No fim da tarde desta segunda-feira, apenas uma hora depois de desembarcar no país para a Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco protagonizou nas ruas centrais do Rio de Janeiro uma cena que o mundo não testemunha há mais de 30 anos: um pontífice desfilando em carro aberto fora de Roma.
O trajeto de 20 km/h no meio da multidão, que atemorizava as autoridades brasileiras, foi o ponto alto do primeiro dia da visita papal e uma manifestação prática da política declarada de aproximar a Igreja do povo.
Só depois de saudar as pessoas comuns, Francisco seguiu para a cerimônia oficial de boas-vindas, no Palácio Guanabara, com a presença de autoridades como a presidente Dilma Rousseff. Após a solenidade, recolheu-se ao Sumaré, onde ficou hospedado num quarto simples, já que ele abriu mão de qualquer mordomia. Esta é a primeira viagem internacional do primeiro papa latino-americano. Com ela, o Brasil se torna o único país além da Itália a ter recebido os três últimos pontífices.
A segurança do evento está sendo feita por homens das Forças Armadas, da Defesa Civil e das polícias Civil e Militar. O esquema do Ministério da Defesa mobilizou 15 mil militares. A espontaneidade do novo Pontífice deu muito trabalho aos homens fizeram a segurança de sua chegada ao Brasil.
Dispensou a blindagem do papamóvel e desfilou pelas ruas do Rio de Janeiro num carro comum (Fiat Idea) e com os vidros abertos, interagiu com o público, cumprimentou fiéis e beijou crianças. Depois dessa atitude do papa, espera-se que haverá outras quebras das regras do protocolo.
A decisão de manter o contato direto com o povo foi do Papa, que insiste ter chegado o momento de a Igreja sair para as ruas. Para estar o mais perto possível do seu rebanho, ele tentará fazer todos os discursos, missas e homilias em português, conforme funcionários do Vaticano.
O papa Francisco também deverá cobrar da classe política, no Brasil, que deixe de oprimir o povo por interesses egoístas e assuma suas responsabilidades por criar uma sociedade justa, segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Francisco tem surpreendido os fiéis desde o primeiro dia do conclave, quando abriu mão de certos confortos ao regressar da Capela Sistina, já como papa, preferiu a van dos cardeais ao invés de carro privado. No elevador da Casa Santa Marta, quando todos abriam espaço para que ele subisse sozinho, Francisco disse: Por que, se cabem tantos?
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