O “Descobrimento”de 1500: Cabral foi mesmo o primeiro a chegar ao Brasil?

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O “Descobrimento”de 1500: Cabral foi mesmo o primeiro a chegar ao Brasil? 22 abril 2025

Outras versões sugerem que o Brasil foi descoberto antes do que nos ensinaram na escola

Hoje, 22 de abril, comemoramos o descobrimento do Brasil. Diga-se que a data não é um feriado nacional, sendo um dia absolutamente normal.

Em 22 de abril de 1500, a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral avistou terras que hoje pertencem ao Brasil. A cena é familiar: o contato inicial com os povos indígenas, a construção de uma cruz, uma missa celebrada por frei Henrique de Coimbra e o envio de uma carta à Coroa portuguesa.

Oficialmente, esse é o marco do “descobrimento” do Brasil. Mas a história, como dizem os bons historiadores, raramente é tão simples quanto parece.

Pesquisadores e estudiosos vêm há décadas questionando a versão tradicional ensinada nas escolas brasileiras. Cabral, dizem muitos, pode ter sido o primeiro a registrar oficialmente a chegada às novas terras — mas dificilmente foi o primeiro europeu a pisar no que hoje é território nacional.

Dia 22 de abril marca a data oficial do Descobrimento do Brasil. Porém, uma versão alternativa da história diz que quem chegou primeiro às terras tupiniquins foi o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, acompanhado de seu irmão Diego de Lepe.  

Segundo relatos, Pinzón desembarcou no litoral nordestino 3 meses antes de Pedro Álvares Cabral. Para alguns historiadores trata-se de um fato com evidências incontestáveis, registros e data certa.

Em novembro de 1499, Pinzón saiu de Palos, no sul da Espanha, chefiando 4 caravelas em direção ao oeste do arquipélago de Cabo Verde, no Oceano Atlântico. Uma tempestade teria colocado as embarcações espanholas do caminho.

No Brasil eles aportaram em janeiro de 1500, mais precisamente no litoral pernambucano, no Cabo de Agostinho. Ocorre que um conhecido tratado na história impediu que os irmãos reivindicassem a conquista para a coroa espanhola.

Outros navegadores no horizonte perante o Tratado de Tordesilhas

Indícios sugerem que navegadores portugueses e espanhóis já teriam chegado à costa brasileira anos antes de Cabral, como escrito acima. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, pode ter sido baseado em informações secretas sobre terras a oeste ainda não divulgadas ao público europeu. Para muitos historiadores, não faz sentido que Portugal tenha aceitado uma linha divisória tão a oeste sem alguma garantia de que haveria território a ser explorado ali.

Além disso, há relatos orais indígenas e mapas antigos que indicam contatos prévios com europeus antes de 1500. Um exemplo é o polêmico Mapa de Cantino, de 1502, que mostra uma representação surpreendentemente detalhada da costa brasileira apenas dois anos após o suposto “descobrimento”.

E os vikings? E os bascos?

Alguns estudiosos mais ousados apontam ainda para a possibilidade de vikings ou pescadores bascos terem alcançado o litoral brasileiro antes mesmo da era das grandes navegações ibéricas. Embora essas hipóteses careçam de provas sólidas, mostram o quanto ainda é nebuloso o verdadeiro início do contato europeu com as terras do atual Brasil.

Descobrimento para quem?

Outro ponto importante é a própria ideia de “descobrimento”. Quando a esquadra de Cabral chegou, estima-se que cerca de 3 a 5 milhões de indígenas já habitavam o território. Eram centenas de povos com culturas, línguas e histórias próprias. Para eles, o Brasil não foi descoberto em 1500 — foi invadido.

O termo “descobrimento” tem sido substituído, em ambientes acadêmicos e em materiais didáticos mais recentes, por expressões como “chegada dos portugueses” ou “início da colonização”. Essa mudança de linguagem reflete um esforço para reconhecer os povos originários como protagonistas de sua própria história.

Reescrevendo a História

A versão oficial do descobrimento do Brasil, como muitas outras narrativas históricas, foi construída com base em interesses políticos, religiosos e econômicos. Questionar essa versão não é negar os fatos, mas enriquecê-los com novos olhares e evidências que continuam emergindo.

À medida que o Brasil avança em debates sobre identidade, memória e justiça histórica, revisitar o 22 de abril de 1500 com um olhar crítico é não apenas relevante, mas necessário.

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