Um fator que vem gerando preocupação na equipe do professor/doutor Carlos Roberto Teixeira, responsável pelo Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (CEMPAS), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu é com relação ao número de animais silvestres que dão entrada no hospital com ferimentos causados por queimadas criminosas que ocorrem com relativa frequência, na zona rural do Município e na região.
De acordo com Teixeira, as queimadas quando não afetam, diretamente, os animais, fazem com quem eles deixem o habitat natural para escapar do fogo e muitas vezes acabam sendo atropelados ao atravessar estradas ou invadindo residências na área urbana. Alguns morrem no próprio local do acidente. Grande parte dos animais atropelados e mortos está em vias de extinção.
É comum recebermos animais como lobos guarás, cachorros do mato, tamanduás, tatus, veados, cobras, aves, entre outros, com fraturas causadas por atropelamentos nas estradas. Alguns nós conseguimos salvar, mas outros, infelizmente, não. Também não são raros os casos de animais que, em razão das queimadas, acabam morrendo intoxicados por inalação de fumaça, dentro das suas tocas, frisa o professor da Unesp.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Botucatu tenente Winckler, ressalta que essa ação de atear fogo em áreas rurais e urbanas acontece com relativa freqüência no Município. O agravante é que muitos proprietários ateiam fogo em suas propriedades para fazer pastagem depois de acelerar o processo envelhecimento da vegetação, utilizado um produto químico conhecido como mata-mato que seca o mato tornando o local muito inflamável.
Além dessas queimadas criminosas existem aqueles ocasionais. Um incêndio de grandes proporções pode ser iniciado por uma simples bituca de cigarro acesa, jogada ? beira da estrada, onde exista, por exemplo, uma plantação de cana de açúcar, que serve de refúgio para animais silvestres. Depois que o fogo se propaga torna-se difícil seu controle em razão da facilidade como a vegetação seca queima, explica Winckler.
O comandante defende a elaboração de uma Lei Municipal específica para punir os proprietários de áreas onde acontece o incêndio. O proprietário tem que zelar pelo seu patrimônio e caso aconteça um incêndio será responsabilizado e arcará com todos os prejuízos que a queimada vier a causar, observa o comandante.
Por isso, continua Winckler, pedimos que as pessoas se conscientizem, pois um incêndio no mato pode se propagar e causar sérios danos ? natureza. Se houver colaboração e conscientização, podemos não eliminar as queimadas, mas, seguramente, conseguiremos diminuir, consideravelmente, essas ocorrências na região, complementou.
Fotos: Valéria Cuter
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