Agricultores da região de Avaré tem vendas superiores a R$ 500 mil

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Agricultores da região de Avaré tem vendas superiores a R$ 500 mil 07 fevereiro 2016

Foto – Divulgação

O projeto coloca em prática a sustentabilidade, produzindo alimentos em quantidade e qualidade, aumentando renda ao agricultor e viabilizando novos postos de trabalho

 

Redesenho agroecológico nas cadeias produtivas da região de Avaré, realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), tem trazido ótimo retorno econômico para os agricultores familiares da Associação dos Produtores Rurais dos Seis Bairros. Com a mudança estratégica trazida principalmente pelo Sistema Palha, Muda Alta e Biofertilizante (PMB), a expectativa de lucro para 2016 ultrapassa os R$ 500 mil, além do ganho em saudabilidade nos alimentos e na preservação dos recursos naturais.  

A entidade com 45 associados está prestes a assinar seu terceiro contrato de venda, que em 2016 ultrapassará R$ 500 mil, com muitos agricultores comercializam individualmente no Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS). Os agricultores vendem também, desde 2013, parte da produção para a merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A agroecologia entrou forte na região com o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (Nea), criado em 2013. É uma parceria entre a Cati Regional Avaré e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (IFSP) Campus Avaré, por meio de apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Nossa extensão rural feita por meio da Cati em projetos como o de Avaré é essencial para gerar renda e garantir valor à produção do pequeno agricultor. Neste caso há ainda o ganho adicional de preservação ambiental e saudabilidade do alimento. Estas são três das principais recomendações do governador Geraldo Alckmin para nós da Secretaria de Agricultura”, lembrou o secretário Arnaldo Jardim.

O apoio no acesso ao mercado pelo Programa Microbacias II, a preocupação com a qualidade dos alimentos e a segurança alimentar e nutricional, bem como as ações desenvolvidas no São Paulo Orgânico, motivaram a ampliação das parcerias do Núcleo e a formação de uma rede sociotécnica para o redesenho agroecológico das cadeias produtivas na região de Avaré. A mudança priorizou os circuitos curtos de produção e consumo, que permitem maior remuneração e valor agregado e, ao consumidor, a garantia de mais qualidade dos alimentos a um custo acessível.    

“O projeto coloca em prática a sustentabilidade, produzindo alimentos em quantidade e qualidade, aumentando renda ao agricultor e viabilizando novos postos de trabalho. A expectativa é de que ampliando a renda e a qualidade de vida dos agricultores familiares, a atividade seja atrativa ao jovem, promovendo também a renovação e a permanência na atividade rural”, ressalta Eliseu Aires de Melo, diretor da Cati Regional Avaré.

Uma série de capacitações sobre conceitos de agroecologia, sistemas orgânicos de produção e planejamento do uso do solo e a realização de duas edições do “Semeando Agroecologia em Avaré”, encontro técnico com mesas-redondas, dias-de-campo e palestras, fizeram parte das atividades em 2014 e 2015. O destaque foi a participação do Nea Avaré na Feira da Agricultura Familiar (Agrifam), ocasião em que foi apresentada a tecnologia inovadora de produção registrada como Sistema Palha, Muda Alta e Biofertilizante (PMB).

 

Sistema PMB

É uma tecnologia de plantio direto na palha sem herbicida, com uso de biofertilizante e muda alta. O Nea Avaré consolidou o PMB nas pesquisas desenvolvidas nas Unidades de Adaptação de Tecnologia (UATs) no município de Avaré. Para o bom funcionamento, cada agricultor deve encontrar a forma mais simples de obter palha na sua propriedade.

No caso de Avaré, a Prefeitura doa resíduos de podas da arborização urbana triturados. Outra etapa é a produção de mudas altas, usando alternativas de recipientes como copos plásticos descartáveis ou pequenos vasos. A terceira fase é a produção de biofertilizante líquido usando o material disponível (estercos, farelos e outros resíduos orgânicos).

A parte líquida será usada na adubação de cobertura e para abrir os “berços” de plantio. O lodo acumulado no fundo do tanque pode ser utilizado como adição regular de esterco na área de produção e também como material para plantio das mudas altas.

