Religiosos condenam ato de ‘pastora’ em Botucatu: “Ignorância ideológica e de doutrinas”, diz Padre Emerson Anizi

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Religiosos condenam ato de ‘pastora’ em Botucatu: “Ignorância ideológica e de doutrinas”, diz Padre Emerson Anizi 11 janeiro 2017

 

Atitude de suposta pastora de Botucatu repercutiu em todo o país

O vídeo que viralizou nas redes sociais causou enorme polêmica desde a noite desta terça-feira, 10, onde uma mulher, que supostamente seria pastora de uma igreja em Botucatu, aparece com um machado em mãos destruindo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, entre outros santos. A atitude gerou revolta em líderes religiosos e repercutiu em todo o país.

O Padre Emerson Anizi da Catedral, que exerce a função de Ecônomo da Arquidiocese, disse ao Acontece Botucatu que recebeu com surpresa as imagens. Ele destacou que isso não reflete as ações das Igrejas Evangélicas.

“Em um primeiro momento eu fiquei surpreso, pois nunca refletiu, essa intransigência, esse fundamentalismo, das denominações evangélicas contra a nossa igreja. Pelo contrário, nós sempre tivemos um bom diálogo com o Conselho de Pastores, com as denominações Evangélicas, Protestantes, na sua grande maioria. E foi a primeira vez que vi uma manifestação de agressividade nesse sentido contra uma religião. Então foi uma surpresa, uma realidade isolada de uma fundamentalista e que expressa erroneamente o comportamento”, disse o Padre.

Relação Igreja x imagem

“Ignorância ideológica, uma ignorância de doutrinas”, diz Padre Emerson Anizi

Padre Emerson ainda destacou um ponto importante no caso, que é a questão de adoração perante uma imagem, fato principal de revolta da suposta pastora. O Cônego negou que exista adoração na Igreja Católica, mas sim admiração pela vida de uma pessoa.

“Qual é o relacionamento da Igreja Católica com a imagem? Nós não adoramos imagem, nós veneramos, ou seja, nós temos respeito pela figura que é representada naquela imagem. É como uma fotografia. Você remete uma lembrança como um desafio. Aquela mulher e aquele homem conseguiram viver a proposta da experiência de Deus no amor e no serviço para as pessoas. Então olhar para aquela imagem não é uma adoração, mas me leva a uma reflexão e uma veneração pela vida daquela pessoa. Adorar, nós adoramos somente a Deus”, explicou.

No vídeo, outras pessoas, chamadas de obreiros, aparecem apoiando a prática. É possível ouvir a voz de um homem se referindo à imagem da Santa como “inimigo”. O vídeo foi compartilhados por milhares de pessoas.

Para o Padre Emerson Anizi, o fato mostrou ignorância por parte das pessoas que praticaram o ato. Para ele, foi uma realidade grosseira e fundamentalista.

“Diante desse ato também tem uma ignorância ideológica, uma ignorância de doutrinas, além de uma realidade, um fundamentalismo desrespeitoso e grosseiro. Esse foi o primeiro impacto, de surpresa. Nunca tivemos problemas com as igrejas evangélicas”. Lamenta o Padre.

Para o Reverendo Clayton Leal da Silva, Igreja Presbiteriana Independente – Catedral Evangélica de Botucatu, há que se separar os evangélicos preparados de forma acadêmica e espiritual, dos que se intitulam representantes dessa doutrina.

“É preciso esclarecer a origem e a pessoa do vídeo que mostra “suposta” pastora marretando uma imagem de Santa. Ser pastor(a) é algo que nós presbiterianos independentes prezamos muito e tratamos com a devida seriedade espiritual e acadêmica. Alguém, para ser ordenado(a) pastor(a), precisa fazer uma faculdade e provar no campo que tem habilidades e, só depois disso, no mínimo, depois de 5 a 6 anos, é que alguém é ordenado(a) ministro(a) da Palavra e dos Sacramentos. Por isso, é preciso esclarecer porque não podemos ser colocados todos(as) juntos e misturados(as) no mesmo balaio com alguém que martela imagem de Santa. Os ensinos de Jesus não são para a destruição do semelhante. Jesus ensinou-nos a amar e a respeitar o nosso próximo e não a marretá-lo. Há diferenças entre as crenças? Claro que há. Mas o nome de Jesus nunca nos deu direito de faltar com o respeito e a consideração necessária. Lembro de uma máxima antiga: “nas coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as coisas, amor”. Por isso, pelo menos em nome da nossa Igreja, peço a Irmandade Católica Romana que nos perdoe por tão grande ofensa demonstrada por gente que se diz evangélica, mas que ainda não compreendeu a essência do Evangelho de Jesus”, salienta.

Conselho de Pastores se manifesta e lamenta através de nota

Por meio de nota, o Conselho de Pastores da Cidade de Botucatu afirma que “não esteve envolvido e nem apoia nem uma prática de intolerância religiosa.

“Venho por meio desta nota afirmar que o Conselho de Pastores da Cidade de Botucatu não esteve envolvido e nem apoia nem uma prática de intolerância religiosa. Fazendo dessa nota um pedido de perdão aos nossos irmãos e amigos católicos que se sentiram ofendidos com o vídeo de uma prática isolada que está circulando nas redes sociais.
Seguimos em pregar as boas novas de Jesus Cristo o Salvador de acordo com as sagradas escrituras preservado acima de tudo o amor é respeitado ao próximo”, afirmou Paulo Cruz, Secretário do Conselho de Pastores de Botucatu.

Repercussão nacional  

Repercussão nacional: Site da Veja dá amplo destaque ao caso

O fato repercutiu nacionalmente não apenas nas redes sociais, mas também na imprensa. Veículos como G1, Rede Globo, Revista Veja e Correio da Bahia deram amplo destaque ao fato.

O site da Veja descreve as falas que chocaram a opinião pública. “Quebra toda obra contrária. Teu nome seja glorificado, senhor, Aleluia Jesus, abençoa senhor meu pai. Essa obra feita pelas mãos do inimigo, senhor, agora está sendo quebrada, senhor meu Deus e meu pai, em nome de Jesus”, prega um dos homens no local.

A Veja ainda cita um caso semelhante que ganhou notoriedade em 1995, quando o bispo Von Helde, da Igreja Universal do Reino de Deus, chutou uma imagem de Nossa Senhora em pleno culto, que era transmitido pela TV Record.

O caso gerou muita polêmica e fez com que Von Helder deixasse o país – ele retornou em 2014. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, ele foi condenado a dois anos e dois meses de prisão por discriminação religiosa e vilipêndio de imagem religiosa.

 

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