Os presos ficam 24 horas ociosos arquitetando uma maneira de fugir e a polícia tem quer estar sempre atenta para evitar que isso aconteça. Essa foi a frase do delegado seccional de polícia, Antônio Soares da Costa Neto, já dita, anteriormente, mas que se encaixa perfeitamente no que aconteceu neste final de semana na Cadeia Pública de Botucatu.
Os carcereiros perceberam uma movimentação estranha na cela número 5 (ou X-5) e imediatamente acionaram o diretor da cadeia, delegado Geraldo Franco Pires. Com a retirada dos presos foi constatado de que eles haviam feito um buraco no teto da cela e já haviam transposto a laje e já vislumbravam o telhado para poder ganhar a rua. E não foi só isso. Na cela 7 (X-7), também foi detectado um buraco na parede, oculto por fotos.
Na revista dessas duas celas (X-5 e X-7), foram encontrados quatro estiletes artesanais, quatro talhadeiras artesanais, uma pedra de concreto, duas lâminas de metal e uma lâmina de serra. Os presos foram remanejados para as demais celas e a cadeia poderá passar por uma Operação Pente Fino, nas próximas horas. Outra atitude da direção é tentar descobrir como todos esses objetos chegaram ? área interna da cadeia.
Pela manhã houve a transferência de 15 detentos de Botucatu a outras cadeias de região para que os reparos causados nas duas celas, com mais essa tentativa de fuga, sejam sanados. Atualmente (na manhã desta segunda-feira), a cadeia de Botucatu conta com 116 presos.
Vale lembrar que essa transferência foi feita em razão da cadeia de Botucatu estar parcialmente interditada pela Justiça, que acatou um pedido feito pela juíza corregedora, Adriana Toyano Fanton Furukawa e não pode abrigar mais do que 120 presos, em suas dez celas, média de 12 presos por cada xadrez. Antes de sua interdição parcial, a cadeia de Botucatu chegou a contar com 264 presos, gerando a superlotação.
Um dos presos que estava em uma das celas onde a tentativa aconteceu aceitou falar com a reportagem, desde que seu nome fosse omitido. A gente tá aqui pra isso, tá ligado? Vacilou o ladrão vaza. Se a polícia tem o direito de prender, o ladrão tá no direito de fugir. É treta, mas a gente busca (a fuga). O barato aqui dentro é diferente e tem que ter respeito. Ladrão respeita ladrão, senão fica enrolado, disse.
{n}A espera do CDP{/n}
Para o delegado seccional, o problema das cadeias da região só irá se normalizar com a instalação de um Centro de Detenção Provisória (CDP). Ele entende que somente com o Centro, que tem capacidade para abrigar até 700 detentos, poder-se-á minimizar a situação da superlotação. Lembra que a demanda da região que comanda (11 municípios) é de 500 presos.
Enquanto o CDP não for construído as cadeias continuarão lotadas e os presos sempre vão buscar alternativas para fugir. Temos sempre que estar preparados para esta situação, pois essa não foi a primeira tentativa de fuga e temos a convicção de que não será a última, colocou Soares Neto. O que não pode é a polícia parar de prender criminosos, por falta de vagas, acrescentou.
Fotos: Jornal Acontece Botucatu
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