Das 18 ? s 20H45. Foi este o tempo que os policiais do Corpo de Bombeiros levaram para resgatar o corpo do trabalhador braçal José Ivanildo da Silva, de 37 anos de idade, de um monte de terra que desbarrancou e caiu sobre o seu corpo. Ele estava trabalhando em área do antigo Hotel Peabiru, com entrada pela Rua Curuzu, onde funcionava o estacionamento. Toda aquela área e o prédio estão em reforma.
Ivanildo estava trabalhando próximo a um barranco de terra de, aproximadamente, três metros de altura, com outro companheiro. De repente a terra cedeu e caiu em cima dos trabalhadores. Um conseguiu sair ileso, mas o segundo (Ivanildo) ficou soterrado embaixo de mais de uma tonelada de terra compactada. Os bombeiros tiveram muito trabalho para retirar o volume de terra que cobriu corpo da vítima. Foi necessário o uso de uma pá-carregadeira para revirar a terra e localizar o corpo.
O sargento Ferrari salientou que desde o início dos trabalhos tinha consciência de que seria muito difícil resgatar a vítima com vida, em razão do grande volume de terra que desmoronou sobre ela. As chances de encontrar esse cidadão com vida eram remotas, mas mesmo assim trabalhamos com muito cuidado na procura do corpo. Infelizmente, foi esta mais uma tragédia que aconteceu em nossa cidade. Nossa vontade era de o ter tirado com vida, mas não foi possível, lamentou o bombeiro.
Quando a terra cedeu estava do lado de Ivanildo o também trabalhador braçal, Antônio Bispo de Sena Filho, de 25 anos. Ele conta que tudo aconteceu de repente. Não deu tempo pra nada. A terra caiu em cima da gente. Acho que tinha mais de três metros de terra. Como estava mais longe do barranco, só fiquei preso da barriga pra baixo e assim mesmo foi difícil sair. O Ivanildo estava muito perto do barranco e recebeu toda carga de terra. Ele desapareceu no meio daquela terra toda, lembra Sena Filho.
Esteve no local o presidente do Sindicato da Construção Civil, Carlos Alberto Tenore, que irá solicitar interdição da obra. Nós já tínhamos alertado a empresa sobre a falta de segurança desse local. Os trabalhadores estavam tirando terra sem escorar o barranco e o risco de um desmoronamento era eminente. Vamos pedir a interdição dessa obra e os trabalhos só recomeçam se todas as normas de segurança forem obedecidas. E tem outro agravante: esse pessoal trabalha mais de 12 horas por dia, comentou Tenore.
A empresa que está fazendo o trabalho nessa parte externa do antigo Peabiru Hotel, onde se prevê um estacionamento de uma rede de roupas, a Fernando & Martins e os trabalhadores vieram da região norte do Brasil. A maioria do Rio Grande do Norte e uma parcela menor de Tocantins. Eles chegaram dos seus estados, diretamente, contratados para trabalhar nessa obra em Botucatu.
Fotos e vídeo: David Devidé
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