Na gíria popular poderíamos dizer que o PMDB fez "barba cabelo e bigode" nas eleições do Congresso Nacional ocorridas neste domingo que elegeram os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, assim como a formação das mesas diretivas de ambas as casas legislativas, para o biênio 2015/2016.
No senado, com o placar final de 49 votos contra 31, Renan Calheiros conseguiu sua reeleição. Indicado após decisão da maioria de sua bancada na sexta-feira, Renan disputava o posto com o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que lançou candidatura avulsa sem a anuência da bancada. O senador alagoano foi reconduzido à presidência do Senado e, consequentemente, do Congresso Nacional por mais dois anos.
Calheiros também foi presidente da casa de 2005 a 2007, até que denúncias de corrupção fizeram-no renunciar ao posto. Em razão dos mesmos fatos de 2007, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o senador por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. Um dos líderes do PMDB e aliado do governo do PT. Mesmo assim ele foi reeleito em uma votação secreta com 56 votos dos 78 senadores presentes na sessão, ficando até 2009 sendo substituído por José Sarney.
Já na Câmara dos Deputados, contra a mobilização do Palácio do Planalto nas últimas duas semanas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) impôs uma enorme derrota ao governo, vencendo já no primeiro turno o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), e se elegeu presidente da Câmara dos Deputados obtendo 267 votos contra 136 do petista. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que disputou no campo da oposição com o apoio do PSDB/PPS/PV, teve 100 votos.
O candidato do Planalto teve metade dos votos de Cunha, que é considerado inimigo da presidente Dilma Rousseff, com quem sempre teve uma relação difícil e comandou embates emblemáticos contra o governo. Por isso, desde o início do dia o comando da campanha petista já previa dificuldades e temia a derrota no primeiro turno.
Nem mesmo a negociação com o PR e PSD, abrindo mão de cargos que teria direito na Mesa, impediu a derrota de Chinaglia. Além de perder a presidência da Casa, o PT fica sem nenhum cargo na Mesa e perde o comando de comissões importantes, como a cobiçada Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Mas tanto Renan Calheiros no Senado como Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, estão encrencados. Ambos fazem parte da lista de políticos e governantes envolvidos em corrupção no escândalo da Petrobras e dependem de seus colegas para evitarem o processo de cassação dos mandatos por quebra de decoro.
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