Artigo: quais os nomes especulados para candidaturas a Deputado em Botucatu?

Política
Artigo: quais os nomes especulados para candidaturas a Deputado em Botucatu? 21 julho 2021

Ainda falta um bom tempo, mas os nomes circulam nos bastidores da Política em Botucatu

Ainda falta um bom tempo, mas segundo apurou o Acontece Botucatu, há muitas conversas, no campo da especulação, sobre os possíveis nomes que poderiam despontar como candidatos a uma vaga de Deputado por Botucatu nas eleições de 2022. Vários nomes são ventilados, alguns frutos de vontades pessoais, outros por objetivos ou projetos coletivos.

Mário Pardini 

Quando se fala em eleições na cidade de Botucatu, o protagonismo atual é do PrefeitoMário Pardini. Tudo indica que ele dará as cartas no próximo pleito. Seja apoiando nomes ou mesmo se candidatando, já que despontou recentemente como uma liderança estadual.

Reeleito em 2020 no pleito municipal com 58. 341 votos, o que representa 85,5% dos votos, Pardini se tornou o recordista no município. Não houve disputa e todo mundo sabia disso, era questão apenas de acertar a porcentagem do eleitorado botucatuense.

Com tamanha aprovação, Pardini já era considerado uma liderança no interior. Com o agravamento da pandemia e suas ações, essa imagem foi ficando cada vez mais sólida e com o advento da vacinação em massa, o patamar mudou e o Prefeito de Botucatu é tratado como um líder estadual, reconhecido no país inteiro com sua atuação no momento mais difícil da história.

Hoje ele está no PSDB, mas nada o impediria de deixar a sigla, afinal, o nome se tornou maior que o partido por essas bandas. Nada é oficial, mas há muita vontade externa de que ele seja candidato em 2022. Na verdade há mais vontade de terceiros do que a própria.

Arquivo Acontece Botucatu

Com fama, reconhecimento e solidez política, há quem diga que ele seria eleito Deputado Federal sem fazer campanha, algo parecido com o que aconteceu na eleição para prefeito em 2020, só que com mais robustez agora. Pardini é tratado por Prefeitos do interior como um representante da classe.

Há, porém, alguns entraves nessa possibilidade de candidatura. Em primeiro lugar sua vontade. Talvez ele entenda que recebeu uma missão de governar a cidade e deva completa-la, por mais clamor popular que possa existir em torno do seu nome.

Em segundo, ao deixar o cargo, seu vice assumiria e não é segredo para ninguém, embora isso não seja alardeado, que André Peres tem hoje uma discreta participação no Governo. Talvez isso pese na decisão de Pardini, dizem os bastidores.

Para completar, há duas figuras nesse cenário de disputa por uma cadeira em Brasília, sendo a primeira o Deputado Federal Samuel Moreira, amigo pessoal de Pardini desde os tempos de Sabesp e peça central em conquistas como a Represa do Rio Pardo e revitalização da Alcides Soares, investimentos na saúde, entre outros. Talvez seja o nome de preferência do Prefeito de Botucatu. A segunda figura é justamente o próximo personagem abordado nesse texto.

João Cury

João Cury Neto foi Prefeito de Botucatu duas vezes (2009 a 2012/2013 a 2016) e com sucesso fez o dever de casa ao escolher e eleger seu sucessor, justamente Mário Pardini. O atual Prefeito de Botucatu foi uma escolha de Cury e por isso, apesar de algumas rusgas nos últimos anos, ainda há um respeito mútuo.

Cury saiu de Botucatu muito grande politicamente, mas não podemos negar que encolheu nos últimos anos. Em 2018, após presidir a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), ele assumiu a Secretaria de Educação do Estado, atingindo um patamar que nenhum outro político nascido aqui conseguiu alcançar. Mesmo que o preço fosse abrir mão de ser candidato a Deputado Federal surfando boas ondas, como na oportunidade.

Com a derrota de Márcio França para João Doria, viu-se uma ladeira política. João Cury foi ser então Secretário de Educação no município de São Paulo. Ocorreu que em junho de 2019, seis meses após assumir a pasta, foi exonerado do cargo pelo Prefeito Bruno Covas, muito pressionado pelo então correligionário João Doria.

Escanteado, foi ser Secretário Adjunto no Gabinete. Em uma entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura, o então Prefeito Bruno Covas disse que exonerou Cury por ele ter sido condenado em segunda instância. Esse ainda é o maior motivo de dúvida quanto aos seus direitos políticos em 2022.

