O recém-eleito presidente da Câmara Municipal de Botucatu, vereador André Rogério Barbosa, o Curumim, em sua primeira reunião no comando da Mesa dos Trabalhos, promete colocar na pauta um assunto que vem sendo notícia não só em Botucatu como em São Paulo, onde está instalada a matriz da Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana (ABHS), que foi assumido por um novo grupo.
O parlamentar lembra que no dia 20 de janeiro deste ano o prefeito João Cury Neto teve uma reunião com o porta voz do grupo, Carlos Amorim, que se apresentou como representante do Imperial Bank e Assim Assistência em Saúde, que assumiu a administração da ABHS, que tem sua matriz no Bairro da Lapa, em São Paulo. Também esteve nessa reunião a administradora do Hospital Sorocabana de Botucatu, Maria José Maschetti e representantes sindicais.
Estou propondo uma Audiência Pública com os diretores do grupo que assumiu o hospital assim como pessoas ligadas aos mais variados segmentos da nossa sociedade para discutir o assunto. Elaborei um requerimento propondo essa audiência e a propositura será votada na próxima segunda-feira para que esse assunto seja debatido até a exaustão para entendermos a situação real do hospital. Esse é um assunto que interessa a toda coletividade de Botucatu e também a região, frisou Curumim.
O presidente lembra que Carlos Amorim que representa o grupo, assim como os sindicatos que representam os funcionários do hospital, médicos, políticos, empresários, imprensa, entre outras personalidades ligadas aos mais variados segmentos sociais, serão convidados a participar do encontro. A discussão é de interesse da coletividade e por isso deve ser ampla e aberta a todas as pessoas interessadas em conhecer a situação do hospital. Vamos mobilizar toda a sociedade para uma discussão aprofundada e a Câmara Municipal que representa o povo é o local ideal para isso, frisou Curumim.
Carlos Amorim, na ocasião de sua visita a Botucatu, revelou os seus planos de gestão com o intuito de buscar uma solução para tirar a ABHS de São Paulo da situação em que se encontra, com uma dívida estimada em R$ 300 milhões. Chegou a sugerir ao prefeito João Cury que adquirisse o Hospital de Botucatu. Porém, nada ficou acertado e uma nova reunião ficou para ser agendada para dar continuidade ? s conversações. A Audiência Pública que estamos propondo será uma ótima oportunidade para que esse grupo que assumiu a gestão da ABHS, explique com maiores detalhes o que se pretende fazer com o hospital, observou o presidente da Câmara Municipal.
João Cury abraçou a idéia dessa audiência para que o assunto seja discutido com profundidade. O problema maior não é comprar ou construir um hospital e sim encontrar verba no orçamento para sua manutenção e para que atenda pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para solucionar o problema do Hospital Sorocabana de Botucatu, não só pelo seu valor histórico e sentimental como pela sua importância no atendimento de diferentes especialidades como Pronto Socorro (PS), ortopedia, maternidade e oftalmologia por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), ressaltou João Cury.
O prefeito lembra que no próximo mês de abril será inaugurado em Botucatu um novo PS, na região da Vila Assunção, mas nem por isso o Hospital Sorocabana seria descartado. É interessante para Botucatu contar com três PSs, contando com o da Unesp. O que poderia ser discutido é fazer do Sorocabana de Botucatu um hospital vocacionado, para atender, por exemplo, pessoas da 3ª Idade ou crianças, desde que seja 100% pelo SUS, sugeriu.
A matéria sobre esta visita de Amorim a Botucatu repercutiu no Jornal da Gente, que circula na região da Lapa, em São Paulo, onde está instalada a matriz da ABHS (WWW.jornaldagente.inf.br), sendo matéria de capa. A atuação de Amorim como representante do grupo é questionada. O editor desse jornal é o jornalista Eduardo Fiora ([email protected]).
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O secretário de Saúde do Município, Antônio Luiz Caldas Júnior, lembra que após ser reinaugurado e estruturado em um novo espaço desde outubro de 2009 com a ajuda da Prefeitura de Botucatu e administrado por Maria José Maschetti, o PS do Hospital Sorocabana nem de longe lembra o antigo local onde eram feitos os primeiros atendimentos de emergência.
Hoje, em um local mais amplo (400 m²), reformado, com sala mais adequada para a espera de pacientes, além dos novos equipamentos, o dispositivo registra quase 300 consultas por dia, o dobro em comparação com 2008 e uma média de 70 internações por mês, volume bastante alto em relação há alguns anos, frisa Caldas.
A realidade, prossegue o secretário de Saúde, é que o PS do Sorocabana vive um novo momento, com atendimento de qualidade oferecido ? população. Alguns problemas existem em horários de pico, uma vez que com a considerável melhora dos serviços, a demanda cresceu recebendo inclusive pacientes que antes eram atendidos no PS do Hospital das Clínicas, lembra.
De acordo com a administração do Hospital em Botucatu, até 2008 a Prefeitura repassava R$ 84 mil em recursos por mês, em média. A partir da nova administração municipal a ajuda financeira ao Sorocabana mais que dobrou para R$ 210 mil/mês. Não tem dívidas e está com o pagamento dos funcionários em dia.
Antigamente as reclamações da população ficavam em cima do atendimento. Era comum não encontrar médico. Tínhamos apenas um clínico e muitas falhas nas escalas de plantão. Hoje temos dois clínicos pela manhã, outros três ? noite e um ortopedista, serviço que antes não províamos. A Prefeitura transfere todos os recursos para pagar os salários destes profissionais e hoje podemos dizer que esta parceria é muito transparente, compara Maria José Maschetti, diretora administrativa do Hospital Sorocabana.
A diretora clínica do Sorocabana, Kelly Maria de Oliveira, enfatiza que além de estabilizar a situação financeira do Hospital, foi possível absorver novos funcionários que hoje totalizam 140. A Prefeitura também nos tem ajudado na compra de novos equipamentos e medicamentos. Através desta parceria foi possível oferecer a partir de setembro do ano passado, juntamente com a Unesp, exames laboratoriais realizados aqui mesmo no PS. Também passamos por adequações exigidas pela Vigilância Sanitária. Com tudo isso conseguimos prestar um atendimento em melhores condições ? população, argumenta a diretora clínica.
A Secretaria Municipal de Saúde ainda disponibilizou uma ambulância a mais ao Hospital para transporte de pacientes. O estacionamento interno do Sorocabana também recebeu pavimento feito pela Secretaria Municipal de Obras. Já na área social, o Fundo Social de Solidariedade (FSS), presidido pela primeira dama Rachel Ferronato Cury, mantém constantes doações de alimentos e lençóis.
O Hospital Sorocabana tem 60 anos de existência em Botucatu e é mantido pela Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana. Ele recebe recursos municipais, estaduais e federais. Hoje mantém 74 leitos, sendo 58 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em uma avaliação feita no final de 2009 pela Secretaria Estadual da Saúde, o Hospital recebeu a nota 8,9, considerado excelente para os padrões do serviço de saúde pública.
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