Julgamento de João Mathias será realizado na próxima quinta; entenda o caso

Polícia
Julgamento de João Mathias será realizado na próxima quinta; entenda o caso 16 março 2017

Um dos julgamentos mais aguardados da história de Botucatu. Assim podemos definir o Júri Popular da próxima quinta-feira, dia 23. No banco dos réus uma das figuras mais conhecidas da cidade, o empresário João Mathias, de 64 anos.

No dia 07 de dezembro de 2014, um domingo, ele assassinou sua ex-namorada, Sueli Aparecida Pereira, com 38 anos na época e Ademir Matias, então com 29 anos. O crime ocorreu em meio a popular festa realizada todos os anos em frente à igreja matriz do Bairro Guarantã.

É possível que o julgamento atraia um número recorde de pessoas para o Salão do Júri, anexo ao Fórum de Botucatu no Jardim Riviera. Ao todo 21 cidadãos de Botucatu serão intimados para a formação do Júri Popular, sendo que apenas 7 serão escolhidos momentos antes do início.

João Mathias estará no banco dos réus, sendo que sua defesa será feita pelos advogados criminalistas José Roberto Pereira e Rita de Cássia Barbuio. Na acusação provavelmente irá figurar o Promotor Marcos José Corvino. A sessão do Tribunal de Júri será presidida pelo juiz titular da 2ª Vara Criminal, Henrique Alves Corrêa Latarola.

Cronologia de um julgamento

Salão do Juri no Fórum de Botucatu deverá ficar lotado no dia 23

O julgamento de João Mathias deverá ser longo, podendo inclusive não terminar no mesmo dia. Ele obedecerá aos critérios legais e uma sequência de atos pertinentes ao chamado Júri Popular.

1 – É escolhido o conselho de sentença. Defesa e promotoria podem dispensar até três jurados sorteados. Sete participarão do julgamento

2 – Juiz, promotor, defesa e jurados formulam, nessa ordem, perguntas para o réu, que tem o direito de respondê-las ou não

3 – O juiz apresenta aos jurados o processo, expondo os fatos, as provas existentes e as conclusões da promotoria e da defesa

4 – São ouvidas as testemunhas. Primeiro as indicadas pelo juiz (quando há), seguidas pelas de acusação e depois pelas de defesa

5 – Começam os debates entre a acusação e a defesa. O primeiro a falar é o promotor, que tem duas horas para a acusação

6 – O advogado – ou defensor público, no caso de pessoas que não podem pagar – também tem duas horas para a defesa

7 – O promotor pode pedir uma réplica. Cabe ao juiz concedê-la ou não. Também pode haver uma tréplica do advogado, se necessário

8 – O juiz formula os quesitos (perguntas) que serão votados pelo conselho de sentença e os lê, em plenário, para os jurados

9 – Um oficial de justiça recolhe as cédulas de votação dos quesitos. Os votos são contabilizados pelo juiz

10 – Voltando ao plenário, o juiz pede que todos se levantem e dá o veredicto em público. Estipula a pena e encerra o julgamento

Relembre o caso

As vítimas: Sueli Aparecida Pereira e Ademir Matias foram assassinados na festa do Bairro Guarantã

O duplo homicídio cometido pelo empresário João Mathias é considerado um dos episódios mais marcantes da história recente de Botucatu.

No dia 07 de dezembro de 2014, no bairro do Guarantã, ele disparou contra a ex-namorada Sueli Pereira e seu acompanhante Ademir Matias. O crime ocorreu em meio a popular festa realizada todos os anos em frente à igreja matriz.

João Mathias era até então uma das figuras mais conhecidas de Botucatu. Durante anos foi o principal comerciante do antigo camelódromo, localizado na Praça do Bosque. Com a oficialização desses comerciantes e a criação do Centro Popular na Rua Curuzu, se estabeleceu com sua loja de eletroeletrônicos na Rua Velho Cardoso.

O crime chocou a cidade, especialmente por se tratar de uma figura muito conhecida. Homem que prendeu João Mathias, o Cabo Roberto da Polícia Militar lembra de cada detalhe da dramática perseguição ao comerciante.

“Eu tinha recebido denúncia de que o João Mathias tinha atirado em duas pessoas no Guarantã. Liguei para o Sargento na época e decidimos ir para lá. O caminho mais lógico seria ir pela Marechal Rondon (SP-300), mas acabamos indo por Rubião Junior. Quando passávamos por lá vimos ele naquela rua onde tem os restaurantes e a portaria da Unesp. Era o Monza de vidro quebrado e quando tivemos certeza que era ele, passamos a acompanhá-lo. Ele não parava, não parava e entramos na cidade ele ia subindo em calçada, não parava nas esquinas. Na Rua Curuzu ele estourou os pneus do carro, mas mesmo assim seguiu até a Vila Maria, quando perdeu o controle a bateu”, disse o Cabo Roberto.

O Policial relata que ao realizar a abordagem, João Mathias era um homem transtornado. E lembra que ao perguntar sobre o acontecido, a resposta foi enfática. “Fiz cagada, Roberto”.

“Ele estava totalmente transtornado, não era o João que eu conhecia, não era. Revistamos o carro, recolhemos a arma do crime e me lembro que tinha muita pedra dentro do veículo, pois as pessoas o atacaram na festa com pedradas após os crimes”, relatou ao Acontece Botucatu o Cabo Roberto, que estava acompanhado do Cabo Bianchi.

De acordo com testemunhas que presenciaram o crime, João Mathias chegou ao local da festa e visualizou Sueli dançando com Ademir. Ele sacou de um revólver calibre 38 e disparou um tiro contra a cabeça do desafeto, que imediatamente caiu de bruços. Sueli tentou fugir, mas Mathias disparou três tiros contra ela, sendo que dois acertaram as costas e o pescoço e um terceiro atingiu o para-brisa de um carro estacionado.

Na sequência Mathias voltou-se para o homem caído e disparou a queima roupa o segundo tiro contra sua cabeça. Imediatamente saiu correndo e fugiu em seu carro, um Monza da cor verde. Algumas pessoas que estavam na festa ainda tentaram interceptar a fuga atirando pedras no veículo, que teve o vidro lateral estilhaçado.

Sueli Pereira ainda foi socorrida com vida por uma enfermeira que estava na festa, mas morreu ao dar entrada no Hospital das Clínicas. Mathias retornou para Botucatu e após intensa perseguição policial por várias ruas da cidade, bateu o veículo no início da Rua João Morato da Conceição, na Vila Maria.

Estiveram nessa operação para prender o comerciante a Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Civil Municipal. Ao chegar no Plantão Permanente, após receber atendimento por conta de vários ferimentos no rosto causados pelo acidente, Mathias disse que namorava Sueli há 12 anos e teria descoberto que ela o traia há dois anos.

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