A família de uma menina de apenas 12 anos de idade planejou uma armadilha e conseguiu deter um homem que pretendia fazer sexo com a garota e levá-la para viver com ele. Ao interceptar as primeiras mensagens trocadas entre o homem, de 51 anos, e a vítima, parentes começaram a se passar pela adolescente e o convenceram a marcar um encontro.
Os nomes da garota e de seus familiares foram preservados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A identidade do homem também não será divulgada, uma vez que ele responde em liberdade.
Segundo boletim de ocorrência (BO), o acusado é morador de Avaré (120 quilômetros de Bauru). No início da tarde dessa quinta-feira (15), a Polícia Militar recebeu denúncia anônima de que um pedófilo chegaria a Bauru de ônibus e foi ao Terminal Rodoviário. Mas, quando chegou ao local, um tumulto já havia se formado.
“Ele já tinha desembarcado e a família e populares o atacaram quando ele se aproximou da menina, que foi usada como ‘isca’. A equipe conteve a confusão e encaminhou o homem para a CPJ (Central de Polícia Judiciária) com ferimentos leves no rosto”, comenta o tenente Rafael Nunes Vaz de Oliveira.
A tia da adolescente, que também foi à Rodoviária, ficou com uma das mãos machucadas depois de agredir o homem. “Ele desceu do ônibus, foi direto em direção a ela e se apresentou. Estávamos a alguns metros de distância e fomos para cima. Algumas pessoas que estavam na plataforma se revoltaram e bateram nele também”, revela.
A mulher conta que o primeiro contato entre o homem e a menina foi estabelecido por meio de uma ligação que ele fez por engano para o celular dela, na última sexta. Possivelmente, ao perceber que a voz era de uma criança, começou a enviar mensagens, com a intenção de conhecê-la, mas sob a condição de ela “não contar nada para ninguém”.
“Ela percebeu que aquilo não era certo e mostrou para a mãe. Começamos a responder como se fosse ela. Tinha dias em que ele queria ouvir a voz dela, pra ter certeza de que era ela que estava respondendo. Então, colocamos a irmã dela (de 10 anos) para falar com ele”, detalha a tia, salientando que a caçula só foi envolvida porque a família queria “colocar este monstro na cadeia”.
‘Fazer um bebê’
Segundo a mulher, todos ficaram horrorizados com o teor das mensagens que o homem acreditava estar trocando com a menina. O conteúdo, de fato, era bastante explícito. Por mais de uma vez, o homem disse que queria “fazer um bebê” com a garota. Também detalhava como seria quando ambos mantivessem relações sexuais e pedia para que ela descrevesse suas partes íntimas, ao mesmo tempo em que descrevia as dele.
Instigava, ainda, a adolescente a fugir de casa para morar com ele em Avaré, onde dormiriam “na mesma cama”, “sem roupas” e fariam “amor todos os dias”. Ele até mesmo disse que havia reservado um quarto de hotel para ficar com a menina. Constantemente, ele também procurava se certificar de que os pais da garota não sabiam das conversas e pedia, inclusive, para que vítima sempre apagasse as mensagens recebidas.
Após ouvir a mãe, a vítima e o acusado na CPJ, o delegado plantonista Frederico José Simão decidiu liberar o homem. Os celulares foram apreendidos e serão periciados. O caso foi enquadrado no artigo 241-D do ECA, que consiste em “aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso”. A pena é de um a três anos de prisão, mais multa.
Sem flagrante
O acusado confessou ter trocado mensagens obscenas, achando que falava com a garota. Porém, o delegado plantonista Frederico José Simão explica que o liberou porque não houve o flagrante. “O fato ocorreu há mais de uma semana. Depois desse tempo, era a família quem estava falando com ele. Por isso, não houve o flagrante. Mas, com o decorrer do inquérito, a polícia pode pedir a prisão dele”, argumenta.
Ele destaca, ainda, que o fato de a família ter se passado pela menina e conversado durante todo esse tempo prejudicou a situação. “A família instigou ele. Em depoimento, ele não confessou que tenha vindo atrás da garota [com intenção de manter relações com ela]. Ele diz que ela reclamava muito dos pais e, por isso, veio. O ideal seria que a mãe ter feito o boletim de ocorrência assim que o primeiro contato ocorreu”.
A tia da vítima, contudo, salienta que a mãe procurou a CPJ por duas vezes ao longo da última semana para prestar queixa sobre o fato. “Eles disseram que não iriam fazer BO, porque poderia ser trote e nos orientou para que marcássemos um encontro e, depois, procurar a polícia”.
Frederico Simão também destaca que, “na lei brasileira, não existe o crime de pedofilia”. Por isso, segundo ele, o caso foi enquadrado no artigo 241-D do ECA.
Fonte JCNet
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