Taxa de endividamento se estabiliza, mas inadimplência aumenta no Brasil, mostra pesquisa

Geral
Taxa de endividamento se estabiliza, mas inadimplência aumenta no Brasil, mostra pesquisa 09 novembro 2022

Número de pessoas com contas vencidas já passa dos 30%, segundo dados da CNC

Oito em cada dez famílias brasileiras estão endividadas hoje, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A taxa de  79,2% de lares com dívidas vem em alta desde 2020, no início da pandemia, mas caiu 0,1 ponto percentual em relação ao mês passado, indicando uma tímida estabilidade. Não é o mesmo caso da inadimplência, que cresceu de 30% para 30,3%. Foi a quarta alta mensal seguida, colocando o avanço do indicador no seu maior compasso desde março de 2016.

Para a CNC, o cenário é melhor do que no começo do ano, quando o desemprego estava mais alto e os preços aceleraram. “A geração progressiva de vagas no mercado de trabalho, a queda da inflação nos últimos meses, além das políticas de transferência de renda mais robustas têm aumentado a renda disponível, o que explica a desaceleração da proporção total de endividados”, explicou o presidente da entidade, José Roberto Tadros, em nota.

Na perspectiva dele, o que impede que as dívidas e a inadimplência sofram quedas mais robustas é o alto patamar dos juros no país. “O nível de endividamento alto e os juros elevados pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento, ficando mais difícil quitar todos os compromissos financeiros dentro do mês”, analisou Tadros.

Ainda na análise da entidade, o número positivo da pesquisa é que a proporção de famílias com dívidas atrasadas por mais de 90 dias está caindo desde abril. Em outubro, esse indicador alcançou 42% dos inadimplentes, a menor proporção desde dezembro de 2021.

Nessa conjuntura, algumas empresas, instituições bancárias e mesmo redes de varejo têm começado a organizar mutirões para quitação de dívidas ou regularização de boletos acumulados pelos clientes. Para negociar dívida com a Claro, operadora de telefonia, por exemplo, há até canais específicos, assim como fizeram a Magalu e a Casas Bahia, no caso das grandes lojistas do país.

Dados do Banco Central apontam que os juros das linhas de crédito disponíveis no mercado estavam em 53% ao ano na mensuração de setembro.

Essas iniciativas são mais relevantes, no entanto, para bancos e fintechs. Isso porque o cartão de crédito e o cheque especial são as modalidades que mais endividam e enforcam os orçamentos dos brasileiros hoje. Segundo dados da CNC, as proporções de endividados em ambas as formas de contrair recursos no mercado aumentaram em um ano, mesmo tendo as maiores taxas de juros. “Caracterizados pela facilidade no acesso e alta relação com as necessidades de consumo de curto prazo, os dois tipos de dívida foram os mais buscados pelos consumidores que tiveram o poder de compra afetado pela alta da inflação no período”, explica a economista Izis Ferreira, da entidade, em nota.

Já o crédito consignado, um dos tipos de crédito com juros mais baixos (cerca de 25% ao ano, segundo dados do Banco Central), perdeu espaço no endividamento dos brasileiros: 5% do total de consumidores endividados tem dívidas consignadas atualmente, ante 7% em outubro de 2021. A perspectiva é que essa proporção cresça em razão da contratação desse tipo de crédito pelos beneficiários do Auxílio Brasil. Entre setembro e outubro, a pesquisa mostrou que o endividamento no consignado teve a primeira alta em cinco meses, com avanço de 0,1 p.p.

Na divisão geográfica, o Sul é a região mais endividada do país. Dos cinco estados com os maiores volumes de consumidores endividados, dois estão ali: é o caso do Paraná, em que 96% das famílias estão nessa situação, e do Rio Grande do Sul, onde esse percentual chega a 91,9%. Em seguida estão três estado sudestinos, começando pelo Rio de Janeiro, onde 89,7% dos lares possuem dívidas. Na seguida estão Espírito Santo, com 88,5%, e Minas Gerais (87,2%).

No Nordeste, porém, é onde estão os estados mais inadimplentes. A Bahia lidera nesse quesito, com 43,7% de famílias com contas atrasadas, seguida pelo Rio Grande do Norte (42,4%), por Minas Gerais (42,2%), Ceará (41,9%) e Roraima (38,5%).

O Ceará, porém, viu uma queda expressiva de 4,3 p.p. na proporção de consumidores com dívidas atrasadas em outubro na comparação a setembro. No entanto, são os consumidores cearenses que indicam ter mais dificuldades em quitar suas dívidas.

Compartilhe esta notícia
Oferecimento
BERIMBAU INST MOBILE
Oferecimento