Polícia estoura cativeiro de médico seqüestrado pela esposa

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Polícia estoura cativeiro de médico seqüestrado pela esposa 27 julho 2012

Fotos: Valéria Cuter

Um trabalho conjunto realizado pela Polícia Civil de Botucatu, São Manuel na madrugada desta sexta-feira (27) estourou um cativeiro na Vila Santa Mônica, em São Manuel, onde o médico Frank Emerson Sussumo Sato, de 41 anos de idade, estava sendo mantido como refém de um sequestro. Quando a polícia invadiu casa, encontraram o médico com as mãos fortemente amarradas e capuz na cabeça.

O agravante é que o sequestro foi arquitetado pela mulher do médico, Deise Fernanda Bertolo, de 29 anos de idade, com a participação de outras cinco pessoas: Patrick Santos de Oliveira, o Mike (21), Alessandra Thomazini (35) e sua irmã Fabiana Thomazini dos Santos (34), José Severino Lopes, o Zelão (48) e Cláudio Márcio de Souza, o Badá (34).

Tudo começou na noite de quarta-feira (25) por volta das 19h30 quando Frank Sato encerrava mais uma jornada de trabalho no Pronto Socorro (PS) do hospital da Cidade de Anhembi e estava ao lado de sua esposa Deise (mentora do crime) quando foi rendido por um casal (Patrick e Alessandra). O sequestrador, armado com um revólver, obrigou o médico a entrar no carro. (Honda Fit da mulher do médico), sendo colocado um capuz em sua cabeça. No trajeto teve as mãos amarradas e colocado no porta-malas do veículo até a chegada ao cativeiro em São Manuel onde foi deixado em um pequeno quarto. Deise, então, se fazendo de vítima, entrou em contato com os familiares de Sato que moram em Promissão explicando que o marido havia sido sequestrado e que era exigido um resgate de R$ 100 mil. O caso foi encaminhado a delegacia de Lins e de lá veio o comunicado do crime ? Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu, já que o casal morava em Botucatu na região do Jardim Paraíso.

“De maneira discreta passamos a vigiar a casa do casal por várias horas e nada foi detectado. Então procuramos a Deise e pedimos que confiasse no trabalho da polícia para livrar o marido das mãos dos sequestradores. Nas conversas percebemos que ela caiu em várias contradições, dando versões diferentes ao caso. Nós pressionamos e ela acabou revelando que havia planejado o sequestro para tirar dinheiro do marido”, lembra o delegado titular da DIG, Celso Olindo.

Com a confissão da mulher a polícia descobriu o local do cativeiro e durante a madrugada invadiu a casa, prendendo Patrick e Alessandra. Ambos tomavam conta do refém que estava amarrado e encapuzado. “A ação foi rápida e eles não tiveram tempo de reagir. Num quarto encontramos o médico e no outro os capuzes e peruca, usados no crime, assim como o revólver e os celulares. Os outros três envolvidos (Fabiana, José Severino e Claudio Márcio) foram presos na sequência”, relata Olindo.

{tam:25px}{n} Tudo deu errado {/tam}{/n}

Na delegacia Deise que tem curso superior (é veterinária e cursa a Faculdade de Direito) alegou que não pretendia fazer mal ao marido. “Precisava de dinheiro para terminar uma obra de construção e achei que ninguém iria desconfiar de mim, pois eu também estava de vítima e fiz a negociação do resgate com a família dele. Mas deu tudo errado”, lamentou a mulher, não revelando como seria dividido o regate entre os envolvidos.

Já Alessandra Thomazini que cuidou do médico nas horas em que esteve no cativeiro afirmou que cada um receberia R$ 10 mil e Deise ficaria com maior parte do resgate (R$ 50 mil). “Nós não judiamos do “japa” na casa. Até churrasco fizemos para ele comer. Entrei nessa por dinheiro e ninguém iria ser machucar, mas a polícia descobriu tudo”, disse.

{tam:25px}{n}Médico fica estarrecido {/tam}{/n}

Além de ter passado por momentos de tensão e medo nas mãos dos sequestradores que o mantiveram todo o tempo com a cabeça coberta com um capuz e com as mãos, fortemente, amarradas com fita adesiva, o médico Frank Sato, disse em entrevista ao {n}Acontece Botucatu{/n} que ficou estarrecido com a participação de sua mulher no crime.

“Isso é uma coisa que jamais poderia imaginar. Quando estava no cativeiro os seqüestradores permitiram que eu conversasse com ela por telefone e pedi que arrumasse o dinheiro com minha família para que eu fosse libertado. Quando soube que ela tinha arquitetado tudo fiquei estarrecido e muito triste. Não podia imaginar uma situação dessas, pois moramos juntos a oito anos e havíamos traçado nossos planos para o futuro. Temos uma menina de cinco anos e eu era padrasto de uma filha dela de 11”, comentou Sato.

Diz que no dia em que foi sequestrado a mulher foi buscá-lo no PS de Anhembi com o carro que ele lhe havia dado de presente. “Naquele dia íamos viajar para buscar um cachorrinho que ela queria e não percebi nada de anormal. Minha decepção para com ela foi muito grande. Ela chegou a telefonar para minha família e negociar o resgate sabendo que meu pai de 79 anos havia sofrido um infarto há dois meses”, frisou, sem querer olhar para a mulher na delegacia. “Agora vou tentar retomar minha vida esquecer tudo isso”, concluiu.

As três mulheres foram conduzidas ao presídio feminino de Itatinga e os homens ? Cadeia Pública de São Manuel. Para o delegado Geraldo Franco Pires que também participou do trabalho investigativo, o médico correu sério risco de vida. “Tenho a convicção formada de que essa quadrilha tinha planos de assassinar o médico depois de receber o resgate, pois isso é fator comum quando existe envolvimento de pessoas (sequestrador e sequestrado) próximas”.

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