Um crime praticado por marginais especializados, com relativa freqüência, está sendo investigado pela Polícia Civil e que em muitos casos consegue lesar as vítimas. Trata-se de uma ameaça feita por telefone de sequestro, exigindo dinheiro. Na maioria dos casos as vítimas não elaboram o Boletim de Ocorrência (BO).
Os bandidos ligam para o telefone da vítima (escolhida, aleatoriamente) alegando que sequestrou um dos membros da família. Para dar mais veracidade ao crime eles colocam outra pessoa no fundo (como se fosse a pessoa seqüestrada) pedindo ajuda. Em seguida, pedem para que a pessoa dirija até o banco ou lotérica e efetue o depósito em uma conta fornecida por eles.
Esta semana uma senhora que mora na Vila Aparecida por muito pouco não foi lesada com o golpe. Ela recebeu uma ligação (a cobrar) e do outro lado da linha a pessoa afirmou que havia sequestrado sua filha. Com forte poder de persuasão, esse marginal convenceu a mulher da veracidade do sequestro. Ela saiu de sua casa e se dirigiu até uma agência bancária instalada em um supermercado na Avenida Vital Brasil para depositar o dinheiro exigido, no número da conta fornecida.
Porém, como estava bastante nervosa, comentou o fato com o gerente daquele supermercado e ele, percebendo que era um possível golpe, a tranquilizou e, simplesmente, ligou para a pessoa que os marginais teriam sequestrado. Ela própria (a sequestrada) atendeu e só então a mulher percebeu que havia caído em um golpe.
Fiquei muito preocupada e não imaginei que era um golpe. Eles ameaçaram dizendo que iriam ferir minha filha que estava com eles e perguntaram quanto eu tinha no banco. Sorte que Deus me iluminou e eu comentei o caso com o gerente do supermercado que é meu amigo e ele descobriu que era um golpe. Minutos depois eu já estava ao lado de minha filha. Foi um susto muito grande, disse a mulher pedindo que seu nome fosse preservado.
{n}Crime de profissionais{/n}
O delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Celso Olindo, revelou que este tipo de crime não é raro e em muitos casos as vítimas acabam sendo lesadas. Essas pessoas que aplicam esse golpe são profissionais com um poder de convencimento muito grande. Iniciam o diálogo e conseguem descobrir alguns dados sobre parentes próximos de suas vítimas e anunciam o sequestro exigindo resgate. As pessoas ficam em pânico e acabam seguindo a recomendação dos bandidos. Por isso, nossa orientação é que as pessoas que receberem este tipo de telefonema comuniquem, imediatamente, a polícia, para que uma ação possa ser feita. Em hipótese nenhuma o dinheiro deve ser depositado, ensina Olindo.
Diz que a maioria dos telefonemas ameaçadores é feito por condenados que cumprem pena em penitenciárias, principalmente, do Rio de Janeiro. Esses marginais fazem de tudo para que as vítimas não desliguem o telefone e é, exatamente, isso que se deve fazer, ou seja, desligar o telefone e telefonar para a pessoa que, supostamente, está sendo sequestrada. Caso não atenda a polícia deve ser comunicada. Na cela outros presos imitam voz de mulher ou de criança para dar autenticidade ao golpe, explica o delegado da DIG.
Outro dado passado pelo delegado é com relação aos valores pedidos pelos marginais. Geralmente, o suposto resgate não passa de R$ 10 mil, mas a quantia vai abaixando até que se chegue a um valor que a vítima possa conseguir, rapidamente. Muitas vezes os pedidos começam com R$ 10 mil e terminam com R$ 200,00 ou R$ 300,00, explica.
Um criminoso, prossegue Celso Olindo, não vai se arriscar a cometer seqüestro, que tem pena prevista de 08 a 30 anos, por esta quantia. Como está preso e usa um telefone celular, geralmente, roubado, qualquer quantia que consiga é interessante. Então a melhor maneira de se evitar este tipo de crime é não seguir as exigências dos marginais e acionar a polícia, conclui.
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