O homem do campo deve questionar sempre como pode melhorar o sistema, trocando experiências com outros produtores e técnicos da Cati. A lógica do Sistema PMB é não revolver solo, ajustando a sequência dos plantios no campo, para que o agricultor ganhe mais tempo, use menos terra e água para produzir, faça menos esforço e use menos máquinas e implementos.

Apesar de ser utilizado também por agricultores convencionais, o Sistema é especialmente adequado para agricultura familiar, agroecológica e orgânica, pois exige pouco investimento, aumenta o rendimento da mão-de-obra e o uso eficiente dos adubos orgânicos. O grande avaliador deste sistema é o próprio usuário, que obtém resultados imediatos, mesmo no início da implantação.

 

Os resultados

Para Alexandre Gabriel Ribeiro, da Unidade de Adaptação de Tecnologia (UAT) Estância Água da Fazenda, produtor de olerícolas diversas, especialmente alface, rúcula e almeirão, a principal vantagem do Sistema é a grande economia de água para irrigação e a redução da compra de insumos externos. “Com a entrada no projeto, reduzi o uso da irrigação em torno de 70% e hoje eu, minha mulher e filha trabalhamos menos e quase não compramos insumos de fora. Antigamente, eu gastava muito com agrotóxicos e arriscava a saúde da minha família”, salienta Alexandre.

Já Maria Izabel Alves, da UAT Quintal do Céu, disse que a entrada no projeto mudou sua vida. Ela estava desanimada com a baixa produtividade da horta e o alto custo dos insumos e pensava em desistir da atividade. “Usando a palha, a muda alta e o ‘bio’ consigo colher frutas, legumes e verduras mais saudáveis, gastando menos. Além disso, fico mais tranquila ao saber que meus clientes estão consumindo produtos sem resíduos de venenos”, declarou a agricultora, que está abrindo sua propriedade para o Turismo Agroecológico como forma de ampliar a renda.  

De acordo com André Diego Albano, da UAT Primus Ranch, o benefício é o rápido desenvolvimento das plantas no campo por meio das mudas altas, sem a necessidade de utilizar adubos químicos, herbicidas e venenos para controlar pragas e doenças. “Atualmente consigo tirar repolho e outros legumes apenas utilizando o biofertilizante com o uso do Sistema PMB”, explicou.

Kátia Aparecida dos Santos Ribeiro, da UAT Sítio Sertãozinho, destaca que, ao aderir ao Sistema e seguir as orientações dos técnicos da Cati Regional Avaré, conseguiu ampliar sua horta e entregar produtos na merenda escolar, por meio da associação. “Atualmente tenho o apoio do meu marido e dos meus filhos no trabalho com a horta. Como não lido com veneno, hoje fico sossegada, pois tenho criança pequena. Estou muito animada e ampliar e diversificar minha produção”, afirmou.

 

Organização

A troca de experiências entre agricultores e técnicos da Secretaria foi potencializada com a adoção da metodologia de ‘visita dos pares’ utilizada como meio de controle social por grupos de Organização de Controle Social (OCS). Quatro famílias das UATs obtiveram o cadastramento no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) da OCS Orgânicos Avaré, ampliando o valor agregado dos produtos em vários programas de compras governamentais, bem como maior garantia da qualidade biológica dos alimentos nos circuitos curtos de produção, comercialização e consumo.

Esta metodologia consiste em visitas periódicas em cada uma das unidades produtivas dos integrantes da OCS, com a presença dos demais agricultores componentes do grupo, técnicos de Ater da Cati, consumidores e demais interessados nos processos de produção sustentável para comercialização local. Permite a construção do conhecimento pelos agricultores e membros do grupo, favorecendo o diálogo com os técnicos da Cati e parceiros do Núcleo nas diversas questões que envolvem a produção, gestão e comercialização.

Com os resultados positivos apresentados recentemente no I Congresso Paulista de Extensão Rural, esta metodologia de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) foi selecionada para compor o “Caderno de Boas Práticas de Ater na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária”. O objetivo é identificar, sistematizar e compartilhar referências inovadoras, com contribuição comprovada na ação de Ater e na implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável e solidário, a ser editado e publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

 

Da Assessoria

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