Vamos relembrar. Em maio de 2019 o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o ex-prefeito de Botucatu e o Professor Narciso Minetto Júnior, ex-Secretário Municipal de Educação em Botucatu, no polêmico caso Sangari. A decisão de Segunda Instância apontou improbidade administrativa, ressarcimento aos cofres públicos e perda dos direitos políticos por 5 anos.

Houve ainda uma outra ação do Ministério Público em novembro de 2020, que também envolvia o ex-vice-Prefeito Antônio Luiz Caldas Júnior por acumulo de cargos, e que também colocava restrições políticas ao nome João Cury.

Nos últimos meses ele intensificou suas ações nas redes sociais, notoriamente com vistas às eleições de 2022, especialmente a uma candidatura a Deputado Federal. João faz seu trabalho enquanto recorre em instâncias superiores para reaver seus direitos políticos.

Fica a pergunta: com base eleitoral em Botucatu, como ficaria João Cury sem o apoio de Mário Pardini? Conseguiria arrebatar votos contra alguém que levasse o apoio do atual Prefeito? Ou até mesmo se Pardini fosse o candidato? A impressão que se tem, é que Pardini tem o poder de decisão de interferir no sucesso dessa candidatura. Aliás, não só na de João, como na de outro membro da família Cury.

Fernando Cury

Fernando Cury não vive seus melhores dias na política. Não é difícil analisar que o caso Isa Penna derreteu a popularidade do Deputado Estadual, assim como suas pretensões, numa analise bem fria e sem julgar o caso.

Afastado de suas funções parlamenteares, após ser punido com suspensão de 4 meses na Alesp, ele ainda encara a rejeição de enormes proporções nas redes sociais e imprensa. O caso ganhou repercussão nacional, aliás, ainda repercute e uma ação judicial corre foras dos muros do parlamento paulista.

A matemática, resultado deste vídeo (das câmeras da Alesp no caso Isa Pena) pode ser cruel, pois então vejamos. Cury foi eleito em 2014 com 85.925 votos e reeleito em 2018 com 98 mil votos.

Vamos pegar apenas a última eleição. Cury teve em Botucatu, sua base eleitoral, um total de 39.013 votos. Ocorre que um candidato não se elege apenas com votos de sua cidade e nisso o parlamentar afastado sempre foi muito bom, buscando votos em praticamente todos os municípios paulistas. Mas algumas perguntas devem se feitas:

Após o caso Isa Penna, quem toparia fazer dobradinha com Cury nos municípios para 2022? Ou seja, teria que buscar massivamente seus votos em sua base, tendo que aumentar em muito a saída de votos por aqui. Mas mesmo aqui, quantos votos perdeu após a polêmica na Alesp? E se não receber o apoio esperado de Mário Pardini, como ficará sua expectativa de voto? Pior, e se Pardini apoiar outro candidato para dividir ou abocanhar a maior parte dos votos? A situação é difícil. Aliás, quem são os outros nomes que podem receber apoio do atual Prefeito?

André Spadaro

Arquivo Acontece Botucatu

É inconteste. Na pandemia, depois de Mário Pardini, por questões óbvias (é o Prefeito pop), quem mais ganhou notoriedade e importância em Botucatu foi o Secretário Municipal de Saúde André Spadaro. Disparado, diga-se de passagem.

O Boletim Coronavírus colocou a figura do filho do ex-Prefeito Joel Spadaro dentro dos lares botucatuenses, ou melhor, dentro dos smatphones de Botucatu e região. Ganhou a simpatia e confiança do público e é uma imagem seguramente fácil de vender.

Quando Mário Pardini deixar a Prefeitura em 2024, há que defenda que Keko, como é apelidado, seja o sucessor. Nos bastidores ele não diz “não”. Protagonista no combate à pandemia, e peça chave na conquista da vacinação em massa, Spadaro é um claro exemplo de crescimento político exponencial, mesmo que essa não fosse a intenção, inicialmente falando.

Embora seja um nome palatável para as urnas André Spadaro não está sozinho dentro do grupo capitaneado por Mário Pardini e outras figuras podem surpreender.

Fábio Leite 

O Secretário de Governo pode não ter a exposição do colega da saúde, mas foi igualmente importante durante a pandemia em Botucatu. Austero com o ‘lápis e a calculadora’ nas mãos, conduziu as contas do município durante os últimos 20 meses, especialmente para a Prefeitura ter fôlego para lidar com a destruição das chuvas em fevereiro de 2020 e os gastos da pandemia. Foi figura central na organização da vacinação em massa de Botucatu.

Habilidoso, Fábio Leite não parou um minuto, sendo uma espécie de iminência parda da administração Pardini. No jargão do futebol, seria chamado de o jogador tático, ou seja, fundamental para o time e de pouca exposição para a torcida.

