Agora, em 2024, não deixa esconder em conversa que pretende disputar a eleição. Será possível uma composição com o grupo de Pardini?
Spadaro foi protagonista no combate à pandemia e peça chave na conquista da vacinação em massa, em 2021. Era amigo pessoal do então Ministro da Saúde Marcelo Queiroga.
Spadaro é um claro exemplo de crescimento político exponencial. Muitos defendem, incluindo possíveis adversários, que se trata nome palatável para as urnas.
Rodrigo Taborda
O engenheiro Rodrigo Taborda é um nome novo que desponta nos bastidores políticos de Botucatu. Atual Secretário de Infraestrutura (antiga Obras), ele surge chancelado por um grupo político próximo ao Prefeito Mário Pardini.
Não é uma situação simples. Sem experiência política, teria que ser uma indicação ou até mesmo imposição de Mário Pardini.
Taborda nunca passou pelo crivo das urnas. Como Secretário de infraestrutura no segundo mandato de Mário Pardini, teve algumas missões importantes, como o recape das ruas e bairros de Rubião Junior, entre outras obras na cidade.
Para ser candidato, Taborda teria que passar por cima de uma eventual cisão do grupo do atual Prefeito. Há quem defenda sua candidatura e há também quem julgue que uma composição executada no gabinete seria a melhor saída.
Como dito acima, Mário Pardini enfrentará algumas resistências em grupos políticos e empresariais para lança-lo. Não é uma tarefa fácil, porém, é um nome que vem ganhando espaço.
Mário Ielo e Rose Ielo
Até 2016 Mário Ielo tinha a primazia do sobrenome entre seus eleitores. Desde 2016, quando sua esposa Rose foi reeleita vereadora, não há como dissociar o nome de um e outro. Um exemplo disso, é que até o prazo final de anúncio dos nomes para a disputa da Prefeitura em 2020, Rose Ielo era apontada como provável candidata pelo PDT.
Rose foi reeleita em 2020 para um terceiro mandato apenas em uma nova definição na distribuição dos votos. Foram 446 votos a menos do que na eleição anterior (1766/1320). Porém, o pior cenário coube mesmo ao ex-Prefeito de Botucatu.
Mário Ielo sofreu uma amarga derrota com 5.098 votos, fazendo 7,45% dos votos válidos. Muito pouco para quem foi Prefeito duas vezes (reeleito em 2004 com 77%) e já disputou 6 eleições para Prefeito. Um revés incontestável.
Ocorre que na política existe um velho jargão: “cada eleição é uma eleição diferente”. Mário Ielo é até hoje lembrando pelos mais ‘experientes’ como um dos melhores Prefeitos da história, tendo saneado as contas do municípios após administrações ruins. É um nome que não pode ser esquecido.
PT e PSOL
O PT governou Botucatu nas duas gestões de Mário Ielo. Foi derrotado com Pinho e Mário Ielo nas eleições de 2008 e 2012 respectivamente e ficou sem disputar a eleição de 2016, quando Ielo foi para o PDT.
Em 2020 o partido do atual Presidente da República foi novamente paras as urnas com seu diretório em Botucatu. Lançou na oportunidade Priscila Firmino, que obteve 1.731 votos.
O resultado não foi bom. Para comparação, a candidata a vereadora Professora Nora teve 1793, mais que a própria candidata ao executivo pelo partido. Nora foi a quarta mais votada em Botucatu e só não se elegeu por conta do quociente eleitoral.
Espera-se que o Partido dos Trabalhadores lance novamente um nome para a disputa.
Também é provável que o PSOL lance um candidato, assim como fez com Daniel Carvalho em 2016 e Gustavo Bilo em 2012.
A sigla de esquerda em Botucatu passou a ter novo comando desde 2022, conseguindo até trazer Guilherme Boulos (candidato em São Paulo) para fazer palanque no município para sua candidatura vitoriosa para Deputado Federal.
Na eleição para deputado estadual em 2022 o PSOL de Botucatu conseguiu colocar Thalita Tavares com 2.760 votos. O resultado foi mais interessante do que os obtidos pelo PT nas últimas eleições.
PC DO B
O PC do B tem extrema importância para a política recente de Botucatu. Participou ativamente das duas gestões Mário Ielo e João Cury. Com um peso menor, esteve também nos primeiros quatros anos de Mário Pardini.
Na somatória, ficou 20 anos ao lado do poder, sendo que teve o vice em três oportunidades. Dr. Caldas entre 2009 e 2016 (vice de João Cury) e André Peres (vice de Pardini) entre 2017 e 2020, quando este deixou a sigla. O PC do B também ocupou diversas secretarias ao longo dessas décadas.
O ex-secretário de Esportes do município (gestão Cury), Professor Antônio Carlos Pereira, preside o diretório atualmente. Ele já expressou em algumas oportunidades que seu partido deveria ter mais protagonismo na cena eleitoral de Botucatu.
Dr. Caldas é o nome mais experiente da sigla, tendo sido eleito vereador em duas oportunidades também (2000 e 2004). Na última eleição o PC do B esteve ao lado do PT na candidatura de Priscila Firmino.
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