
Concessionária é responsável pela Marechal Rondon, que corta Botucatu, e acumula 117 pendências, segundo o TCE

*Reportagem atualizada às 12h00 para inserção da nota da concessionária
Um levantamento do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) revelou que mais de 560 obras estão atrasadas em rodovias concedidas à iniciativa privada. A campeã em pendências é a concessionária Rodovias do Tietê, responsável por trechos da Marechal Rondon, que corta Botucatu e liga 25 cidades entre Bauru e Campinas. São 117 obras que já deveriam ter sido concluídas, mas seguem incompletas.
As intervenções previstas têm como objetivo melhorar o tráfego e garantir mais segurança nas estradas, mas a demora na entrega está trazendo ainda mais transtornos para os motoristas. Em nota, a Rodovias do Tietê alegou que os atrasos são reflexo da grave crise financeira enfrentada pela empresa, que atualmente está em processo de recuperação judicial.
Na prática, os motoristas que trafegam pela Marechal Rondon enfrentam obras paradas, desvios mal sinalizados e trechos de pista em más condições. A situação preocupa moradores de cidades como Botucatu, que dependem diretamente da Rondon para deslocamentos regionais e escoamento de produção.
De acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), as concessionárias são obrigadas a cumprir os prazos estabelecidos em contrato, independentemente de problemas financeiros ou imprevistos durante a execução. A agência informou que está em processo de repactuação dos cronogramas com as empresas, mas não divulgou a lista completa das obras em atraso.
Apesar das justificativas das concessionárias, especialistas alertam que o Estado precisa intensificar a fiscalização desses contratos de longo prazo. “Em concessões de 20 a 30 anos, a única certeza é que as condições vão mudar. O acompanhamento constante é fundamental para que o serviço não fique à deriva”, afirma André Luiz Marques, especialista em gestão pública.
A Rodovias do Tietê ainda não apresentou novo cronograma de entrega das 117 obras atrasadas. A empresa foi procurada pela reportagem para comentar a situação e enviou a seguinte nota, que você lê na íntegra:
Compartilhe esta notíciaEm resposta ao questionamento, a Rodovias do Tietê informa que os atrasos verificados nas obras decorrem do cenário de crise econômico-financeira pelo qual passou a Concessionária, que se encontra em processo de Recuperação Judicial desde novembro de 2019.
Cabe destacar que o Plano de Recuperação Judicial – documento que prevê as condições necessárias a para recuperação da concessão, que envolve a repactuação do cronograma de obras – foi devidamente publicado e homologado em setembro e outubro de 2021, respectivamente. Contudo, a transferência do controle da Concessionária, que era a condição precedente para a execução do Plano de Recuperação Judicial, foi autorizada por parte da Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) somente em fevereiro deste ano. Na sequência, referida transferência de controle foi concluída em março de 2025.
Nesse sentido, apenas a partir de março deste ano a nova gestão pode iniciar as ações necessárias à recuperação da concessão e está, desde então, envidando seus melhores esforços para adotar todas as providencias cabíveis com a celeridade e urgência que o caso requer. Dentre as ações necessárias já iniciadas pela nova gestão, cita-se a repactuação do cronograma de investimentos, questão em andamento junto ao Poder Concedente e à Artesp, e a baixa do processo de Recuperação Judicial, solicitação já apresentada ao juízo competente.
Por fim, a Rodovias do Tietê ressalta que aguarda, ainda em 2025, a aprovação da Artesp para a retomada das duplicações das rodovias Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101) e Mário Dedini (SP-308), obras estas que deverão ser iniciadas conjuntamente, e cujos projetos já se encontram protocolados junto à Agência e aguardam análise.
Assessoria de Comunicação
Concessionária Rodovias do Tietê