Até por isso, não são poucos que o consideram o sucessor ideal dentro desse grupo para ser candidato em 2024 e até mesmo um nome para 2022. O perfil é o mesmo do seu atual “chefe”, ou seja, do gestor que trouxe conhecimento da iniciativa privada para o poder público, mas principalmente, por não ser político.

Curumim

Se tem uma coisa que André Rogerio Barbosa, o Curumim consegue ser, é político. Secretário na atual gestão desde janeiro de 2017, é chamado de o braço político de Mário Pardini na Prefeitura.

Foi eleito vereador ainda jovem, em 2008, obtendo sucesso nas urnas em 4 eleições seguidas. Curumim tem lastro e é um nome aventado no meio, porém, o caminho não é fácil.

Como Secretário de Participação Popular, talvez esperava-se uma votação realmente estrondosa para vereador em 2020. Vamos aos números: teve 1721 votos na eleição de 2016 e um total de 1896 no pleito do ano passado.

Para alguns interlocutores, a expectativa era bem maior do que a diferença real de apenas 175 votos de uma eleição para outra, após ficar 4 anos exercendo um papel político central da gestão Pardini, com contato direto com o público eleitoral. É uma conta que esse grupo terá que fazer antes de indicar Curumim como candidato a Deputado.

Mas ainda existem candidatos fora desse eixo tratado até aqui. São nomes já conhecidos, mas que circulam fora da esfera Pardini/Cury. Passamos ao primeiro personagem.

Izaias Colino

Vereador em dois mandatos (2013/2016 e 2017/2020), sendo por dois anos Presidente da Câmara (2017/2018), Izaias Colino despontava com liderança política desde a eleição de 2008, quando muito jovem ficou na suplência da Câmara de Botucatu pelo PSDB. Foi membro ativo da Juventude Tucana estadual e era apontado com um político de futuro.

Em 2016 colocou seu nome à disposição do partido para a disputa na sucessão de João Cury, mas com a escolha de Mário Pardini, não teve outra alternativa que não disputar a reeleição no legislativo. Foi justamente nesse pleito que conquistou uma expressiva vitória nas urnas, sendo o vereador mais votado daquela eleição com 2257, quase 500 a mais que o segundo colocado na oportunidade.

O tempo passou e a relação com o PSDB chegou ao esgotamento. Sem espaço no ninho tucano e também com expressa vontade de não fazer carreira do legislativo, bateu asas e foi parar no PSL para a disputa ao Executivo Municipal.

Embora tenha trabalhado bastante para uma votação que o mantivesse saudável politicamente, o resultado das urnas em 2020 foi pesado demais. Foram apenas 3.094 votos, perfazendo 4,52% dos votos válidos, deixando Colino na terceira posição, ou seja, muito longe do pretendido por seu grupo.

Mesmo com o duro golpe, o ex-vereador não deixou de discutir política. Ainda se articula constantemente, inclusive com diálogos com deputados de seu próprio partido. É possível que saia candidato a Deputado, não se sabe ainda em qual esfera.

Mário Ielo e Rose Ielo

Arquivo Acontece Botucatu

Até 2016 Mário Ielo tinha a primazia do sobrenome. Desde 2016, quando sua esposa Rose foi reeleita vereadora, não há como dissociar o nome de um e outro. Um exemplo disso, é que até o prazo final de anúncio dos nomes para a disputa da Prefeitura em 2020, Rose Ielo era apontada como provável candidata.

Rose foi reeleita para um terceiro mandato apenas em uma nova definição na distribuição dos votos. Foram 446 votos a menos do que na eleição anterior (1766/1320). Porém, a pior derrota coube mesmo ao ex-Prefeito de Botucatu.

Mário Ielo sofreu uma amarga derrota com 5.098 votos, fazendo 7,45% dos votos válidos. Muito pouco para quem foi Prefeito duas vezes (reeleito em 2004 com 77%) e já disputou 6 eleições para Prefeito. Um revés incontestável.

Em 2018 o PDT chegou a lançar as candidaturas de Rose Ielo e Mário Ielo a Deputado Federal e Estadual respectivamente. A ata de convenção do partido confirmou na oportunidade. Porém, ambos declinaram da eleição na última hora. Espera-se que em 2022 um dos dois se lance candidato.

PSOL 

Também é provável que o PSOL lance um candidato, assim como fez com Daniel Carvalho em 2018. Na oportunidade obteve 1.728 para Deputado Federal.

Candidato a vereador em 2020, o publicitário teve 305, não conseguindo o objetivo de representar a legenda no legislativo botucatuense. O PSOL desde 2012, quando lançou o advogado Gustavo Bilo a Prefeito, vem participando das eleições em Botucatu.

 

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