A inflação está em baixa, mas na contramão dessa tendência está o preço do gás de cozinha, que nos últimos meses não para de aumentar e os motivos vêm lá de fora. Os efeitos do Furacão Harvey, que atingiu o sul dos Estados Unidos em agosto, até hoje são sentidos pela população brasileira.
É o que garante o economista da FGV-RJ André Braz. O gigantesco ciclone tropical paralisou a produção de petróleo e gás no Golfo do México. Como boa parte do gás consumido no mundo sai de lá, os preços dispararam.
“Está subindo por conta de problemas que aconteceram no mercado. Furacões nos Estados Unidos e tal. Desperdícios são contraindicados, principalmente nesse período em que ele está ficando mais caro”, explica o economista.
Esta semana, o reajuste para as distribuidoras foi de 12,9%. A expectativa é que o botijão fique, em média, R$ 3 mais caro. Para o seu Luis, faz uma boa diferença. “Eu venho aqui duas vezes, dá R$ 6. Dá para comprar um feijãozinho, um arrozinho”, disse.
Desde junho, a Petrobras já anunciou cinco aumentos para o gás de cozinha. Nesse período, o preço do botijão nas distribuidoras subiu quase 50%. Para o dono de uma revendedora, o mais difícil é explicar para os clientes a razão para tantos reajustes. E muito acima da inflação.
O revendedor de gás William de Abreu diz que com a nova política de preços do gás anunciada pela Petrobras em junho a tabela muda toda hora. O valor leva em consideração a cotação do gás no mercado internacional e o câmbio.
“A população não entende, acha que é o revendedor que aumenta, mas na realidade é a Petrobras. E, às vezes, nem dá para repassar todo o aumento, senão a gente acaba perdendo, ficando perdido aí no mercado, deixa de vender”, explicou o revendedor.
Para os consumidores, os aumentos do gás e também da gasolina chegaram a quase 10% desde junho, enquanto a inflação no período bateu recordes de baixa. Para muitos brasileiros, os preços tiveram o impacto semelhante ao de um furacão.
Repórter: A conta, estou vendo ali, quase R$ 250.
Consumidor: Quase R$ 250, brincadeira, né? No início do ano, a gente pagava R$ 200, no máximo. Já está R$ 240. Absurdo.
A Petrobras reafirmou, em nota, que os reajustes no gás de cozinha e na gasolina estão ligados à variação dos preços no mercado internacional e declarou que as revisões de preços nas refinarias podem ou não se refletir no preço final ao consumidor.
Portal G1
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