Na manhã desta quarta-feira os agentes Barcaça e Lucchesi, do Grupo Especial de Patrulhamento Ostensivo com Motocicleta (GEPOM), da Guarda Civil Municipal (GCM) fizeram o recolhimento de 6 pessoas que estavam perambulando por ruas e praças da cidade. A ação faz parte do projeto Abordagem Social na Rua, desenvolvido pelo Centro de Atendimento ao Migrante Itinerante e Mendicância (CAMIM), antigo Albergue Noturno de Botucatu, que funciona na Avenida Paula Vieira, região da Vila Ema. O Centro tem na coordenação a assistente social Irani Branco Lourenço, que está no projeto há 18 anos.
Essa operação de retirada de pessoas da rua é desenvolvida, rotineiramente, sempre que é feita uma denúncia, ou mesmo em operações cotidianas de patrulhamento pelas ruas e praças da cidade onde essas pessoas são abordadas. Como não portam documentos são encaminhados ao CAMIM para passar por uma triagem, colocou Barcaça. Grande parte de pessoas abordadas já tiveram passagens policiais ou têm pendências com a Justiça, acrescentou Lucchesi.
Segundo Irani Branco, em média, passam pelo CAMIM 500 pessoas por mês a partir dos 18 anos de idade, sendo que 80% são dependentes de crack ou alcoólatras. Para os que passam de 60 anos é procurada uma vaga no asilo.
Essas pessoas vêm de diferentes regiões do País, trazendo os mais variados problemas, principalmente a dependência química. Como não têm recursos são assistidas por um ou dois dias e depois vão embora. Entretanto, acabam retornando e a reincidência ultrapassa os 80%, conta Irani Branco. O crack é o flagelo do País que superou o álcool e na nossa entidade não é diferente, acrescentou a diretora.
Outro problema enfrentado pelos funcionários é que não são raras ? s vezes em que pessoas com pendências na Justiça procuram o CAMIM. Em razão disso, temos uma parceria com a Guarda Civil Municipal (GCM) que sempre está pronta para nos atender, seja para fazer o encaminhamento dos procurados, como também para a retirada dessas pessoas das ruas. São os guardas que fazem o rastreamento, disse Branco.
Também constam casos de pessoas que saem dos seus estados em busca de uma vida melhor em São Paulo e acabam se espalhando pelo interior, chegando até Botucatu. O problema é que a maioria não tem qualificação, não conseguem emprego, passam a morar na rua e acabam entrando na dependência do crack. Aqui recebem atendimento, são alimentados e tomam banho. Alguns ficam algumas horas enquanto outros passam dias, até que retornem para suas cidades ou estados de origem. Os que são de Botucatu nós procuramos encaminhar ? s respectivas famílias, comenta a assistente social. Cada pessoa que passa por aqui tem uma história de vida diferente, emenda.
Com 14 funcionários prestando serviço no local, Iraci adianta que seu principal problema não é financeiro, mas sim a falta de uma parceria mais próxima com a área de Saúde. O caso de pessoas dependentes de crack, por exemplo, é um grave problema de Saúde, que afeta o Brasil. Este é o nosso principal problema e a resolução não depende de nós e as vagas em clínicas para fazermos a internação são escassas. Por isso a reincidência é grande, complementa.
Fotos: Valéria Cuter
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