Depois da aprovação do parecer na comissão, o relatório que recomenda a expulsão do parlamentar será submetido à executiva nacional do Cidadania, que vai decidir se acata ou não o parecer do comitê de ética. Cury também é alvo de um processo em comissão da Alesp, que analisa cassação do mandato dele na casa.
O conselho de ética do partido Cidadania recomendou neste domingo (10) que a legenda expulse o deputado estadual Fernando Cury (SP), flagrado em imagens apalpando o seio da colega Isa Penna (PSOL) no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo. O parlamentar é alvo de um procedimento disciplinar interno da legenda, que foi votado neste domingo no comitê de ética da sigla.
Após aprovação na comissão, o relatório será submetido à executiva nacional do Cidadania, que vai decidir se acata ou não o parecer em favor da expulsão do deputado.
Para a relatora do caso no conselho de ética do Cidadania, Mariete de Paiva Souza, a importunação sexual sofrida pela deputada do PSOL é um episódio “desrespeitoso, afrontoso e deve ser combatido”.
“As imagens do plenário por si conferem clareza ao acontecimento, com nitidez, câmeras flagraram um comportamento descabido, rasteiro e incongruente por parte do deputado Fernando Cury contra a deputada Isa Penna. O fato é grave e insolente, não nos permite outra interpretação que não a de estarmos diante de um acontecimento desrespeitoso e afrontoso, que deve ser combatido”, destacou a relatora.
Fernando Cury já tinha sido afastado das funções dele na legenda em 18 de dezembro, após a repercussão do caso de importunação sexual nas redes sociais. Na ocasião, o Cidadania declarou em nota que “a acusação refere-se a uma conduta absolutamente incompatível com os princípios defendidos” pela legenda”.
O parlamentar também é alvo de um pedido de cassação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Os membros do conselho decidiram na terça-feira (29) que o caso de importunação sexual contra o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) só será analisado pelo colegiado em fevereiro, após o fim do recesso parlamentar dos deputados.
A decisão aconteceu após um parecer da Procuradoria da Alesp afirmar que o conselho só pode se reunir durante as férias parlamentares após aprovação da convocação extraordinária em plenário, pela maioria dos 94 deputados da casa.
Segundo o documento, a direção da Alesp teria que convocar todos os parlamentares em sessão extraordinária apenas para deliberar sobre a autorização de reunião do grupo de ética.
Após essa convocação do plenário, a autorização de reunião do conselho teria que ter ao menos 48 votos favoráveis para que o processo de cassação do mandato de Fernando Cury tenha andamento no colegiado durante o recesso.
Diante da manifestação da Procuradoria, o G1 apurou que os oito membros titulares do Conselho de Ética concordaram que o caso deve começar a ser debatido apenas depois de 1º de fevereiro.
Por meio de nota, a deputada Isa Penna afirmou que, apesar do parecer da Procuradoria da Alesp, “espera que o presidente da casa se comprometa com essa articulação e ajude a conseguir a sessão. Uma vez que é um dever cívico e moral da maior casa legislativa do Brasil, e para além, que a Assembleia Legislativa de São Paulo não meça esforços e dê exemplo de como devem ser levados os casos de assédios no país”.
“Um caso televisionado e explícito como esse deve ter a relevância suficiente para somar na luta de acabar com cultura de importunação sexual e violação dos direitos das mulheres no país todo. Acredita também que poderá contar com todos os seus colegas da casa em todos os momentos em que eles forem solicitados, pois o direito das mulheres não tem viés ideológico e é universal”, disse a parlamentar do PSOL.
Fonte: G1