
A importância de preservar – Restauro da Estação Ferroviária de Botucatu
Texto Pedro Paulo Pacheco


Para entender o conceito de Patrimônio precisamos primeiramente compreender o seu significado, que nada mais é, que o Bem de herança que é transmitido para as gerações futuras, estando ligada diretamente às estruturas de uma sociedade estável, no sentido econômico, jurídico e sobretudo cultural.
Desta forma, originou-se a expressão “patrimônio histórico” que tem seu valor representado por um bem, um marco, um contexto cultural de certo povo ou nação, ou de uma construção, cuja importância identifica a trajetória deste lugar, representando assim o conceito de herança e de propriedade herdada pela sociedade.

Hoje, esta expressão é usada maciçamente na arquitetura como objeto de preservação e resgate, designando um bem de usufruto de uma comunidade, constituído pela continua acumulação de diversos objetos que ligam ao seu passado, como pinturas, esculturas, obras de arte e todos os produtos do saber fazer humano.
Em Botucatu o rico acervo que possuímos, resgata as memorias mais afetivas nos corações botucatuenses e instigam a curiosidade de quem aqui escolheu viver, a estação Ferroviária de Botucatu é o mais belo exemplo dessa arquitetura que remete as lembranças da nossa Terra. Muitos se lembram dos trens, da grande circulação de pessoas, das mercadorias, do som dos vagões deslizando pelos trilhos, das chegas alegres e partidas saudosas.

Desde sua abertura em 1889, essa bela estação causa o impacto do glamour de um ciclo áureo para nossa cidade, uma nostalgia de tempos as vezes mais felizes, de uma grande cidade, que ainda sendo pequena, era já grande dentro dos corações.
A ferrovia causou impactos positivos intensos em Botucatu, somado à existência de uma municipalidade republicana jovem e progressista, que promoveu amplo planejamento viário e de saneamento, conectando a ferrovia às principais fazendas de café, dependendo o seu crescimento diretamente do volume de embarque e desembarque de café e imigrantes.

Para entender mais à fundo o conceito de Patrimônio histórico, precisamos entender sobre monumento histórico, sendo seu sentido original derivado do termo em latim Monumentum, que deriva de monere, advertir, lembrar, aquilo que nos traz lembrança de alguma coisa, de tocar pela emoção, pela memória viva.
“O que lembram, então os edifícios antigos? O valor sagrado dos trabalhos que homens de bem, desaparecidos e desconhecidos, realizaram para honrar seu Deus, organizar seus lares, manifestar suas diferenças. Fazendo-nos ver e tocar o que viram e tocaram as gerações desaparecidas, a mais humilde habitação possui, da mesma forma que o mais glorioso edifício, o poder de nos pôr em comunicação, quase em contato, com elas” – Trecho do livro “As sete Lâmpadas da Arquitetura”, do escritor britânico Jonh Ruskin.
Para Jonh Ruskin, a arquitetura é o único meio que possuímos para mantermos vivo um laço com o passado, ao qual devemos nossa identidade, nós podemos viver sem a arquitetura, mas sem ela não podemos nos lembrar.
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