O padre Marcelo Henrique do Prado, pároco da Igreja São Benedito e da capela São José tomou algumas medidas recentes que geraram certa polêmica entre uma parcela da comunidade, como a interrupção da missa no asilo, Banco de Remédios, fechamento do estacionamento da igreja, tirar a imagem de São Benedito do altar ou benção dos dizimistas.
A reportagem do Acontece procurou o padre responsável pela igreja São Benedito para que ele esclarecesse alguns pontos que o fizeram tomar determinadas atitudes que vieram a gerar reclamações de fiéis.
{n}Missa no asilo{/n}
As missas eram realizadas aos sábados e eu entendi que nas missas vinham pessoas de outras regiões da cidade. Em novembro do ano passado encaminhei uma carta ao nosso Arcebispo Dom Maurício Grotto de Camargo e ? diretoria do asilo, sugerindo uma mudança no dia, deixando a diretoria ? vontade para escolher o que seria mais conveniente para agregar a comunidade que mora na vizinhança e mais adequada aos idosos. Desde que cheguei aqui há um ano e meio, constatei que a missa aos sábados é freqüentada apenas por pessoas distantes da paróquia. Com isso a gente não conseguia agregar a comunidade, fazer eventos, formar um grupo de oração para dar assistência dos asilados. Então, a população que mora nas imediações do asilo não freqüentava a missa aos sábados. As pessoas vinham de carro, de outros lugares, assistiam a missa e iam embora sem visitar aos idosos, sem saber as necessidades do asilo. Chegamos a conclusão que aquela missa aos sábados não era necessária e comuniquei isso ao nosso Arcebispo e ? diretoria do asilo, pedindo que fosse escolhido outro dia e horário da semana de segunda a sexta-feira, que fosse melhor para comunidade e para os idosos. Só que até hoje eu não obtive resposta. Dom Maurício aconselhou que eu mesmo escolhesse o dia para celebrar a missa. Então, vou procurar saber qual será o dia mais adequado para os idosos e celebrar a missa.
{n}Estacionamento fechado{/n}
Essa Praça, a exemplo da Praça da Catedral, é propriedade da Arquidiocese de Botucatu, portanto propriedade particular. Nós entendemos que o estacionamento da praça deve estar servindo, principalmente, aos paroquianos, para fins religiosos, mas não era isso que estava acontecendo. Como nós estamos dentro de um centro comercial e o estacionamento era utilizado por pessoas que vinham resolver seus assuntos particulares, fazer compras ou ir a médicos e cabeleireiros. Quando os paroquianos chegavam, não tinham onde estacionar. Chegamos a conclusão de que algo que deveria servir para uso da comunidade paroquiana, não estava sendo útil. Havia carros que ficavam o dia inteiro estacionados. Por isso, tomamos a decisão de fechar o estacionamento e abrirmos somente 40 minutos antes do início das missas.
{n}Banco de remédios{/n}
No início de 2009, nós entramos em contato com a diretoria do Banco de Remédios, que funcionava em um imóvel da paróquia, em frente ? igreja e fizemos o questionamento se havia necessidade dele. Já que a secretaria de Saúde, assim com os órgãos estaduais e federais, distribuem remédios gratuitos ? população, sem falar dos médicos que distribuem amostras grátis. Então, nós só questionamos se o trabalho era necessário, porque a gente precisava da casa. A diretoria nos informou que sim, que o Banco de Remédios era necessário e havia muita procura, mas entendíamos que o local não era adequado e necessitaria de reformas. Então nos propusemos a arrumar um local com uma estrutura física mais adequada. Procuramos a secretaria de Saúde que sugeriu uma casa nas proximidades do prédio do INSS, na Rua Curuzu para alojar o Banco de Remédios. O próprio Arcebispo Dom Maurício também propôs que eles se ligassem a Cáritas Diocesana, que atende a diversos projetos sociais na cidade. Porém, a diretoria tomou a iniciativa de procurar o Asilo Padre Euclides, que é proprietário de uma casa ao lado da casa paroquial e lá está instalado hoje o Banco de Remédios, ou seja, uma casa acima de onde era antes. Só que esta tem mais estrutura, é mais ampla, mais adequada para atender as necessidades do Banco. Então, na verdade, o Banco de Remédios não foi fechado e está atendendo numa casa que não pertence ? paróquia. Aqui na paróquia, continuamos a receber remédios e encaminhar ? entidade. Então, não expulsamos, não desistimos, não nos desinteressamos, nem mandamos ninguém embora.
