Para suprir a demanda atual, o setor possui 62 máquinas dialisadoras
Um serviço imprescindível para manutenção da vida com um volume elevado de atendimentos diários. É desta forma que o Setor de Hemodiálise e Diálise Peritoneal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) pode ser classificado.
Os números evidenciam a grandeza da área. Entre os meses de janeiro e agosto de 2023, foram aproximadamente 20.000 sessões de hemodiálise realizadas em pacientes crônicos e mais de 1.900 sessões de diálise em pacientes com injúria renal aguda.
Para suprir a demanda atual, o Setor de Hemodiálise do HCFMB possui 62 máquinas dialisadoras, oito médicos, 14 enfermeiros(as), 46 técnicos de enfermagem, três nutricionistas, dois psicólogos e uma assistente social.
“A Doença Renal Crônica (DRC) progride de maneira lenta, gradual. E quando chega num estágio mais avançado, quando o rim funciona abaixo dos 15% de sua capacidade, começamos a discutir com o paciente as possibilidades de tratamento para substituir a função renal”, explica a Chefe da Hemodiálise do HCFMB e docente da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB|Unesp), Drª. Daniela Ponce.
Hemodiálise x Diálise Peritoneal
Os dados nacionais apontam a necessidade de políticas públicas sólidas para a área. De acordo com Drª Daniela, 95% dos brasileiros que precisam da terapia renal substitutiva (sem incluir o transplante renal) vão para Hemodiálise e 5% ficam em Diálise Peritoneal.
“A Hemodiálise é realizada num ambiente hospitalar ou numa clínica. A Diálise Peritoneal é uma terapia domiciliar, ou seja, o paciente realiza na casa dele”, explica. Drª Daniela lembra que para realização da Diálise Peritoneal é necessário compartilhar o tratamento com o próprio paciente e/ou familiar.
No procedimento de Hemodiálise o sangue do paciente é retirado e direcionado à máquina, que promove a limpeza sanguínea, e este mesmo sangue retorna para o organismo do paciente.
Na Diálise Peritoneal o sangue não sai do corpo do paciente. É o líquido da Diálise que entra, fica em contato com o capilar e num maior período de tempo, por isso o procedimento costuma ser realizado à noite, quando o paciente dorme.
Desafios
Não são poucos os obstáculos enfrentados pelos profissionais que atuam na linha de frente da Diálise. Com a finalidade de minimizar os impactos provenientes da doença renal no Sistema Único de Saúde (SUS), priorizar a prevenção e o diagnóstico precoce é importante alternativa. “Hoje existe tratamento (medicamentos) para atenuar a progressão da doença renal evitando a diálise”, explica Drª Daniela.
Pessoas que vivem com obesidade, hipertensão e diabetes precisam realizar acompanhamento para controle da função renal. “Como a doença é crônica, ela é insidiosa e gradual. O paciente não terá sintomas; os sintomas aparecem quando a doença está no estágio mais avançado”, frisa a especialista.
Crise Humanitária na Diálise
Um levantamento realizado recentemente com secretarias estaduais de Saúde aponta aproximadamente 1.500 pacientes aguardando vagas em clínicas de diálise — em apenas oito estados da Federação e no Distrito Federal.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, todos os anos, cerca de 50 mil novos pacientes precisam de hemodiálise no Brasil. A situação é tão grave que já é classificada por especialistas como uma crise humanitária.
“Hoje temos aproximadamente 10.000 pacientes que aguardam o início do tratamento dialítico em nosso País. No Estado de São Paulo, há uma estimativa de 1.000 pacientes nesta condição”, finaliza Drª. Daniela Ponce.
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