João Gabriel Olímpio tem apenas 14 anos, mas carrega o pesador fardo de um sofrimento causado pela hidrocefalia. Ele é morador no bairro Parque Marajoara e recebe atendimento da APAE em Botucatu.
Até aí, dentro do possível, tudo bem. Ocorre que há aproximadamente 7 anos, João vem sofrendo uma estranha deformação nos pés, o que aos poucos vai tirando a possibilidade de executar um dos únicos movimentos independentes, o de andar. O sofrimento da mãe, Helenice Jana Olímpio é enorme.
“Eu levo meu menino há 10 anos na Unesp e de uns anos para cá ele tem apresentado deformações no pé. Ele tem caído bastante, ultimamente se apoia no tornozelo para pode ser locomover e chora muito de dor, sofre demais”, conta a mãe.
Agitado, João se bate muito e, por consequência, agride, ainda que involuntariamente, a mãe ou quem estiver por perto com tapas e beliscões. Ela apenas quer que o filho seja operado, para que volte a andar normalmente dentro das limitações.
“Toda vez que tem consulta na Unesp, chego lá 7 horas, horário que mandam a gente chegar, mas vou ser atendida para lá das 10 horas. As pessoas olham que é difícil segurar meu filho por tanto tempo e começam a pressionar os médicos para que ele seja atendido antes. Eu sofro com as batidas dele nessa espera longa”, diz Helenice.
Ela ainda relata que após longas horas de espera, o atendimento é rápido e sempre têm frustrada a expectativa de cirurgia para o filho. “Ele é atendido, mandam ele andar sem a roupa e termina a consulta, mandam eu voltar depois de 6 meses”.
A mãe ainda contou para a Reportagem do Acontece Botucatu que recentemente um médico lhe afirmou que a cirurgia seria impossível de ser feita pelo temor do pós-operatório. Segunda ela, os médicos dizem que o paciente é muito agitado e poderia complicar os procedimentos de forma irreversível.
“Mas ele já foi operado da cabeça uma vez, e no pé não pode? Eu levo ele na Unesp desde pequeno e primeiro diziam que iriam esperar ele crescer. Depois iriam esperar chegar a adolescência e até agora nada”.
Há aproximadamente 10 dias João Gabriel tomou um tombo na APAE, onde frequenta meio período. Foi atendido por profissionais e fisioterapeutas da instituição. Era quase impossível para a reportagem conversar com a mãe por conta da impaciência de João Gabriel.
“Eu já fui até o Ministério Público, pois mesmo com um hospital aqui, tenho que fazer o tratamento do ouvido dele em Bauru, o que já é uma vida ir até lá com ele, pois o pai perde um dia de serviço, a ambulância vai lotada de gente, vai para outros locais lá e é difícil segurar meu filho. Agora, vou ter que ir para lá de novo por causa do pé dele? Eu sou moradora aqui, pago imposto aqui, tem uma faculdade aqui, hospital aqui e eu quero resolver o problema do meu filho aqui”, diz indignada Helenice.
“Eu só quero que ele volta a andar normalmente. Uma criança que um dia andou e agora está condenada a uma cadeira de rodas porque uma faculdade diz que não pode fazer nada? A última consulta na ortopedia foi no 03 de outubro e eu de novo fui falar com o médico dele e ele disse que se a neuro desse um remédio para acalmá-lo, ele poderia pensar em fazer a cirurgia”, relembra a mãe.
A reportagem do Acontece Botucatu procurou o Hospital das Clínicas para se posicionar sobre o caso. Por meio de sua assessoria, se limitou a dizer que o paciente está sendo acompanhado pela Ortopedia Infantil.
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