Tumor é comum em cães e gatos e o tratamento precoce é essencial para uma boa recuperação. Veja como reconhecer os sinais.
É comum que cães e gatos tomem banho de sol durante as manhãs e tardes mais preguiçosas, mas você sabia que a exposição solar em excesso pode prejudicar o seu pet?
Assim como nos seres humanos, esses bichinhos de quatro patas também são suscetíveis ao aparecimento de tumores, incluindo os de pele.
As causas são variadas, incluindo até mesmo fatores genéticos, mas a exposição à radiação solar merece atenção redobrada, principalmente nos meses de verão, em que a radiação ultravioleta é ainda mais agressiva. Mas mesmo no inverno, ainda mais como o de cidades do interior que costuma ser menos frio e ainda ensolarado, os cuidados devem ser mantidos.
Os tipos de tumor podem variar entre cães e gatos, mas há dois tipos importantes que aparecem em ambos os casos e possuem grande influência da radiação liberada pela luz solar: o carcinoma de células escamosas e o hemangiossarcoma cutâneo.
A professora Juliany Gomes Quitzan, do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, campus de Botucatu (SP), explica mais sobre a relação da exposição ao sol com a doença:
“A luz solar pode induzir alguns tipos de tumor de pele em cães ou gatos e isso acontece principalmente em áreas do corpo do animal com pele ou pelagem clara, ou ainda em regiões do corpo onde a cobertura de pelos é menos densa”.
Nesse caso, os gatos com pelagem branca e escassa em orelhas, ao redor dos olhos ou narina ou cães com pelagem curta e clara, principalmente na região da barriga, necessitam de cuidados especiais.
De acordo com a professora Juliany, a proteção à radiação ultravioleta, que é facilmente obtida por uma pessoa após passar protetor solar, é ainda mais complicada para os pets, pois eles lambem o produto, sendo necessário a atenção dos tutores com a exposição excessiva ao sol.
Como reconhecer?
É essencial que os donos estejam atentos às feridas no corpo do animal, principalmente porque uma lesão pode não ser apenas uma ferida, especialmente em áreas improváveis do animal ter se machucado.
Nos cães, é mais comum que as feridas apareçam na região abdominal ou nos membros e, nos gatos, elas são frequentes em volta dos olhos, na ponta da orelha ou na narina. Feridas que sangram, aumentam e demoram para cicatrizar são especialmente suspeitas. A professora alerta:
“A confusão que acontece com mais frequência é que as pessoas confundem a aparência inicial do tumor com uma ferida e posterga a consulta ao veterinário. Porém, o tratamento na fase inicial é mais simples e geralmente mais eficaz.”
Outros tumores também podem se manifestar na forma de nódulos, como o mastocitoma em cães. Quando um nódulo surge e aumenta de volume ou quando a pele que o recobre se rompe, é sinal de alerta: pode ser um tumor.
Verrugas em cães mais idosos geralmente não são preocupantes, mas somente um veterinário pode dizer se as lesões são importantes ou não após os exames. A professora ressalta: “Qualquer ondulação na pele deve ser investigada, mesmo que seja macia, pequena, indolor e que, aparentemente, não gera incômodos ao animal.”
A diferença entre tumores malignos e benignos
Do ponto de vista patológico, existem diversos fatores que caracterizam os tumores malignos e benignos. A principal delas é o ritmo acelerado de multiplicação das células e a sua capacidade de invadir outros tecidos.
No caso do tumor maligno, o seu ritmo de multiplicação é acelerado e com maior probabilidade de romper membranas e invadir tecidos ou outros órgãos, chamado popularmente de câncer. Quando esse tumor migra para outras regiões, ele é chamado de metástase.
A distinção dos casos é feita através de exames específicos, que também ajudarão a definir os próximos passos do tratamento.
Tratamento
Na maioria das vezes, independente da classificação, o tratamento para os tumores de pele em animais de estimação é cirúrgico. No caso dos malignos, a recomendação é a intervenção cirúrgica o mais rápido possível.
Quando os nódulos estão em áreas difíceis para a retirada, como nos membros ou na região inguinal (da virilha), o tratamento se torna desafiador. A professora Juliany explica que “na maioria das vezes precisamos tirar uma quantidade de pele maior, que vá além da lesão, para garantir que o tumor não volte. O tumor benigno nos permite, na maioria das vezes, retirar apenas a lesão.”
É possível também utilizar tratamentos adicionais para aumentar as chances de cura, como a quimioterapia e a eletroquimioterapia.
Quimioterapia: é realizada a aplicação do medicamento de modo intravenoso ou oral;
Eletroquimioterapia: é utilizado um equipamento específico que propaga pulsos elétricos até as agulhas introduzidas no interior do tumor, que facilitam a criação de micro poros na membrana da célula neoplásica, aumentando a passagem dos medicamentos quimioterápicos para dentro da célula e otimizando os efeitos no local do tumor.
No Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp de Botucatu (SP), existe uma integração nos serviços de dermatologia, cirurgia de pequenos animais e patologia.
A diferença entre cães e gatos
Para cães, o tumor de pele mais comum é o mastocitoma, que independe da exposição à luz solar. Ele é caracterizado como um tumor silencioso manifestado através de um ou mais nódulos, que geralmente não costumam incomodar o animal. Em alguns casos, os nódulos podem coçar e a pele pode ficar vermelha ou até se romper.
Um outro câncer que acomete bastante os cães e está relacionado à exposição ao sol é o hemangiosarcoma cutâneo e sua versão benigna, o hemangioma. Ambos são similares e aparecem na forma de pequenas verrugas avermelhadas em áreas com pouca cobertura de pelos.
O carcinoma de células escamosas é também um tumor maligno com influência da radiação solar que atinge a pelagem dos cães. Ele costuma ser localmente agressivo e com baixa taxa de metástase, sem predileção por sexo ou raça.
O melanoma, câncer de pele comum em humanos, afeta igualmente os animais de estimação. É raro em gatos mas, como conta a professora, é frequente em cães.
“Quando o melanoma é cutâneo, o prognóstico costuma ser bom. Dependendo da localização, seu comportamento pode não ser tão agressivo. Já os melanomas na cavidade oral ou dígito costumam ser muito agressivos ”.
Para gatos, o carcinoma de células escamosas é o tumor de pele mais comum. É comum manifestar-se em regiões de pouca cobertura pilosa, como cabeça e pescoço – que são áreas muito difíceis de serem abordadas cirurgicamente. A professora salienta que a demora para a realização das cirurgias pode acarretar em uma grande mutilação, como amputações de orelha, narina ou até mesmo a retirada do globo ocular.
O conselho de Juliany para os tutores é ligar para o hospital veterinário e agendar uma consulta em caso de suspeita, pois, quanto antes a medida for tomada, mais seguro o tratamento será. A grande maioria dos tumores cutâneos tem cura e possuem boas taxas de recuperação, fator essencial para a qualidade de vida do pet.
Fonte: g1
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