Neste domingo (11), uma eleição que poderia ter um desfecho tranquilo para eleger a nova diretoria do Conselho Regional de Enfermeiros (Coren), acabou se transformando em um grande tumulto, revolta e grandes filas na Rua Brás de Assis, na Vila dos Lavradores, em um imóvel onde está a sub-sede regional da entidade. Porém, embora o aluguel esteja sendo pago há dois anos, o imóvel está desativado. Foi aberto apenas para que a eleição fosse realizada.
Já no início da manhã formaram-se as primeiras filas na rua em eleição marcada para acontecer no período compreendido entre 8 ? s 18 horas em todo Estado de São Paulo. O detalhe é que fazia 22 anos que a eleição não era realizada. Nos anos anteriores apenas uma chapa concorria e os eleitores votavam pelo correio. Como este ano três chapas foram apresentadas (duas de oposição e uma de situação) o Coren optou pela eleição em diferentes regiões do Estado, seguindo determinação do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que tem sede em Brasília.
Em Botucatu, já no momento da apresentação dos profissionais de Saúde para votar aconteceu a primeira confusão. Na sub-sede, os fiscais do Coren colocaram três pontos de votação: um para enfermeiros, outro para técnicos em enfermagem e um terceiro para auxiliar de enfermagem. Os enfermeiros com número muito inferior de eleitores, não enfrentaram problemas, ou seja, chegavam, entravam e votavam, enquanto a fila nos outros dois pontos aumentava, significativamente. Com isso, houve a revolta das pessoas que ficaram mais de quatro horas na fila para votar, ficado expostas ao forte calor, sem água e sem banheiro.
Estava previsto para votar em Botucatu algo em torno de 8 mil eleitores, que vieram de várias cidades da região como Avaré, São Manuel, Laranjal Paulista, Conchas, Pardinho, Itatinga, entre outras. Porém, centenas de pessoas deixaram de votar já que ? s 18 horas a eleição foi encerrada pelos fiscais do Coren e houve a tentativa de invasão no prédio.
A Polícia Militar teve que intervir e proteger os fiscais que foram conduzidos ao Plantão Permanente e explicar todo o tumulto e lavrar o Boletim de Ocorrência (BO) para salvaguardar os direitos dos profissionais. A demora maior foi para conferir a listagem das pessoas que aguardavam na fila. O pior de tudo é que os eleitores não poderiam deixar de votar para não ter que pagar uma multa de R$ 200,00 e muitos profissionais haviam saído do plantão de 12 horas de trabalho e ido direto para o local de votação. Outro dado é que a grande maioria sequer conhecia componentes das chapas que estavam disputando o comando da Coren, para o próximo triênio.
Na verdade não conheço ninguém e estou aqui só porque sou obrigada a votar para não pagar a multa. Não sou contra a eleição, mas a coisa deveria ser mais bem organizada. Tem gente ficando mais de quatro horas na fila, reclamou a técnica em enfermagem, Isadora Gomes. Antes, a gente votava pelo correio e não tinha problema. Temos três chapas concorrendo e a maioria que vota não conhece nenhuma, emendou auxiliar de enfermagem, Terezinha Fátima de Barros.
Para Jesse James Alvarado, auxiliar de enfermagem, o Corem não se capacitou para realizar a eleição. Foi lamentável em todos os sentidos o que aconteceu. O despreparo foi latente e por causa dessa desorganização, muita gente que enfrentou a fila por várias horas não conseguiu votar e agora será necessário justificar o voto para não ter que pagar a multa, disse Alvarado.
Ele está organizando um abaixo-assinado colhendo assinatura das pessoas que não conseguiram votar. Tivemos pessoas que saíram do plantão, outras que iam iniciar plantão, além de deficientes e gestantes, que tiveram que passar por tudo isso e no empurra-empurra, teve gente agredida e passando mal por causa do calor. Muitos vieram de outras cidades da região somente para votar e levaram uma imagem ruim, frisou Alvarado.
{n}Outros pontos{/n}
O interessante é que em outras cidades do Estado, como Bauru, onde a votação foi na Escola Técnica Estadual (Etec), os mesmos problemas foram detectados por conta da desorganização, tumulto, discussões e revolta da categoria A situação chegou a tal ponto que por volta das 11 horas, havia informações de que o Coren poderia anular a eleição porque o tumulto estava acontecendo em todo o Estado de São Paulo, o que acabou não acontecendo.
A assessoria de imprensa do Coren atribuiu o tumulto ocorrido na votação ? s duas chapas de oposição. Segundo a nota houve atraso no processo em razão da agitação que foi promovida nas seções eleitorais, intimidando profissionais convocados para atuar na eleição.
Outra explicação foi com relação ? s eleições não terem sido feitas pelo correio, como nos anos anteriores. A justificativa foi que o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que tem sede em Brasília, vetou a votação por correspondência, alegando que o depósito de voto em urna pelo próprio profissional tornaria inquestionável a lisura do processo eleitoral. Em processos eleitorais anteriores, apenas uma chapa se habilitava para o pleito.
O presidente em exercício do Coren, Edmilson Viveiros, disse que os tumultos foram provocados por ativistas e atingiram várias cidades com seções eleitorais – incluindo Botucatu. Com relação ? multa o Conselho garantiu que só será aplicada ao profissional que não apresentar justificativa para a abstenção, no prazo de 120 dias. Para a votação, segundo Viveiros, foram distribuídos 55 locais em todo o Estado de São Paulo.
Fotos: Valéria Cuter
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