
Dona Sônia Aparecida Bicudo saiu de sua casa na Vila Aparecida, em Botucatu, como mais um dia qualquer. Se dirigiu ao banco localizado em frente, onde costuma se sentar já há alguns anos. Mas algo foi diferente. O terreno ao lado, cheio de mato, escondia um visitante inesperado. “Eu senti uma dor muito intensa na coxa. Era picada de escorpião. Me levantei rápido, pedi ajuda, mas não quis ir ao hospital. Foram dois dias com muita dor”, relembra a senhora de 67 anos.
Como não foi ao hospital, seu caso não foi contabilizado nas estatísticas do município. Porém, episódios como esse aconteceram, neste ano, no mínimo outras 98 vezes. Até o momento, a Vigilância Ambiental em Saúde de Botucatu, este número já ultrapassou os 94 casos registrados de 2017. E ainda há possibilidade de piora do quadro no verão de 2019.
Para ajudar na prevenção, reforçar cuidados e elucidar questões referentes ao tema, Antonio Sforcin Amaral, mestrando de doutorado do programa de pós-graduação em Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da Unesp, campus Botucatu; Antonio L. Castilho, professor do Departamento de Zoologia do IB; e Dr. Vidal Haddad, do Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) elaboraram um folheto bastante didático e com informações relevantes à população.
O material, intitulado “Escorpiões: Velho Conhecidos, Novos Problemas”, será distribuído no município de Botucatu e região. “O aumento da temperatura global e a falta de controle sobre a reprodução de escorpiões estão causando sérios problemas. O número de picadas e a presença de escorpiões-amarelos vêm apavorando a população. Esses fatos coincidiram com uma crise de distribuição do soro contra o veneno e a somatória de tudo isso causou mortes, principalmente de crianças”, ressalta o Dr. Vidal Haddad.
Não há controle químico que funcione contra estes animais. Portanto, a limpeza dos locais, evitando acúmulo de detritos, madeiras e restos de demolição, ajuda a impedir o crescimento do número de escorpiões. “Em um campus predominantemente da área biológica, é nosso dever fazer a limpeza das áreas. Esperamos que o folheto seja útil para toda a nossa comunidade”, afirma o médico.
Dr. Haddad salienta que as picadas costumam ser graves apenas em uma minoria de casos – mesmo nas crianças – e que hoje o soro está disponível nos Prontos Socorros da Cidade. “No campus, há um aumento dos escorpiões-amarelos, mas quase não aconteceram picadas. Isso ocorre, na maior parte das vezes, em crianças dentro de casa. O folheto traz informações importantes de como evitar que os animais se criem e medidas de primeiros socorros para acidentes”, finaliza.
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