
Trecho do Rio Bonito apontou boa qualidade na medição no ano de 2024. Outros pontos no estado, porém, preocupam

Um relatório divulgado pela ONG SOS Mata Atlântica trouxe um cenário preocupante para os rios que cercam locais com áreas de mata classificadas como pertencentes ao bioma da Mata Atlântica.
Em 145 pontos de coleta, realizada no ano de 2024, distribuídos por 67 municípios de 14 estados, não houve avanço significativo na qualidade das águas dos rios monitorados pela organização, ou seja, não houve melhora nem piora relevante.
No centro-oeste paulista, apenas dois pontos de um único rio foram analisados no estudo: o Rio Tietê, nas proximidades de Botucatu (SP) e Barra Bonita (SP), pelo menos no ano passado.
O estudo agrupa dados fornecidos por medidores locais. No caso de Botucatu, a medição foi realizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) no bairro Rio Bonito, enquanto em Barra Bonita a coleta de dados é feita por alunos da escola do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Entre os apenas 11 pontos que atingiram a classificação boa, está o Rio Tietê, nas proximidades de Rio Bonito, em Botucatu. Já em Barra Bonita, a qualidade da água foi considerada regular, assim como em outros 108 pontos analisados.
Os dados selecionados geram o Índice de Qualidade da Água (IQA), que classifica a qualidade em cinco categorias: ótima, boa, regular, ruim e péssima.
Nenhum dos rios analisados atingiu a classificação ótima. Apenas 7,6% foram classificados como bons, 75% como regulares, 13,8% como ruins e 3,4% como péssimos.
Em entrevista à TV TEM, Gustavo Veronesi, coordenador da causa, explicou que, embora o resultado regular possa parecer satisfatório, ele exige monitoramento e atenção, pois está mais próximo da classificação ruim do que das superiores.
“Em um primeiro momento, pode parecer que é uma coisa legal, uma coisa boa; o regular está quase bom. Mas, em se tratando de rios e sabendo que poluir um rio é muito mais rápido do que despoluí-lo, ficamos em alerta, pois o regular, por um descuido ou descaso, pode voltar a ter uma qualidade ruim novamente”, explica.
Ainda segundo o especialista, a baixa qualidade das águas se deve em grande parte à falta de saneamento básico.
“Quase metade da população brasileira ainda não tem acesso ao que consideramos um serviço básico, o saneamento básico. Como muitos dos nossos pontos de análise estão em áreas urbanas, esse é um fator fundamental. No entanto, outros aspectos também contribuem para essa situação, como o uso excessivo de fertilizantes, especialmente o uso de agrotóxicos nas lavouras, a falta de proteção das nascentes dos rios e a ausência de cuidados com as matas ciliares, as vegetações localizadas nas margens dos rios”, comenta Gustavo.
Os reflexos da baixa qualidade da água já são visíveis. Desde o início de março, um extenso tapete verde formou-se sobre o Rio Tietê, principalmente nas proximidades da eclusa da barragem de Barra Bonita, cobrindo cerca de seis quilômetros com aguapés — plantas aquáticas que têm prejudicado o turismo e a economia da região.
Com informações do portal g1
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