Polícia Civil abre inquérito para investigar ácido em água de hemodiálise no Hospital das Clínicas

Polícia
Polícia Civil abre inquérito para investigar ácido em água de hemodiálise no Hospital das Clínicas 19 março 2019
Marcos Mores: ”Contra a saúde pública, é gravíssimo”. Foto Reprodução TV Tem

A Polícia Civil abriu inquérito policial para investigar a contaminação no tanque de água que é usada no processo de hemodiálise no Hospital das Clínicas de Botucatu.

O serviço de hemodiálise chegou a ser suspenso no sábado (16) depois que uma equipe identificou uma quantidade grande de ácido peracético, usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras, na água usada no processo de hemodiálise na primeira sessão. Cerca de 100 pacientes ficaram sem atendimento.

De acordo com o delegado Marcos Moraes, a polícia vai apurar as responsabilidades e determinar se o ato foi intencional ou culposo. O caso está sendo investigado como alteração de produtos destinados para fins terapêuticos.

“Nós estamos falando de um crime não contra um indivíduo isoladamente, mas contra a saúde pública, é gravíssimo. Poderia causar um envenenamento em massa e a morte de um número considerável de pacientes”, diz o delegado Marcos Moraes.

A sala onde fica o reservatório de água da unidade de diálise tem acesso restrito e fica trancada. No local não é usado o ácido peracético. O reservatório tem uma tampa na parte superior que seria o único acesso de qualquer pessoa com a água – o sistema de tratamento é fechado. E foi exatamente isso que chamou a atenção da direção do hospital.

Em nota, o hospital informou que o controle dessas áreas foi reforçado. E que outras medidas de segurança serão tomadas. O serviço de hemodiálise foi retomado nesta segunda-feira (18).

Limpeza dos filtros

Foto Reprodução TV TEM

O ácido peracético é usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras que vão na máquina de hemodiálise. Cada paciente possui seu kit. Depois de uma sessão, o material é higienizado com o produto e guardado com o ácido para evitar proliferação de fungos e bactérias.

Quando o paciente chega para uma nova sessão, o ácido é retirado totalmente do filtro e dutos com a água tratada. O processo é repetido várias vezes, e enquanto a água não ficar incolor após a colocação do reagente, os equipamentos não podem ser usados.

No processo de hemodiálise cada paciente usa 500 ml da água esterilizada por minuto. A terapia dura em média quatro horas.

A técnica de enfermagem, Joana Julieta da Veiga, uma das responsáveis pela limpeza dos filtros, explicou que, ao fazer o teste no último sábado em vários filtros e até no sistema de água, o reagente identificou um tom amarelado.

Isso significa, segundo ela, uma grande concentração de ácido usado para a desinfecção. “A gente testa tudo, todo dia. A gente testa muito bem antes de ligar qualquer paciente.”

Atendimentos

A unidade de diálise do Hospital das Clínicas tem 35 máquinas. Por dia em média 105 pacientes fazem a terapia. Aos domingos não são agendadas sessões.

Excepcionalmente no último domingo, toda a equipe foi mobilizada para atender os pacientes que tiveram de voltar para casa no sábado anterior. O atendimento aos pacientes de hemodiálise do Hospital das Clínicas já foi retomado.

A médica nefrologista Pâmela Falbo dos Reis, responsável pela unidade, afirma que verificou o estado de cada paciente e nenhum deles foi prejudicado. Ela admite que, caso algum deles tivesse entrado em contato com o ácido, a reação poderia ser fatal.

“Se essa concentração de ácido tivesse contato com algum paciente poderia ter acontecido algo grave”, diz a médica.

Fonte: Portal G1

Compartilhe esta notícia
Oferecimento
Salles institucional
Oferecimento