Polícia Federal faz devassa no Camelódromo

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Polícia Federal faz devassa no Camelódromo 27 maio 2010

Na manhã desta quinta-feira 60 policiais militares que fazem parte do 12º Batalhão de Policia Militar (BPM) de Botucatu, acompanhados de cinco agentes da Receita Federal de Bauru, fizeram uma verdadeira varredura no Camelódromo de Botucatu, na Rua Curuzu, para coibir o contrabando e descaminho.

Todas as barracas, sem exceção, foram vistoriadas e milhares de produtos apreendidos. O único comerciante que não teve suas mercadorias apreendidas foi um descendente de índio que comercializa em sua barraca produtos naturais, como cascas de árvores, sementes e raízes, autorizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Produtos Renováveis (Ibama) e Fundação Nacional do Índio (Funai).

Para deflagrar essa mega operação em Botucatu, a Receita Federal, acumulou várias denúncias e no início desta semana o trabalho a ser feito foi planejado juntamente com o comandante da 1ª Companhia da PM, Capitão José Semensati Júnior e o comandante do 12º BPM, tenente coronel César Francisco Toma.

Tudo o que foi aprendido como brinquedos, relógios, eletrodomésticos, entre muitos outros produtos foram encaixotados pela própria PM, colocados em caminhões e deslocadas para a Polícia Federal, em Bauru, exceto os CDs e DVDs que foram conduzidos ao 1º Distrito Policial (DP) para serem avaliados e catalogados, pois trata-se de crime contra os direitos autorais.

“Todos os produtos que não

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tinham notas fiscais foram apreendidos. Agora os comerciantes só poderão retirar os produtos se apresentarem as notas, na Receita Federal, em Bauru. Infelizmente, o contrabando é crime e tem que ser combatido. Sabemos que muita gente depende disso para viver, mas tem que entender que não podem vender produtos sem nota”, comentou Semensati.

De acordo com o tenente coronel Toma, os policiais somente sairão do local quando todos os produtos apreendidos estiverem devidamente encaixotados e catalogados. “Estamos

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tomando o cuidado de anotar na caixa quem são os proprietários dos produtos e de quais barracas foram tiradas, para que as pessoas possam recuperar os produtos levados, caso apresentem nota fiscal”, disse Toma. “O trabalho foi iniciado ? s 10 horas da manhã (dessa quinta-feira) e não tem hora para ser concluído”, avisou o comandante.

Muitos policiais que estavam participando da operação se sentiram incomodados em realizar o trabalho de apreender e encaixotar os produtos. “É muito triste isso, pois estamos tirando o ganha pão dessa gente, mas temos que fazer o nosso trabalho”, disse um policial que pediu para não ser identificado. “Não posso negar que estou triste em fazer isso, mas, infelizmente o contrabando é uma contravenção penal e todos os camelôs sabiam que isso poderia acontecer uma hora ou outra”, acrescentou outro policial.

{n}Desolação entre os camelôs{/n}

Como não podia deixar de ser o clima entre os camelôs era de desalento ao observarem os produtos sendo tirados das prateleiras e encaixotados. “A polícia chegou aqui, de repente, e enquadrou todo mundo. Não deu tempo pra nada. Minha barraca foi uma das primeiras a ser invadida. Eles levaram todos os brinquedos e outras coisas que eu tinha. Não sei como vou fazer para enfrentar isso, porque muita coisa foi comprada com cheque pré-datado e não sei como vou fazer para cobrir”, Mariângela dos Santos, a Mary.

Para Francisco Pereira dos Santos, o Chico das Redes, a operação policial vai fazer com que muita gente passe necessidade. “A maioria aqui tinha só esse meio de ganhar dinheiro para sustentar a família. Eu ainda não fiz as contas de quanto perdi, mas tenho certeza que em dez anos não recupero o que me levaram hoje”, lamentou Santos.

Outro que perdeu tudo que tinha na barraca foi Ricardo Prete. “Agora não sei o que vai ser. Não tenho reserva de dinheiro, pois meu lucro eu invisto na compra de mais produtos. Minha barraca tinha muitos (produtos) diferentes, mas ainda não calculei quanto foi perdido. Vamos ver se eu consigo recuperar alguma coisa”, disse.

Uma das mais antigas comerciantes da cidade, Sila Guimenez, alegou que nunca viu nada igual. “A (Policia) Federal nos persegue desde que a gente estava instalado na Praça do Bosque, mas nunca fizeram um operação tão grande. Eles levaram tudo, não sobrou nada. Foi mais triste ver meus amigos e amigas chorando de desespero”, lamentou. “Não sei o que vai ser dessa gente agora”, complementou.

Fotos: Valéria Cuter

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