{n}Benção do dizimistas{/n}
Eu comecei a fazer a benção dos dizimistas na Paróquia de Laranjal Paulista onde eu trabalhava. Faço isso há mais de oito anos. Aqui em Botucatu estamos fazendo desde janeiro deste ano. Quando eu faço a benção e chamo os dizimistas para virem até o altar receber a benção, não estou, de maneira nenhuma, menosprezando ou criticando quem não é. Nós mudamos o sistema do nosso dízimo. As pessoas se identificam como dizimistas numa listagem e retiram um envelope na secretaria. Ela coloca nesse envelope a quantia que quiser, de acordo com a consciência dela. Esse envelope é devolvido, mas não é assinado. Então, nós não sabemos quem deu dois reais ou quem deu 200 e ambos têm o mesmo valor, pois são dados com fé. Quando a gente chama os dizimistas na frente do altar é uma maneira que a gente tem de agradecer. Quem não é dizimista, não pode se sentir excluído da benção. Isso não significa que a gente quer obrigar a pessoa a ser dizimista. A pessoa que frequenta a igreja e não quer ser dizimista, vai continuar não sendo e receber o mesmo tratamento. Terá a mesma palavra de Deus, a mesma pregação, participa da comunhão conosco, recebe todos os sacramentos, é abençoada ao final de cada missa. Não vejo razão de uma pessoa ficar dentro da igreja participando das orações e se constrangendo por uma benção de agradecimento.
{n}Mudança de religião{/n}
Acredito que esta proliferação de seitas é um fenômeno religioso que não existe somente no Brasil. O ser humano tem buscando o sentido de sua existência. O vazio das pessoas tem sido muito grande e elas buscam algo que lhes dê prazer e querem encontrar o que elas buscam, o que elas querem ouvir. Na religião é a mesma coisa. Acredito que se um católico deixa a igreja para buscar outra seita é porque não era católico de verdade.O católico ativo, integrado, satisfeito, não muda.
{n}Imagem de São Benedito{/n}
A imagem de São Benedito havia sido retirada do presbitério do altar para ser restaurada. Agora ela já foi recolocada no nicho e vai ficar ao lado da imagem de Nossa Senhora do Rosário que é co-padroeira da igreja. No lugar onde estava a imagem de São Benedito vamos colocar a imagem do Divino Espírito Santo, que está sendo confeccionada em madeira e logo será colocada no nicho mais alto do presbitério do altar.
{n}Quem é o padre Marcelo Henrique do Prado{/n}
O Padre Marcelo Henrique do Prado tem 39 anos e é natural de Botucatu, nascido e criado na Vila Maria. Desenvolveu aqui os seus estudos fazendo o 1º grau na Escola Estadual Dr. Armando Salles de Oliveira e o 2º no Colégio La Salle, antes de entrar para o Seminário, aos 15 anos de idade, onde permaneceu até ser ordenado sacerdote. Fez licenciatura em filosofia e bacharelado em teologia, curso para formadores de reitores de Seminário, em Roma, na Itália e por dois anos foi reitor do Seminário em Botucatu e em Marília. Fez mestrado em direito canônico pela Universidade de Roma e juiz do membro Eclesiástico de São Paulo e juiz e instrutor responsável pela Câmara Eclesiástica de Botucatu e professor do Seminário e responsável dos processos de nulidade matrimonial da Diocese. Responde pela igreja São Benedito e atende a Capela de São José, que ficam na região central da cidade, assim como a Capela de São Francisco de Assis, na Vila São Bendito e Capela de Santa Cruz, do Cemitério Portal das Cruzes e aguarda a definição da diretoria para continuar atendendo a Capela do Asilo Padre Euclides.
Fotos: Fernando Ribeiro
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