
Funkeiro segue condenado por apologia ao crime após narrar ação de quadrilha em canção. Decisão inclui indenização por danos morais coletivos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação do funkeiro Érick Rodrigues de Souza, o MC Bokão, por apologia ao crime. Ele é autor da música “Assalto em Botucatu”, inspirada na violenta ação de uma quadrilha que atacou agências bancárias na cidade em 2020.
A decisão da 14ª Câmara de Direito Criminal é de 17 de junho, mas só veio a público nesta quinta-feira, 24. A corte rejeitou parte do recurso da defesa e considerou que a letra da música exalta uma organização criminosa, configurando crime contra a paz pública.
Na canção, o MC canta na perspectiva dos assaltantes e detalha trechos da operação. Apesar da pena original de três meses de detenção, a Justiça optou por converter a punição em multa de valor mínimo legal, além do pagamento de R$ 15 mil por danos morais coletivos.
A única mudança na sentença foi a retirada de uma agravante genérica — aquela que trata de crimes cometidos para facilitar outros — o que resultou na redução da pena privativa de liberdade.
Defesa e repercussão
Após a repercussão, MC Bokão negou intenção de promover o crime ou enaltecer facções. Disse que apenas retrata fatos divulgados pela imprensa e que não tem envolvimento com o caso.
“Eu interpreto personagens. Nunca usei drogas, não bebo, tenho família, e nunca tive intenção de causar sensação de poder com as músicas”, afirmou o músico, que tem mais de 360 mil inscritos em seu canal no YouTube.
Entenda o caso
A música “Assalto em Botucatu” foi publicada pouco tempo após o mega-assalto ocorrido em 30 de julho de 2020. A ação envolveu cerca de 40 criminosos fortemente armados, que invadiram o Centro da cidade, atacaram pelo menos três agências bancárias, fizeram reféns e trocaram tiros com a polícia.
A Polícia Civil abriu inquérito após o lançamento da música, que teve grande repercussão na época. A letra cita inclusive uma possível “volta a Botucatu para resolver o caô”, o que reforçou a suspeita de apologia e resultou na investigação.
O MC chegou a prestar depoimento na sede do DEIC, em São Paulo, onde negou qualquer ligação com a quadrilha. A polícia também nunca identificou relação direta entre ele e os autores do crime.
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