No dia 21 de abril, comemora-se o Dia de Tiradentes. O feriado faz alusão à morte do mineiro Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido na história nacional como Tiradentes, o herói da Inconfidência Mineira. Vamos relembrar essa história.
Na manhã de 21 de abril de 1792, ele foi morto enforcado em praça pública, no Rio de Janeiro. De todos os envolvidos nesse movimento de conspiração contra a Coroa portuguesa, apenas Tiradentes foi executado.
Seu corpo foi esquartejado e pregado em postes pelas ruas de Minas Gerais. Apesar de alguns estudiosos defenderem que essa foi uma manobra de Portugal para desmerecer o movimento da Inconfidência Mineira e dar a entender que tudo não passou de uma aventura de um “dentista desequilibrado”, ele acabaria virando herói nacional.
No século 19, o movimento republicano o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista, fazendo prosperar as pinturas que o aproximam da imagem de Cristo. O 21 de Abril se tornou feriado nacional em 1890, logo após a Proclamação da República. Sua imagem como militar patriota foi exaltada tanto pela ditadura de 1964-1985 como pelos movimentos de esquerda, que o consideravam um símbolo de rebeldia (Guia do Estudante).
Quem foi Joaquim José da Silva Xavier
“Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de “Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram perdoados pela Coroa Portuguesa.
De uma família de origem humilde, Joaquim José nasceu na Capitania de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Com a morte prematura dos pais, Joaquim José precisou exercer inúmeros trabalhos ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu o apelido de “Tiradentes”.
Ele também havia trabalhado na mineração, porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.”
“A figura de Tiradentes permaneceu esquecida durante o resto do período do colonial e também no período imperial, principalmente pelo caráter republicano dos envolvidos na Inconfidência Mineira, como afirma o historiador Boris Fausto:
O episódio [Inconfidência] incomodava, pois os conspiradores tinham pouca simpatia pela forma monárquica de governo. Além disso, os dois imperadores do Brasil eram descendentes em linha direta da Rainha dona Maria, responsável pela condenação dos revolucionários|1|.
A imagem de Tiradentes como herói foi construída com a Proclamação da República. Os republicanos desejavam exaltar as figuras de republicanos brasileiros em contraposição aos tempos de monarquia e, por causa disso, Tiradentes foi escolhido pelo caráter da sua condenação. Republicano convicto, Tiradentes foi exaltado como um mártir do movimento republicano e, portanto, um herói nacional.
Em consequência disso, o dia de sua execução, 21 de abril, foi estabelecido como feriado, e sua imagem passou a ser retratada, muitas vezes, parecida com a de Cristo crucificado, uma forma de relacionar Tiradentes como mártir e herói.” (Fonte: Brasil Escola)
Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma revolta, de 1789, de caráter republicano e separatista, organizada pela elite socioeconômica da capitania de Minas Gerais contra o domínio colonial português. Ela foi baseada nos ideais do Iluminismo e teve influência da Revolução Americana, que resultou na independência dos Estados Unidos.
No século 18, Minas Gerais era a capitania mais próspera do Brasil, fruto da atividade mineradora, que trouxe riqueza e desenvolvimento para a região. Mas a relação entre colonos e a Coroa não era boa: a elite econômica era contra a política fiscal imposta por Portugal.
Mas devido ao grande volume de extração, o ouro começou a entrar em decadência em Minas e a quantidade de impostos pagos Portugal estava decaindo cada vez mais. Nesse cenário, o Visconde de Barbacena assumiu como governador em 1788, com a ordem de realizar uma “derrama” – mecanismo utilizado por Portugal para realizar a cobrança obrigatória de tributos. Esse foi o estopim para a elite local antecipar os preparativos para a revolta.
Mas não deu certo. Na verdade, a conspiração nem chegou a ser iniciada, pois foi descoberta, após autoridades coloniais em Minas Gerais receberem denúncias sobre a revolta. Todos os líderes da conjuração tiveram suas penas amenizadas, menos Tiradentes, o único que não fazia parte da elite.
Texto: Guia do Estudante
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