Bacias hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste podem ser afetadas
O Brasil pode perder 40% de disponibilidade de água até 2040, de acordo com estudo da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) divulgado nesta quarta-feira (31).
A pesquisa “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil” foi lançada em uma live da agência que deu início à Jornada da Água 2024, que terá como tema “A Água nos Une, o Clima nos Move”.
Participaram da transmissão ao vivo os ministros Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional, e Jader Filho, das Cidades, e o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, João Paulo Capobianco, além da diretora-presidente interina da agência, Ana Carolina Argolo, e dos diretores interinos Nazareno Araújo e Marcelo Medeiros.
A pesquisa inédita apresenta os efeitos da mudança climática na disponibilidade de água no Brasil.
O levantamento é dividido em três recortes temporais: de 2015 a 2024; de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100. “O nosso estudo foi baseado em diversos modelos climáticos. Portanto, não é apenas um modelo climático, a partir dos modelos climáticos globais, várias modelagens foram desenvolvidas, o que nos fez identificar um consenso, uma convergência de cenários que permite ao gestor antecipar e tomar decisões na formulação de políticas públicas”, explicou Nazareno Araújo.
Segundo a publicação, a disponibilidade de água pode diminuir nas bacias hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste. Pela pesquisa, existe uma tendência na região nordeste de aumento do número de trechos de rios intermitentes – que secam de forma temporária. A região também deve ter redução dos volumes de chuva, intensificando a seca no semiárido e na faixa litorânea.
Na região Sul, ao contrário das demais, há uma tendência de aumento da disponibilidade hídrica de até 5% até 2040. No entanto, há uma maior possibilidade de imprevisibilidade climática, como eventos de secas e cheias e inundações, como já tem ocorrido nos últimos anos.
Para o Norte, região que abriga grande parte da Amazônia, o estudo aponta que há perspectiva de secas mais frequentes e intensas, além da redução nas vazões dos rios e volumes médios de chuvas.
Concentração de grandes centros urbanos, o Sudeste tende a ter uma redução nas vazões em função da mudança climática, o que ocasiona a diminuição da disponibilidade de água nas bacias hidrográficas. O levantamento ainda aponta um cenário incerto sobre as condições climáticas futuras no Centro-Oeste.
Sobre a emissão de gases do efeito estufa, a ANA destaca a necessidade de conter a emissão para evitar uma estiagem em três das cinco regiões do Brasil.
Jornada da Água 2024
Após o anúncio do tema “A Água nos Une, o Clima nos Move”, o ministro Waldez Góes disse que o tema exige “sinergia muito grande”. Ao falar dos eventos climáticos que atingiram o país em 2023, o ministro lembrou das cidades que decretaram emergência.
“No ano passado, só para ter uma ideia, nós tivemos 2.123 municípios vivendo em situação de emergência. Por aí já dá para se ter a dimensão. Ou por falta, ou por excesso de água”, disse Góes. Em sua fala, o ministro Jader Filho apontou que é necessário o trabalho de preparação para os eventos. “Quando se trata de urbanismo hoje em dia, se trata em dois temas: adaptação e resiliência”, destacou o ministro das Cidades.
Representando a ministra Marina Silva, o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, citou os 100 milhões de brasileiros que ainda não possuem acesso a saneamento, de acordo com números do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
O secretário lembrou, também, que dos 88 programas propostos pelo Plano Plurianual, aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado, 50 são programas transversais voltados à questão ambiental e do clima. “A governança e gestão de recursos hídricos é uma das principais ferramentas de adaptação aos impactos das mudanças climáticas”, pontuou Capobianco.
Fonte: CNN Brasil
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