Caso João Mathias completa dois anos; comerciante ainda aguarda julgamento dos crimes

Polícia
Caso João Mathias completa dois anos; comerciante ainda aguarda julgamento dos crimes 06 dezembro 2016

(Fotos arquivo Acontece Botucatu)

joao-mathians-arquivo-5Um dos episódios mais polêmicos da história recente de Botucatu completa 2 anos nesta quarta-feira, dia 07, o duplo homicídio cometido pelo comerciante João Mathias no bairro Guarantã. Na oportunidade, ele disparou contra a ex-namorada Sueli Pereira e seu acompanhante Ademir Matias.

O crime ocorreu em meio a popular festa realizada todos os anos em frente à igreja matriz. João Mathias é uma das figuras mais populares e conhecidas de Botucatu. Durante anos foi o principal comerciante do antigo camelódromo, localizado na Praça do Bosque. Com a oficialização desses comerciantes e a criação do Centro Popular na Rua Curuzu, se estabeleceu com sua loja de eletroeletrônicos na Rua Velho Cardoso.

O crime chocou a cidade, especialmente por se tratar de uma figura muito conhecida. Homem que prendeu João Mathias, o Cabo Roberto da Polícia Militar lembra de cada detalhe da dramática perseguição ao comerciante.

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Momento da prisão de João Mathias na Vila Maria: “Fiz m…”, disse o comerciante ao ser preso

“Eu tinha recebido denúncia de que o João Mathias tinha atirado em duas pessoas no Guarantã. Liguei para o Sargento na época e decidimos ir para lá. O caminho mais lógico seria ir pela Marechal Rondon (SP-300), mas acabamos indo por Rubião Junior. Quando passávamos por lá vimos ele naquela rua onde tem os restaurantes e a portaria da Unesp. Era o Monza de vidro quebrado e quando tivemos certeza que era ele, passamos a acompanhá-lo. Ele não parava, não parava e entramos na cidade ele ia subindo em calçada, não parava nas esquinas. Na Rua Curuzu ele estourou os pneus do carro, mas mesmo assim seguiu até a Vila Maria, quando perdeu o controle a bateu”, disse o Cabo Roberto.

O Policial relata que ao realizar a abordagem, João Mathias era um homem transtornado. E lembra que ao perguntar sobre o acontecido, a resposta foi enfática. “Fiz cagada, Roberto”.

“Ele estava totalmente transtornado, não era o João que eu conhecia, não era. Revistamos o carro, recolhemos a arma do crime e me lembro que tinha muita pedra dentro do veículo, pois as pessoas o atacaram na festa com pedradas após os crimes”, relata ao Acontece Botucatu o Cabo Roberto, que estava acompanhado do Cabo Bianchi.

Hoje, com 64 anos, João Mathias está preso no Centro de Detenção Provisória de Cerqueira César, onde aguarda a data de seu julgamento. Sua defesa é feita pela advogada criminalista Rita de Cássia Barbuio. O caso tramita na 1ª Vara Criminal do Fórum de Botucatu. Não há uma data definida para o seu julgamento.

O Radialista Vanderlei dos Santos da Rádio Municipalista recebeu várias cartas do comerciante. No aniversário da cidade, o comunicador resolveu divulgar o conteúdo.

“Ele relatava que queria cumprimentar a população por conta do aniversário da cidade. Mandava um abraço a todos, pedia desculpas e se mostrava muito arrependido, mas tinha que cumprir sua sentença. Ele relatava que vivia uma situação difícil no CDP, mas tinha que arcar com seus atos. Ele se mostrou nessa carta uma pessoa mais conformada com a situação”, relatou Vanderlei dos Santos. Essa também foi a última carta de João Mathias.

Relembre o crime

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As vítimas: Sueli Pereira e seu namorado Ademir Matias

João Mathias foi o autor de um duplo assassinato no Bairro Guarantã, onde estava era realizada uma tradicional festa em frente à Igreja Matriz. As vítimas eram Sueli Pereira, de 38 anos e seu namorado Ademir Matias, de 29 anos. Sueli tinha sido namorada do comerciante.

De acordo com testemunhas que presenciaram o crime, João Mathias chegou ao local da festa e visualizou Sueli dançando com Ademir. Ele sacou de um revólver calibre 38 e disparou um tiro contra a cabeça do desafeto, que imediatamente caiu de bruços. Sueli tentou fugir, mas Mathias disparou três tiros contra ela, sendo que dois acertaram as costas e o pescoço e um terceiro atingiu o para-brisa de um carro estacionado.

Na sequência Mathias voltou-se para o homem caído e disparou a queima roupa o segundo tiro contra sua cabeça. Imediatamente saiu correndo e fugiu em seu carro, um Monza da cor verde. Algumas pessoas que estavam na festa ainda tentaram interceptar a fuga atirando pedras no veículo, que teve o vidro lateral estilhaçado.

Sueli Pereira ainda foi socorrida com vida por uma enfermeira que estava na festa, mas morreu ao dar entrada no Hospital das Clínicas. Mathias retornou para Botucatu e após intensa perseguição policial por várias ruas da cidade, bateu o veículo no início da Rua João Morato da Conceição, na Vila Maria.

Estiveram nessa operação para prender o comerciante a Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Civil Municipal. Ao chegar no Plantão Permanente, após receber atendimento por conta de vários ferimentos no rosto causados pelo acidente, Mathias disse que namorava Sueli há 12 anos e teria descoberto que ela o traia há dois anos.

“Perdi a cabeça quando fiquei sabendo. Dei tudo para ela e eu não merecia isso”, disse aos repórteres na chegada ao Plantão Permanente. Ele também revelou aos policiais que o capturaram que não aguentaria ser preso novamente e só não tirou a própria vida porque as balas do revólver falharam.

Quem colheu o depoimento de João Mathias na oportunidade foi o delegado Dr. Geraldo Franco Pires. O empresário foi recolhido à Cadeia Pública de Itatinga e depois escoltado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cerqueira César.

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