A diferença entre o que o brasileiro paga de juros quando toma dinheiro emprestado e o que recebe quando investe é enorme.
Uma dívida de R$ 1.000 no cartão de crédito cresceria mais de 5 vezes em um ano e passaria de R$ 5.000 se nada fosse pago. Os mesmos R$ 1.000 aplicados na poupança demorariam 20 anos para ter essa valorização.
Cálculos feitos por Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostram que gastos de R$ 1.000 se transformam numa dívida de R$ 5.109,71 ao longo de um ano, se o devedor não pagar nada.
O cálculo foi feito com base na taxa média cobrada em janeiro pelas instituições no cartão de crédito, de 14,56% ao mês, ou 410,97% ao ano, segundo pesquisa da Anefac. Não foram considerados encargos ou outras taxas.
Se essa pessoa deixasse esses mesmos R$ 1.000 na poupança, levaria mais de 20 anos (241 meses) para atingir os R$ 5.109,71, considerando os atuais juros de 0,68% por mês que remuneram a aplicação.
E se pagasse apenas o mínimo?
Se o consumidor pagasse apenas o valor mínimo da fatura (15% do total da dívida a cada mês), em um ano, ele teria desembolsado R$ 1.565,66 e ainda restaria pagar R$ 634,44. "Somente de juros ele teria pago R$ 1.196,09", afirma Oliveira.
Por isso, a recomendação do especialista é que assim que perceber que não vai conseguir pagar os gastos no cartão, o consumidor deve trocar essa dívida por outra com juros menores.
Se obtiver um empréstimo pessoal nos bancos, por exemplo, irá pagar uma taxa média de 4,47% ao mês.
Desse modo, o empréstimo pessoal de R$ 1.000 em 12 meses seria pago em parcelas de R$ 109,48, num montante de R$ 1.313,76 – 74% a menos do que o valor pago no cartão de crédito.
"Existem dívidas mais baratas para contrair um financiamento, o cartão é a pior dívida. É a mesma coisa que pegar um táxi para ir do Rio a São Paulo: vai ficar muito caro."
Como fazer os cálculos?
Para calcular o valor futuro de uma dívida, não basta fazer uma multiplicação simples, pois são utilizados juros compostos. É preciso ter uma calculadora financeira ou fazer esses cálculos utilizando a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, acessando o link http://zip.net/bml1xC
Como queremos saber quanto será uma dívida de R$ 1.000 após 12 meses a uma taxa de juros de 14,56%, vamos utilizar a calculadora "Valor Futuro de um Capital”, substituindo os dados assim:
§ Número de meses = 12
§ Taxa de juros mensal = 14,56%
§ Capital atual = R$ 1.000
Clique em "calcular". O resultado do "valor obtido ao final" será de R$ 5.109,71.
Poupança
Para saber quanto tempo levaremos para receber os mesmos R$ 5.109,71 pela atual remuneração de 0,68% ao mês da poupança, vamos usar a mesma calculadora "Valor Futuro de um Capital" e deixar o número de meses em branco na tabela. Assim:
§ Taxa de juros mensal = 0,68%
§ Capital atual = R$ 1.000
§ Valor obtido ao final = R$ 5.109,71
Clique em "calcular". O resultado do "número de meses" será 240,69, ou, arredondando, 241 meses.
Prestações do empréstimo pessoal
Para calcular o valor das prestações ao utilizar o empréstimo pessoal, a uma taxa de juros de 4,47% ao mês, utilizamos a calculadora "Financiamento com prestações fixas"
Vamos substituir os dados na tabela:
§ Número de meses = 12
§ Taxa de juros = 4,47%
§ Valor financiado = R$ 1.000
Clique em "calcular". O "valor da prestação" será de R$ 109,48. Ao multiplicar esse valor por 12 em uma calculadora simples, obtemos R$ 1.313,76.
Miguel Ribeiro de Oliveira explica que o cálculo do desembolso caso o consumidor tivesse optado por pagar o rotativo mês a mês é mais complicado, pois é necessário fazer um cálculo mês a mês da dívida.
(Fonte: UOL)
Compartilhe esta notícia