Em um trabalho investigativo nenhuma hipótese pode ser descartada. Essa frase dita com relativa frequência pelos policiais que trabalham na elucidação de crimes de autoria desconhecida, mostrou mais uma vez, o quanto isso é verdadeiro.
No dia 20 deste mês o corpo de uma mulher identificada como Terezinha Garcia Martinez, de 76 anos de idade, já em estado de decomposição, foi localizada pelos policiais militares Márcio e De Souza, na Rua Pedro de Barros Filho nº 93, Jardim Dona Nicota, em frente a viela Alcides Burzaca, nas proximidades da entrada da Vila Maria.
A mulher estava caída no jardim ao lado do muro que faz divisa com a casa vizinha. Pela situação do corpo estimou-se que a mulher tenha morrido a cerca de uma semana e como não havia marcas aparentes de violência ou arrombamento na casa, a causa levantada foi a de que a mulher teve morte natural. Entretanto, o trabalho policial detectou que a mulher havia sido assassinada. E o autor do crime foi preso na manhã desta terça-feira, num trabalho conjunto entre as polícias Civil e Militar. Trata-se de Bruno Campagner Giraldella, de 22 anos, que já havia sido preso em 2008, por crime de tráfico de entorpecentes e suspeito de ter cometido vários furtos naquela região da cidade. Ele poderá ser condenado por latrocínio (roubo seguido de morte).
{n}A investigação {/n}
Segundo o que foi apurado pela polícia, Giraldella invadiu o quintal da casa de Terezinha e encontrou-a no jardim. Com um pano embevecido em álcool, tapou a boca da mulher e ela teria desmaiado. Ele vasculhou a casa e encontrou os documentos da mulher, numa carteira plástica de despachante com R$ 5.000,00 e fugiu. Posteriormente jogou os documentos pessoais da mulher fora. Usou R$ 3 mil para comprar um carro modelo Tempra, com placas de Botucatu, deu R$ 500,00 ao irmão e o restante (R$ 1.500,00) gastou em diferentes pontos da cidade.
Ocorre que uma denúncia anônima alertou a polícia de que aquela senhora havia sido assassinada. Mas, o ponto fundamental da investigação se deu quando Giraldella foi abordado conduzindo o Tempra em uma blitz da Polícia Militar. Como ele não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o carro, que também estava com a documentação irregular, foi apreendido.
A polícia foi montando o quebra-cabeças e confirmou que Giraldella era mesmo o principal suspeito de ter assassinado a mulher. Munidos de um mandado de busca e apreensão os policiais foram para a casa onde Giraldella estava, na Rua Expedicionários Almiro Bernardes, nº 354, na Vila Maria e deu voz de prisão ao acusado. Já na delegacia, com todas as evidências contra ele, o indiciado reconheceu que havia roubado a mulher.
Dois fatores foram fundamentais para que esse crime fosse esclarecido. Um foi a denúncia anônima e o outro foi quando ele foi abordado numa blitz de trânsito. A partir daí as investigações se intensificaram, fomos ouvindo testemunhas e a prisão foi efetuada, num trabalho sincronizado entre as duas polícias, comemorou o comandante da 1º Companhia da PM, capitão José Semensati Júnior.
O delegado Celso Olindo, titular da Delegacia de Investigações Gerais ressaltou que Giraldella vinha acompanhando a mulher há algum tempo. Aquela senhora recebia a aposentadoria e ele a seguia até o banco e percebia que a mulher ia ao caixa e voltada para casa, sem fazer nenhuma compra. Ele deduziu que a mulher guardava dinheiro em casa e decidiu arquitetar o roubo. O crime quase que dá certo, pois tudo indicava que a mulher teve morte natural, já que tinha uma idade avançada e morava sozinha. Felizmente o crime foi esclarecido e agora o acusado terá que responder por ele na Justiça, colocou Olindo.
{n}Crime premeditado{/n}
Embora tenha sido preso na Rua Expedicionários Almiro Bernardes, Giraldella, na ocasião dos fatos, morava a três casas de Terezinha na Rua Pedro de Barros Filho e a vigiava constantemente. Diz que é usuário de drogas (maconha e cocaína) e sua intenção não era matar a mulher. Ele só queria o dinheiro que ela guardava na casa. Chegou a pensar que havia R$ 25 mil guardados.
Entrei na casa no dia 10 de janeiro e encontrei ela no jardim. Tapei sua boca com um pano com álcool e fiz ela desmaiar. Não bati nela não. Nem fiz nada com ela. Só tapei sua boca com álcool para fazer ela dormir e ela desmaiou. Depois peguei o dinheiro e fui embora, conta o acusado, fazendo, em seguida, uma declaração, no mínimo, surpreendente. Dois dias depois passei em frente a casa dela e vi ela andando pelo quintal. Por isso fiquei surpreendido quando soube que no dia 20 ela tinha morrido .
Porém, uma testemunha ouvida pela DIG relata que Giraldella lhe confidenciou que havia invadido a casa de uma mulher idosa e teria batido a cabeça dela contra o chão. Ele nega agressão e se intitula como um ladrão azarado. Não tinha nada que passar com o carro em frente da PM naquele dia, porque não tenho carta (de Habilitação). Dei azar, mas não sabia que a mulher havia morrido, disse. Quando questionado se havia alguém com ele, se mostrou taxativo. Entrei e saí sozinho.
Fotos: Jornal Acontece Botucatu
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